Capítulo 12

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Eu seriamente não estava ligando para a ameaça de Aonung, eu não tinha medo dele, eu poderia fazer o que bem entendesse da minha vida, e era exatamente o que iria fazer.


Depois de cuidar do peitoral dele, comecei a cuidar da minha perna, não tinha vestígios do ácido graças a Eywa, a grande mãe, só estava um pouco inchada. Passei a folha pelo pequeno rio que tinha perto de onde estávamos e limpei toda a ferida antes de costurar a minha perna, o que não era muita dor, para ser sincero.


Aonung estava dormindo quando peguei algumas frutas e dois peixes para comermos.


- Ande, coma.


- Não estou com fome.


- Você não quer que eu vá ai e enfie a comida pela sua garganta, quer?


Ele se ajeitou melhor na pedra.


- Eu queria outra coisa descendo pela minha garganta - seus olhos estavam meio baixos de cansaço, e aquilo era quente demais.


Revirei os olhos.


- Coma - dei a ele o peixe cru e algumas frutas, já que não podíamos fazer fogo para não chamar a atenção de outros animais, provavelmente o que chamou a atenção do Thanator foi a claridade dele.


Ele começou a comer quando comecei a ajeitar as flechas do meu arco.


- Quando vai me ensinar?


- Não fale de boca cheia - resmunguei.


- Por Eywa, você é tão velho e resmungão.


Peguei a flecha e apontei para Aonung, esticando a corda do meu arco.


- Por Eywa, que vontade de atirar essa flecha no seu rosto.


Ele sorriu.


- Eu te desafio a fazer isso.


Meu coração acelerou.


- Ah, grandão. Você não disse isso.


- Ah, Sully. Eu disse sim.


Aonung da tribo Metkayina era desafiador, rebelde, idiota, babaca, mas era gostoso quando brincava desse jeito.

E aquele pensamento pela primeira vez não me incomodou tanto assim.

- E se eu acertar? O que eu ganho?


Ele sorriu mais.


- Eu - sussurrou - Não sou o bastante?


Estiquei mais a corda e apontei bem no centro do seu rosto... e deixei voar, pegando bem no centro das suas pernas, perto do seu pau. Aonung não tirou os olhos de mim.


- Você errou - ele estava totalmente largado encostado naquela pedra.


- Eu não quero você.


- E o que você quer?


- Seu primo.


Não sei se Aonung não esperava aquela resposta ou ele ficou totalmente surpreso, mas foi engraçado.


- Como é?


- Eu preciso repetir que quero o seu primo? - dei de ombros - Você disse que eu gostava de pau, então, desvendou o mistério.


- É, mas eu achava que era o meu.


- Infelizmente nem tudo é como a gente quer.


- Vem aqui.


- Não.


- Neteyam - todo o meu corpo se arrepiou, ele nunca me chamava pelo meu nome - Agora.

AVATAR 3 - DEPOIS DA QUEDAOnde histórias criam vida. Descubra agora