Capítulo 4

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- O que houve? - tínhamos acabado de chegar quando Lo'ak havia percebido o meu mal humor.


- Não consegui pegar nenhum peixe - menti.


- E desde quando você liga para isso?


- Sou o irmão mais velho, ou você já esqueceu?


Nossa mãe já estava terminando de fritar os peixes quando nosso pai havia chegado.


- Algum vestígio deles? - perguntou ela.


- Não - ele parecia tão cansado - E espero não saber ou ver alguma coisa sobre eles.


- Quando o senhor vai nos deixar ir também? - perguntou Lo'ak, ele nunca conseguia ficar de boa fechada.


- Quando eu estiver velho e sem conseguir pensar direito nas coisas - rimos.


Meu irmão revirou os olhos.


- Isso não tem graça, eu já estou pronto.


- Você não escuta ninguém direito, Lo'ak.


- Claro que escuto.


- Sim, a Reya - Tuk estava ajudando a nossa mãe - Parece que ela é a única que tem algum controle sobre você.


- Você anda passando muito tempo com ela, filho - comentou nossa mãe.


- Ela é minha amiga - uma mentira - Ela me ajuda com algumas coisas que ainda não consigo treinar claramente.


Sorri.


- Como respiração boca a boca - todos começaram a rir, até o nosso pai.


- Você é um idiota, Neteyam.


Fiz uma reverência.


- Disponha.


Uma, duas, três flechas no centro do alvo, com toda certeza era muito mais fácil ter controle sobre uma flecha do que de uma faca. Estiquei a corda, a respiração era melhor, a posição, a visão de longe, o mundo ao redor ficava silencioso, parecia inexistente, a única coisa que se ouvia era o som da água, o ar fresco, respire com a barriga, seja flexível, afunde os dedos na areia fria, e simplesmente deixe a flecha voar.

Bem no centro.

- Não seja tão bruto, Neteyam - alertou meu pai - Se concentre.
- Estou tentando - era tão difícil - Por que a mamãe faz parecer tão fácil?
Ele riu.
- Sua mãe é uma ótima caçadora, assim como você, apenas concentre-se. Deixe o arco leve, seus pés firmes - relaxei meus dedos na corda - Observe seu alvo - um peixe - Respire lentamente pela barriga - um...dois... - Deixe os dedos dos seus pés muito bem posicionados na terra - sussurrou ele - E quando você achar que o seu alvo está distraído e na mira o suficiente, simplesmente deixe a flecha voar...

- Cacete! - Lo'ak olhou para mim - Qual o seu problema?


- Você se meteu no meio da flecha - revirei os olhos - Se fosse atrapalhar, pelo menos deveria ter ido mais para a esquerda, assim a flecha pegaria em você - sorri - Ai sim teria um bom motivo para atrapalhar o meu treino.


- Babaca.


- Deveria agradecer por ter um irmão como eu.


- Isso é um pesadelo.


- Por que está aqui?


- Você sabe que amanhã vai ter o ritual para os deuses, certo? - tinha esquecido disso.


- E?


- Bom, Reya vai comemorar com algumas amigas dela, quero te apresentar uma delas, acho que você vai gostar dela.


Franzi o cenho.


- O que te faz pensar que eu vou querer isso?


Lo'ak deu de ombros.


- Você ainda muito mal humorado, talvez uma companhia feminina te ajude com isso.


- Não, obrigado - peguei a flecha do tronco da árvore - Estou bem sozinho.


- Diga isso para si mesmo até se convencer.


- Eu não preciso de ninguém, Lo'ak.


- As vezes todo mundo precisa de alguém, até o Na'vi mais solitário.


Não sabia por que, mas Aonung havia passado pela minha mente naquele momento, mas logo se foi, rápido como uma flecha.


AVATAR 3 - DEPOIS DA QUEDAOnde histórias criam vida. Descubra agora