Capítulo 25

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Eu não sabia que ter filhos lhe dava uma enorme dor de cabeça, que quanto mais você tentava ensinar o certo, mas eles pareciam não ligar, Tonowari estava com 16 anos, mas parecia ter muito menos, o Na'vi era rebelde como o tio era mais novo, as vezes não me escutava como eu gostaria, mas com Aonung o assunto era bem diferente.

Tonowari só não havia se matado ainda por que tinha certo respeito e medo de Aonung, mas eu não tinha por que culpar meu filho mas velho, eu era igual a minha mãe, muito doce e carinhosa com os filhos, sempre passava a mão na cabeça e lhe dava os melhores conselhos, por isso Tonowari não me escutava na maioria das vezes, já Jake tinha 15, era o mais sensato, havia puxado o pai, educado, gentil, sensível na maioria das vezes, ele mal se estressava e me ajudava sempre que podia, já que na maioria do dia ele ajudava Aonung com assuntos do clã.

Depois dos nossos filhos mais velhos tivemos a nossa pequena Tua'k de 14 anos, minha mãe ensinou arco e flecha a Tua'k desde pequena, quando peguei ela no colo pela primeira vez seus olhinhos amarelos se fixaram no meu arco e brilharam de uma forma linda e delicada, eu sabia naquele momento que o seu desejo seria aprender e caçar, e foi exatamente o que ela fez durante 14 anos.

Todos os dias quando minha filha havia completado 3 anos minha mãe acordava cedo para ensiná-la tudo o que aprendeu na mesma idade, respiração, movimento, agilidade, cuidado, concentração, inteligência, e o mais incrível é que Tua'k aprendeu rápido demais, foi inacreditável para todos nós.

Ela corria mais do que os outros quando iam caçar, sua pontaria era a melhor de todas, até melhor que a da sua avó, sua inteligência era totalmente fora do padrão, e quando ela completou seus 10 anos foi nomeada a melhor caçadora do clã Metkayina, e não por que ela era filha do líder, mas por que ela havia merecido.

Mas o título tinha suas vantagens e desvantagens, ninguém queria caçar com ela por que diziam que nossa filha não era uma Na'vi de verdade, que sua força e agilidade eram fora do comum, aquilo me incomodava e me deixava puto pra caralho, mas ela não ligava, Tua'k parecia uma máquina de caçar e continuava mesmo os outros dizendo que ela era um demônio de caçada.

Tonowari se metia em brigas a cada minuto do dia por conta dos insultos que a irmã levava, assim como Jake tentava não entrar em muitas brigas por causa disso, na verdade, ele nunca entrou em nenhuma. Aonung nunca soube que isso acontecia com a nossa filha, se ele sonhasse...

- Eu não preciso que você me defenda! - Tua'k disse certa vez - Eu posso me defender sozinha.

- Eu vi como você se defende sozinha, deixando os outros zombarem de você - rebateu Tonowari.

- Eles querem atenção, exatamente como você está dando - ela exibiu os dentes - E você como um idiota está dando todo o crédito a esses imbecis - eles estavam conversando em Na'vi.

- Estou agindo como irmão mais velho e é assim que você me agradece?

- Não, você está agindo como um burro arrogante, como sempre.

- Tua'k - repreendi.

- Não preciso que me defenda.

Ela tinha o meu temperamento quando eu era mais jovem, quando as coisas saíam do controle e eu não sabia o que fazer, Tua'k e Tonowari se pareciam muito comigo na questão de aparência, mas Tonowari era idêntico a Lo'ak quando mais novo, era inacreditável.

- Não sei o que fazer com Tonowari - estávamos sozinhos na nossa tenda - Agora eu sei o que meu pai passava com Lo'ak.

Aonung passou as suas mãos pelos meus ombros.

- Ele é só um adolescente de 16 anos, Neteyam, essa fase vai passar.

- Quando? - suspirei - Não quero que eles cometam os mesmos erros impulsivos que eu cometi quando era mais novo.

- Tipo fugir para uma ilha que você nunca havia pisado na vida?

Lhe dei um soco no estômago, o mesmo riu.

- Isso não tem graça, Aonung.

- Não se preocupe, Tonowari me escuta, você sabe disso.

- Só não sei até quando.

Quando eu estava grávido pela primeira vez foi assustador, eu não sabia o que fazer e Aonung muito menos, ele só sabia entrar em pânico a cada 1 minuto do dia. Quando nossos pais souberam que iríamos ter um bebê, eu tive a leve certeza que meu pai estava preste a desmaiar junto com Tonowari, Ronal ficou em silêncio por longos minutos até finalmente perceber que a ficha havia caído e que iria ser avó, minha mãe...

Ah, minha mãe...

Ela ficou feliz no mesmo segundo, deu aquele sorriso lindo e perfeito dela e me abraçou.

Quando meu filho mais velho nasceu ela foi a primeira a chorar, depois meu pai e Tonowari, Ronal não derramou uma lágrima, bom, ou foi o que ela queria que pensássemos, mas eu vi uma lágrima escorrendo quando ela escutou o primeiro choro.

O parto foi o pior momento da minha vida, aquilo realmente acabou com metade do meu psicológico.

- Está saindo, finalmente? - perguntei ao médico que estava nos ajudando.

- Vai ter que esperar mais um pouco.

- Mais?! Você acha que eu tenho força pra esperar por mais, porra?

- Neteyam... - Aonung tentou pegar a minha mão, mas eu a apertei com tanta força que eu jurei por um segundo que havia quebrado.

- Cale a boca, não é você que está parindo.

Mas então Tonowari nasceu... quando peguei ele no colo e seu primeiro choro alcançou as minhas orelhas o choro veio forte, ele era tão bonito, tão pequeno e tão frágil nos meus braços, era perfeito.

Naquele momento Aonung se juntou a nós dois e ficamos ali, quietos e observando nosso filho dormir nos meus braços.

- Ele se parece com você - sussurrou ele - Tem os seus olhos.

- Sim... - sorri - Talvez ele tenha o cabelo parecido com o seu.
Rimos.

Havíamos criado uma família linda e completa, e eu não deixaria ninguém fazer mal a eles, ninguém.

AVATAR 3 - DEPOIS DA QUEDAOnde histórias criam vida. Descubra agora