Capítulo 3

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ADAM MEDINA

— Ansioso para ver a noivinha? — Vicent apareceu na sala, usando seu terno impecável e segurando um copo de conhaque como se fosse um troféu. Ele estava com aquela cara de ressaca que só um jovem de vinte e poucos anos consegue ter, mas, pelo bem dele, eu esperava que nossa mãe não percebesse. Ela tinha um radar para essas coisas.

— Não sei, não tô muito afim de ser ignorado por ela novamente — eu respondi, com um sorriso irônico enquanto virava o copo de água que segurava.

Vicent caminhou até mim, com aquele sorriso maroto que sempre me fazia rolar os olhos. Ele era meu irmão mais novo, e eu, o mais velho. Luke, o do meio, já estava casado e com filhos, o que significava que eu tinha que aturar Vicent sozinho. Luke estava viajando a negócios e só voltaria para o meu "trágico" casamento, que seria daqui a duas semanas.

— Relaxa, vai dar tudo certo — ele disse, se jogando no sofá ao meu lado como se fosse dono do lugar. Ele me olhou em silêncio por um momento, com aquele olhar de quem estava prestes a dizer algo idiota.

— O que você quer, Vicent? — perguntei, já sabendo que ele estava armando alguma coisa.

— Nada. Só estou te admirando antes de se casar — ele respondeu, com um sorriso que só aumentava de tamanho. Minha vontade era de esganá-lo ali mesmo, mas estávamos na casa da mamãe, e isso não seria muito educado.

— Já pensou em ir se fuder? Juro, é muito legal — resmunguei, levantando e indo até o bar no final da sala. Vicent começou a mexer no celular, provavelmente mandando mensagens para alguma garota que ele conheceu na noite anterior, enquanto eu enchia meu copo com um pouco de uísque.

Foi então que ouvi passos descendo as escadas. Não precisei me virar para saber quem era. A matriarca da família Medina estava chegando, e ela sempre fazia uma entrada triunfal.

Quando me virei, lá estava ela: minha mãe, uma mulher de cabelos negros como a noite, trajando um vestido longo na cor vinho que parecia ter sido costurado por anjos. Seus lábios estavam marcados com um batom vermelho que fazia meu pai sentir um ciúmes digno de novela mexicana.

— Você está uma gostosa, mamãe — eu disse, com um sorriso que fez o dela aumentar consideravelmente. No entanto, meu irmão não teve tanta sorte. Vicent, sempre o palhaço da família, recebeu um tapa na nuca do meu pai, que estava logo atrás dela.

— Se controla, menino — meu pai disse, com uma carranca que fez todos na sala gargalharem. Ele era protetor com minha mãe, e eu não podia culpá-lo. Ela era deslumbrante.

— Bom, já está na hora! Vamos? — minha mãe perguntou, olhando para nós com aquele olhar que não admitia desobediência.

— Olha, o Adanzinho está ansioso para encontrar a noivinha — Vicent brincou, e dessa vez foi minha vez de dar um tapa nele. Meu irmão rolou os olhos, mas saiu em direção à garagem com um sorriso brilhante nos lábios, como se tivesse ganhado na loteria.

Caminhei até o meu Rolls-Royce Boat Tail, um carro que minha mãe insistia em dizer que parecia "antigo", mas que, na verdade, custara uma pequena fortuna. Vicent já estava no seu carro, um esportivo vermelho que ele tratava como um filho.

Nos momentos seguintes, estávamos todos na estrada, a caminho do leilão beneficente. Em alguns momentos, Vicent e eu apostamos corrida, mas meu pai logo pôs fim à nossa diversão com uma ligação bem-humorada, porém firme.

Chegamos à mansão dos Agostini, a família anfitriã do evento deste ano. O leilão beneficente era uma tradição anual, e cada vez era realizado na casa de uma família influente. No próximo ano, seria na mansão dos meus pais, e eu já sabia que todos os filhos teriam que estar presentes, querendo ou não.

— Olá, senhor e senhora Medina. É bom vê-los, juntamente com seus filhos — o senhor Agostini nos recepcionou, com sua esposa e filha ao lado. A filha, uma loira de olhos azuis, não parava de encarar Vicent, que, é claro, retribuía com um sorriso charmoso.

— Igualmente, William — meu pai respondeu, com um aperto de mão firme. A conversa foi breve, e logo entramos na mansão. Meus pais foram à frente, enquanto Vicent e eu ficamos para trás, julgando discretamente todos os convidados que víamos pelo caminho. Até os cachorros das madames não escapavam do nosso radar.

— Eu fiquei sabendo que o senhor Tristán traiu a esposa com a cunhada e engravidou ela — Vicent comentou, enquanto observávamos a família Bonanno. Tristán Bonanno, um homem de meia-idade com um ar de quem sabia demais, estava ao lado de sua esposa, Viviane, e suas duas filhas, Tatiana e Victória.

— Então será que aquele bebê — apontei discretamente para uma mulher um pouco afastada da família Bonanno, que estava ao lado de um homem que parecia ser seu marido — é do senhor Bonanno?

— Bem possível — Vicent respondeu, com um sorriso malicioso. — Não posso julgá-lo, a mulher é gostosa demais.

Comecei a analisar melhor a senhora Belchior, e realmente ela era uma mulher atraente. Não era o meu tipo, mas era inegável que ela tinha uma presença marcante.

Seus longos cabelos negros caíam até as costas, e seus olhos azuis contrastavam com a pele clara como a neve. Ela se levantou e começou a caminhar em direção à mesa onde sua irmã estava com o marido e as filhas, e eu não pude evitar de acompanhá-la com o olhar.

— Gostou da vista, Adam? — a voz de Lorena surgiu ao meu lado, cortante como uma faca. Ela estava com as mãos na cintura e um olhar afiado em minha direção.

E, meu Deus, ela estava deslumbrante. O vestido longo preto que ela usava tinha um decote nas costas que era ao mesmo tempo discreto e provocante. Seus cabelos dourados estavam presos em um coque despojado, e o batom nude nos lábios dava um toque de elegância.

— Estou gostando mais da que estou observando agora — respondi, com um sorriso que fez seus olhos se estreitarem. Lorena fechou a cara, claramente irritada, e eu ouvi um riso disfarçado de tosse atrás de mim. Vicent, é claro, não conseguia se controlar.

— Pouco me importa — ela disse, com um tom de voz que deixava claro que estava no limite da paciência. — Meu pai quer falar com você, e como uma boa pombo-correio, eu vim chamá-lo.

— Que atenciosa minha noiva é — eu disse, levantando-me e olhando para ela de cima. Lorena tinha no máximo 1,55 de altura, o que a fazia parecer uma anã ao meu lado, com meus 1,86.

— Não abuse da minha educação, Medina — ela respondeu, com um olhar que prometia retribuição.

— Se não, o quê, Gillins? — meu sorriso aumentou ao vê-la respirar fundo, claramente tentando manter a compostura.

— Vamos logo! — ela disse, virando as costas e caminhando em direção ao salão principal. Eu a segui, com Vicent rindo baixinho atrás de mim. Era claro que essa noite ainda reservava muitas surpresas.

 Era claro que essa noite ainda reservava muitas surpresas

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