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NOTAS INICIAIS DA MORCEGA:

O desquerido de vocês voltou, são tempos difíceis minhas irmãs, no passado e no presente...

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O sol da manhã começava a subir sobre o horizonte lançando seus raios sobre a fazenda. Alessandro, voltava para a sede da fazenda após o embate com a sogra. O local ainda era desconhecido para ele, o ar era puro, o ambiente tranquilo. Era estranho estar longe do caos do planalto central mas aquele lugar dava-lhe uma sensação de paz que ele raramente sentia em Brasília.

Ele caminhava com passos leves pelo escadaria de pedra que levava até a sede da fazenda observando cada detalhe: as árvores ao redor, o murmúrio suave de alguns animais ao longe, o cheiro de terra molhada que vinha dos irrigadores ligados no gramado. Sabia que estava em território familiar para Simone, mas ainda era um estranho no ambiente, e mesmo assim, estava determinado a ganhar a confiança e o respeito da sogra, por mais difícil que fosse a tarefa.

Ao abrir a porta de entrada e pisar no hall da sede o carioca não teve muito tempo para se acomodar antes que a figura autoritária e imponente se postasse à sua frente. Fairte descia as escadas para o café da manhã quando deu de cara com o genro, alcançou o ultimo degrau da descida de braços cruzados, expressão fechada e sobrancelhas franzidas. Seus olhos transmitiam uma mistura de suspeita e crítica enquanto ela encarava Alessandro.

—Bom dia, dona Fairte. Alessandro cumprimentou, tentando manter o tom respeitoso e amigável, apesar do embate mais cedo.

—Bom dia? Fairte respondeu, levantando uma sobrancelha e ignorando a tentativa de cordialidade dele. —Minha neta esta no hospital lutando pela vida, minha filha terminou o casamento sacramentado há anos e ainda te trouxe para dentro da minha casa e você tem a coragem de me desejar um bom dia? Alessandro conteve um suspiro mantendo a calma e olhou para ela tentando transmitir serenidade em sua expressão.

—Não lhe desejei um bom dia, eu o disse em tom de cumprimento, e é claro, de educação, coisa que não me falta. Não estou aqui para causar incômodo algum, dona Fairte. Estou aqui para dar apoio ao amor de minha vida, por toda devoção que tenho a ela e por respeito à senhora não irei criar problemas por aqui. Ele respondeu, escolhendo cada palavra com cuidado para evitar ainda mais reatividade da parte da sogra.

—E bater perna pela fazenda esta incluso nessa devoção toda? Ela questiona séria e Alessandro sorri balançando a cabeça em negação.

—Enquanto 'bato perna' pela fazenda tento me adaptar a este ambiente, que é tão importante para ela. Só estou fazendo por ela o que ela fez por mim no Rio de Janeiro. Fairte balançou a cabeça em negação, mesmo se chocando com tal devoção do carioca para com a filha ela deu um passo à frente, com a expressão ainda dura.

—Sabe, Alessandro, você pode até ser um bom político no Rio, pode até ter seus encantos com a minha filha, mas quero que fique claro: eu conheço homens como você. Sei muito bem como um sorriso e um pouco de lábia podem iludir as pessoas. Você acha que entende a Simone, mas a verdade é que... Ela foi interrompida por passos descendo as escadas.

Tasso apareceu, com sua presença tranquila e o olhar atento. Ele havia ouvido parte da conversa e sabia que, se não interviesse, aquilo poderia escalar para algo desagradável rapidamente. Com um meio sorriso nos lábios, ele desceu os degraus, ajeitando a gola da camisa de maneira casual.

—Ora ora ora se não é o meu futuro colega no senado. Tasso cumprimentou, com o tom amigável e acolhedor que lhe era característico e lançou um olhar suave para Fairte, como se dissesse sem palavras para que ela relaxasse um pouco. —Está aproveitando o ar fresco da fazenda? Alessandro sorriu, visivelmente aliviado pela presença de Tasso, e assentiu.

Como 2 e 2Onde histórias criam vida. Descubra agora