𝐌𝐞𝐮 𝐣𝐨𝐠𝐚𝐝𝐨𝐫
Mariah Lopez
— O quê você mais sente falta do Brasil?— Faço a pergunta para o moreno, enquanto dou uma grande mordida no meu lanche vegetariano. Cresci com uma imagem paterna, ele me levava para caçar nas roças, peguei um leve ranço da carne animal.
Vini se ajeita no banco de motorista, pensativo.
— Minha família, pô... E você?— Eu não tenho muito que dizer.
— Eu saí do Brasil para fugir da minha família... Eu só podia contar com meu pai e minha avó, depois que meu pai morreu, eu só tinha minha vó... Mas então ela morreu ano passado de covid.— Ainda é difícil falar sobre isso, foi uma morte inesperada.
— Mas e sua mãe?— Dou de ombros. Minha mãe...
— É complicado. Tudo que eu sei é que ela era modelo na época que me teve e... Ela escolheu a carreira.— Nunca cheguei a entrar em detalhes sobre minha família com alguém antes, mas conversar com Vini é diferente, ele se importa.
— Significa que você não sabe quem é sua mãe?
— Exatamente.— Embrulho o resto do meu lanche colocando no saco de papel. Essa história toda fez com que eu perdesse meu apetite.— Meu pai sempre dizia que era melhor eu não saber do que ver ela na internet e ficar me martelando sobre o motivo dela ter me abandonado...— Confesso, colocando o saco de papel no chão do carro.
— Mas o que você acha melhor pra você?— O rapaz faz uma pergunta que me toca. Eu nunca tinha feito essa pergunta para mim mesmo antes. O quê meu pai dizia estava certo, eu levava assim.
— Papai estava certo... Não sinto vontade de conhecê-la, não depois do quê ela fez comigo.— Passo a mão em minha calça.— Amo minha carreira, mas pra mim família vem em primeiro lugar... Então se você me perguntar se eu prefiro ganhar um Grammy ou correr para outro país apenas para dar um ombro amigo para Nina e Oli, eu estarei no avião.— Percebo que o moreno também parou de comer seu lanche, talvez a conversa tenha ido para um lado mais íntimo.
— Eu tenho três irmãos, sei exatamente como você se sente... Pela família eu abandonaria o futebol.— Sinto um pouco mais grata por saber que ele me entende.
— Mas você não tem tios ou primos? Da parte do seu pai?— Ah, tenho... Um tio. Mas ele nunca foi próximo do meu pai, ele mora em Curitiba e trabalha em uma mecânica. É tudo que eu sei... Talvez ele tenha filhos até...— Família não é meu tópico favorito para se conversar.
— Você sabe pelo menos o nome dele?- Tento me recordar, mas é difícil, eu era muito jovem na época que passamos o último Natal juntos.
— Seu nome é Marcos, mas as pessoas chamavam ele de engraxado... Não faço idéia do motivo, mas o apelido pegou e nunca mais saiu.— Pego meu copo de Coca-Cola do suporte, tomando um gole.
— Você pensa em conhecê-lo um dia?— Penso a respeito. Seria legal descobrir que tenho primos ou primas...
— É, caso o destino queira... Mas chega de falar de mim, vamos falar de você. Como chegou no Real?— Sei que futebol é um dos assuntos favoritos do rapaz, já que seu olhar muda completamente ao citar sobre.
— Foi um caminho muito difícil mas glorificante... Eu cresci no futsal, então lá para 2010 mudei para o futebol. Fiquei no Flamengo por um bom tempo, até o Real me capturar... Eu quase fui para o Barcelona, mas o Real agiu primeiro e a favor de tudo.— Isso é incrível, então ele começou novo no futebol.
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Meu jogador - Vini Jr
FanfictionQuando ele é a inspiração de suas músicas, e ela a inspiração de seus gols. Se apaixonar é fácil, mas não quando ele é o jogador do seu time adversário. Mariah, uma brasileira de vinte e um anos que vive em Madrid desde seus dezenove com sonho de se...