Rio-Niterói

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Enquanto acionava a ignição do veículo o deputado nota o olhar da mulher sobre o painel do carro, o mesmo era carregado de algumas dúvidas e até mesmo um certo desdém, o que o fez soltar um sorriso incrédulo antes de se direcionar a ela

- Posso saber o que a incomoda tanto ao andar em um carro "classe média" ?

A senadora é tirada de seus devaneios em um pequeno susto e olha para o homem que dirige calmamente pelas ruas de Niterói

- Quem disse que estou incomodada?

- Há! Essa é boa, seu olhar não nega Simone

- Pois então saiba que o senhor é um péssimo observador, eu estava apenas pensando em... Ela se cala preferindo evitar uma possível discussão

- Em..? O que houve, senadora? Ele provoca arqueando uma sobrancelha e permitindo que um sorriso ladino escape de seus lábios. - Sei que está com um gato aqui mas esse não comeu sua língua

- Ah não seja metido, Alessandro! Não estava pensando em nada desse...gênero, e você nem é tudo isso.

- Claro que não sou. Ele segura uma risada e pensa em rebater dizendo que bonito mesmo é o feio do marido dela, mas opta por se conter

- Qual é a graça? Ela cruza os braços nervosa e direciona o olhar ao homem ao seu lado, era incrível como aquele desgraçado era ainda mais bonito de perfil, o nariz, o maxilar, tudo nele fazia Simone sentir um incômodo cretino na região pélvica.

- Nenhuma, senadora. Ele continua provocando

- Pois saiba o senhor que eu pensava que acho muita hipocrisia da parte de vocês se esforçarem TANTO para parecerem mais um na multidão.

- Como? Ele questiona tentando captar a linha de raciocínio da mulher

- Ora Alessandro, você é um parlamentar, professor, bem sucedido e estabilizado e está andando de Ônix. Ela explica como se fosse óbvio -E por sinal, péssimo nome para um carro quando temos um político tão problemático com o mesmo

- Te incomoda que eu tenha o mesmo carro que boa parte do país? Que elitista, senadora. Ele morde o lábio inferior analisando a mulher ao seu lado

- Não sou elitista! Ela rebate com convicção - Só não sou hipócrita, vocês querem provar o tempo todo que são humildes e acessíveis, por que não padronizam tudo logo?

- Ora ora ora, de elitista para comunista. Ele brinca parando o carro na longa fila que se formava na ponte Rio-Niterói, a julgar pela quantidade de veículos e pela sua experiencia morando na Cidade maravilhosa, eles não sairiam de la tão cedo.

- Comunista? Eu?  Ela gargalha em escárnio e ele pode ter certeza que aquele era o som mais agradável que já tinha escutado. - Quem gosta disso aqui é você

- Ah eu adoraria que fôssemos comunistas agora mesmo, quem não ia gostar nada seria seu marido. Ele sussurra se aproximando dela enquanto solta o cinto.

Simone sente o corpo todo tremer, ele estava perto demais, cheiroso demais, o maldito carro também era apertado demais e infelizmente o tesão que começava a tomar conta de seu corpo era ainda maior

- O que o Eduardo tem com isso? Ela consegue perguntar em um sussurro enquanto fecha os olhos torcendo para que o maldito trânsito começasse a andar logo.

- Ele teria que dividir a esposinha dele comigo em um possível regime comunista. Ele arrasta o nariz por toda extensão do pescoço dela, que se arrepia e leva uma das mãos até a coxa dele apertando com força.

Como 2 e 2Onde histórias criam vida. Descubra agora