Capítulo 24

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LORENA MEDINA

— Não imaginei que à encontraria aqui – com os olhos fechados, sinto meu coração acelerar. Sem dizer nada, me levanto e agarro o corpo da minha tia que estava em pé diantia mim. – Oh, minha menina.

Ela passa sua mão pelos meus cabelos. E assim, eu me permito chorar tudo que não consegui durante tantos anos. Choro por ter perdido minha mãe de forma prematuro. Choro pelo medo da rejeição da minha família. Choro pela forma que meu pai me destratou durante anos, até firmar o maldito noivado. Choro por não ter tido um começo fácil com Adam. Choro por não saber se devo ou não, me entregar aos meus sentimentos amorosos por Adam.

Minha tia Lea, me aperta em seu corpo, trazendo uma paz imensa. Todos dizem como minha mãe é a cópia fiel da minha tia Lea, que é um ano mais velha que minha falecida mãe. No total, são cinco irmãos, incluindo minha mãe. Nunca tive tanto contato com eles, por conta que meu pai sempre dizia, que eles iam me culpar da mesma forma que todos me culpam pela morte da minha mãe.

Estou na Suíça. Depois que cheguei ao aeroporto, não tive coragem de voltar à Austrália, já que me encontrariam com facilidade. Vim para a Suíça, porque é aqui, que minha mãe está enterrada. Cheguei antes de anoitecer, e passei em uma loja qualquer para comprar agasalhos mais firmes para o inverno daqui. O inverno na Suíça pode ser bem torturante quando deseja.

— Estou com tanto medo.. – sussurro, ainda com meu rosto afogado em seus casos de pele. Minha tia começa a se movimentar lentamente entre a neve que está no chão, indo para uma capela que tem ali perto.

O túmulo da minha mãe é visível daqui. Mesmo com o medo de ter feito da coisa errada, me sinto segura em estar tão perto da minha mãe. É como se ela estivesse aqui ainda. Se fecho meus olhos, posso ver seu lindo sorrindo que exibia em fotos e entrevistas.

— Se sente melhor? – coloca uma bandeja em cima da mesa, que tem duas xícaras de café, croissant, bolos e frutas.

— Sim. Obrigada – digo sem jeito, pela cena que eu fiz agora pouco. Já me sinto mais calma, e isso me faz arrepender-me de ter falado e feito aquilo.

— Me diga, minha menina, o que tanto atormenta sua mente? – ela se senta à minha frente, me avaliando com seus olhos azuis.

Como eu queria ter puxado seus olhos azuis de minha mãe. Toda minha família materna, tem os olhos azuis e cabelos castanhos claros, que loiros. Minha avó era russa com cabelos loiros, e meu avô tinha olhos azuis como o céu e escuros como a noite.

— Não há nada, somente uma menina com pensamentos confusos.

— E vir até aqui, é uma forma de colocá-los em seu devido lugar? – o semblante firme e suave da minha tia, me faz repensar se fiz a coisa certa de vir até aqui.

— Eu fui impulsiva em vir..

— Não acho. – tenta esconder o sorriso, por trás da xícara de café – Vejo em seus olhos a confusão que está seus pensamentos, Lorena. Eu apoio, que todos nós precisamos de um escape de vez em quando.

— Não está irritada pela minha presença?

— Oh! Claro que não, querida. Eu não poderia estar mais feliz de tê-la aqui. – sorri, pondo sua xícara em cima do pratinho – Quando me ligaram, dizendo que você tinha dado entrada no túmulo da sua mãe, vim o mais rápido que consegui. É muito bom tê-la aqui, Lorena.

— Obrigada, tia. – suspiro – Mas terei que voltar, antes do amanhecer.

— É ele, não é?

— Ele quem?

— Seu marido. É ele que vem deixando seus pensamentos confusos não é? – concordo de maneira silenciosa, tirando um sorriso meigo da minha tia – Eu sempre soube que acabariam se apaixonando. Fiquei radiante em vê-la se casando, mesmo que não tenha nos convidado, eu estava feliz por você.

— Me perdoe por isso, tia. Meu pai não me permitiu chamá-los, alegando que seria um incômodo à vocês, as perguntas sobre minha mãe.. você sabe..

— Sei sim. Benito sempre tentou afastar sua mãe de nós, não me surpreende ele tentar nos afastar de vocês também. – segura em minhas mãos – Ah, minha menina, você é idêntica a sua mãe.

— Jura? – meus olhos se enchem de lágrimas não derramadas.

— Com certeza. E se ela estivesse aqui, diria para seguir seu coração e esquecer o passado. As vezes, o passado acaba estragando o futuro incrível que você terá. – aperta levemente minhas mãos – Você merece uma felicidade tão pura, quanto a do seu irmão. Se permita amar, sem medo.

— E se algo der errado? Se ele..

— Vocês são um casal, deveram resolver suas diferenças entre quatro paredes. Não se esqueça, um casal só evoluí se os dois assim quiserem. Ninguém nasce sabendo tudo, querida.

— Você está certa, tia.

— Agora me conta, como todos estão.

— Direi tudo. – sorrio, pegando uma uva e colocando em minha boca.

— Conto com isso.

— Conto com isso

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