Capítulo 5

6.3K 682 76
                                    

Todos estavam reunidos na areia gelada da praia, as luzes das pequenas plantas iluminava todo o lugar, era lindo como a luz da lua também ajudava na iluminação. Com o decorrer do tempo, todos nós aprendemos a cantar a canção dos Metkayina, era uma canção suave e forte, começava por Ronal e continuava com todos nós, para eles, essa era a forma de agradecer a sua deusa pela proteção e pelo cuidado com seu povo e animais marinhos, principalmente os Tulkun, que foram os mais afetados pelo povo do céu. Obviamente que nossa mãe ainda agradecia por tudo a Eywa.
Depois de todo o ritual, ficávamos sentados por algumas horas apreciando o ar delicioso do luar, conversando e rindo. As vezes eu sentia falta de casa, eu sabia que aquela era a nossa nova casa a muito tempo, mas muitas das vezes era impossível não sentir falta dos Omaticaya, do nosso povo, nossa cultura, de subir nas árvores, de correr com os animais selvagens das florestas, do cheiro das plantas e da terra seca, de ver como tudo se iluminava quando anoitecia.
- No que está pensando? - meu pai sentou ao meu lado, depois de tudo o que aconteceu começamos a ficar mais íntimos, até por que eu era um Na'vi feito.
Olhei para o mar gigante a nossa frente.
- Sinto falta de casa - confessei.
Ele suspirei fortemente.
- Eu também.
Olhei para o mesmo, surpreso.
- Sério?
- Claro que sim, não que aqui não seja a nossa casa agora - explicou ele - Mas eu tecnicamente cresci como Na'vi com os Omaticaya, eles me ensinaram tudo, me acolheram. Eu conheci a mãe de vocês, conheci a Neytiri por dentro, a sua alma selvagem, mas ao mesmo tempo doce e carinhosa - ele sorriu - E vi ela com toda a minha alma.
Engoli em seco.
- E como sabia que estava começando a gostar da nossa mãe?
Seus olhos amarelos e cansados encontraram os meus.
- Eu só sabia - disse ele - Você sempre sabe, filho. A diferença é que você sempre torce para não, no meu caso, eu estava torcendo para sim, e para que ela sentisse o mesmo.
- Nunca teve medo de ser machucado?
- Se você for viver a vida com medo, você só estará existindo, Neteyam - sua mão pousou em meu ombro - O forte em cima do mais fraco, tudo o que eu queria na vida era algo pela qual eu pudesse lutar, e agora eu tenho, por que simplesmente não tive medo - assenti - Não criei você e seus irmãos com medo, meu filho.
E com isso, ele se levantou e foi de encontro a nossa família, todos os dias eu tirava um pouco de tempo para pensar sobre a minha vida, a minha vida. O que eu faria quando meus pais não estivessem mais presentes para cuidar dos meus irmãos, por que querendo ou não, não importava o quanto eles fossem crescidos e com a vida feita, o meu dever sempre seria cuidar deles, não importava o tempo que passasse.
E advinha? Eu ainda não fazia ideia.
- Ei! - escutei ao longe a voz de Aonung - Quanto tempo - olhei para o som da voz e vi uma roda deles conversando, mas tinha um que eu nunca havia visto por aqui.
- Não acredito! - Reya abraçou o Na'vi estranho - Quanto tempo, Rai'uk - todos estavam rindo e felizes - Estávamos morrendo de saudades de você...
- Quem é aquele? - Lo'ak sentou ao meu lado.
- Rai'uk, sobrinho do Tonowari - explicou ele.
- E por que nunca vimos ele por aqui antes?
- Parece que ele não fica muito por aqui, ele geralmente gosta de sair dos mares para caçar - ouvi Lo'ak mastigando alguma comida - E só aparece de vez em quando para matar a saudade da família.
- Por Eywa, pare de falar de boca cheia perto de mim.
- Você perguntou, porra.
- Idiota - resmunguei.
- E por que quer saber?
Dei de ombros.
- Curiosidade - mas era uma grande mentira, dava para perceber que Aonung e Rai'uk eram bastante próximos, e por algum motivo aquilo me deixou bastante... aliviado.

Feliz Natal a todos que tiraram um tempinho de hoje para ler minha fanfic, meus sinceros obrigada. <3

AVATAR 3 - DEPOIS DA QUEDAOnde histórias criam vida. Descubra agora