Capítulo 6

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Uma das primeiras coisas que o meu pai me ensinou foi a agilidade em momentos de pura pressão, e isso era uma das minhas qualidades favoritas em alto mar, os saltos sobre a água, sentir o ar gelado quando subimos a superfície, era como experimentar atirar pela primeira vez, só que com menos chances de você acabar levando um tiro.


Depois que acordamos, Reya teve a brilhante ideia de dar uma volta pelos mares com todos nós, até mesmo com seu primo, Rai'uk. Que particularmente tinha as mesmas características de Aonung, a única diferença era o estilo de cabelo, já que o dele era menor, quando demos uma pausa de alguns minutos, ela teve outra ideia brilhante de nos apresentar bem ali, na frente de todos.


- Ah! Rai'uk, esse é Neteyam. Filho do Jake - ele fez o comprimento sobre a testa.


- Prazer em conhecê-lo - suas pílulas dilataram, ninguém havia percebido? - Aonung me falou sobre você.


Olhei para ele e ergui as sobrancelhas, perguntando em silêncio, Aonung desviou o olhar e fingiu amarrar mais ainda a cela do seu animal.


Ah... isso era novidade.


- Mesmo?


Rai'uk limpou a garganta.


- Quero dizer... você sabe, ele me falou de todo mundo, dos seus irmãos também.


Assenti calmamente.


- Bom... - Lo'ak se aproximou de Rai'uk, sorrindo - Melhor a gente ir - o clima havia ficado meio estranho - Está ficando meio tarde.


Não estava ficando meio tarde, mas eu agradeceria depois a Lo'ak pela ajuda.


Depois que pedi para Aonung me deixar em paz, praticamente, ele não havia conversado mais comigo, e por mim aquilo estava de bom tamanho, estava tudo bem. O mesmo passava mais tempo com o seu primo, e eu particularmente não ficava incomodado com isso, por que ficaria, não é mesmo? Foi exatamente isso que eu havia pedido. E fiquei aliviado por saber que a sua mente estava em outro lugar, ou em outro alguém, mas não em mim mais.


- Não pedi para ele falar aquilo na frente de todos - me assustei abruptamente com a voz de Aonung - Se é isso que está pensando.


- Não estou - ah, se ele soubesse o que eu estava pensando naquele momento...


- E o que está pensando? - enterrei meus pés na areia.


- Em você.


- Em mim?


- Sim - olhei para ele - Em como fazer para você me deixar em paz - e por incrível que parecesse, ele riu.


- Eu não entendo porquê você me afasta toda vez que eu tento me aproximar de você.


Se eu soubesse o motivo, Aonung. Teria dito a você, era exatamente isso que eu queria ter dito a ele, mas não disse.


- Acho melhor você ir - sussurrei - Seu primo deve está procurando por você.


Ele riu.


- Eu não entendo você.


- Não estou pedindo para me entender.


- Por que você é tão grosso comigo?


- Aonung...


- Não, eu só quero que você responda...


- Eu mandei você parar! - olhei para ele - Para de tentar me entender, para de usar motivos idiotas para falar comigo.


Seus olhos continuam a me encarar, confusos, bravos, tristes.


- É isso mesmo que você quer?


Meu coração dizia não, mas minha mente...

Sim.

É melhor escutar a razão do que a emoção.

- Eu nunca disse que queria que você continuasse - Aonung assentiu quando se levantou do meu lado e foi embora.


A pior parte de certas situações é quando você sente que não consegue sair dela, que por mais que você queira um ponto final, a vida sempre, sempre, coloca uma maldita vírgula na sua história, como se você estivesse perdido em pensamentos e dúvidas.

Na maioria das vezes parece que você não controla a sua vida, parece que ela tem vida própria.

Voltei meu olhar para o mundo a minha frente, respirei profundamente e tentei pensar em outra coisa, qualquer outra coisa, menos nele, ou nessa situação a qual ele nós meteu, sim. Se Aonung tivesse ficado calado, na dele, nada disso teria acontecido.


Bati as palmas das minhas mãos na testa, pare de colocar a culpa nele, Neteyam, para de colocar a culpa nele só pelo motivo de está com medo.

Não criei você e seus irmãos com medo, meu filho.

Desculpe por ter desapontado você, pai.


AVATAR 3 - DEPOIS DA QUEDAOnde histórias criam vida. Descubra agora