Santa Katia do Tocantins

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Eu havia depositado realmente a minha última fagulha de esperança nas mãos do Eduardo e eu torcia para que ele não me decepcionasse, Deus sabe como eu torcia, torcia para que tudo ocorresse como o planejado dentro da minha cabeça, que o nosso casamento deixasse de ser um problema, que as divergências políticas não nos afetassem. Mas, sobretudo, torcia principalmente para que essa futura paz a restaurada pudesse me fazer esquecer Alessandro, que essa paz do casamento tradicional, de um marido compreensivo, gentil e carinhoso pudesse fazer com que o meu lado racional falasse mais alto.

Que me fizesse compreender, de uma vez por todas, que aquilo vivido no Rio não se passava de uma aventura, que eu não poderia trocar a estabilidade de um casamento e de uma imagem tão bem construída por sentimentos passageiros, mesmo que eu chegasse a conclusão de que paixão não era algo que eu sentia por Eduardo e sim por Alessandro.

A falta de paixão por meu marido TERIA e PRECISAVA ser suprida, pelo bem da minha saúde mental, preenchida pela compreensão e pela segurança de um casamento tradicional.

Eduardo e eu seguimos com nosso jantar, na maioria do tempo com um silêncio desconfortável, diferente do que costumada existir entre nós há muito tempo. Nos intervalos do silêncio, assuntos banais eram colocados em pauta, ainda sob muita tensão no ar, até que enfim terminamos de comer.

-Sabe, meu amor, agora que a gente já jantou podíamos ir para o quarto... Para a nossa cama, o que acha? Estou com saudade de ficar com você assim. Eduardo dizia em um tom aparentemente cuidadoso -Pode deixar que a louça eu lavo toda amanhã, você sabe que eu faço questão. Ele completava, rindo, pois a única tarefa doméstica que ele se disponibilizava a fazer era lavar a louça

Aquela pergunta de Eduardo fez meu coração disparar por alguns segundos, eu iria para o quarto com ele, e, provavelmente ele tentaria algo. Algo que eu não saberia se conseguiria.

Primeiro porque a culpa de me sentir uma adúltera me invadia, segundo, meus pensamentos não saíam de Alessandro e de como era diferente com ele. No Rio, nos braços dele não existia pudor, não existia vergonha, nem timidez.

Era o puro e mais ardente desejo, ambos dispostos a provocar as mais intensas sensações com a finalidade de levar o outro à beira do abismo, só para ter o prazer de salvá-lo depois. O sexo com Alessandro foi assim, um verdadeiro abismo, no qual eu havia me jogado de cabeça.

Um abismo profundo do qual eu não sairia tão cedo.

Com Eduardo nunca fora assim, tudo sempre foi muito tradicional, muito quadrado, muito mecânico. Todos os toques, olhares e sentimentos, absolutamente tudo completamente diferente.

E eu me questionada se conseguiria voltar para isso, depois de ter conhecido um outro lado do sexo, onde me sentia verdadeiramente desejada, contemplada. Era isso que Alessandro fazia, me contemplar. Além disso, o fato de que eu poderia ser uma verdadeira safada na cama com ele, como de fato fui, mas que depois eu seria tratada com afeto, carinho, delicadeza.

Como uma verdadeira princesa, a princesa libanesa que Molon insistia em dizer que eu era. Eduardo era conservador demais para encarar uma mulher cheia de quereres na cama e depois conseguir olhá-la com a ternura de uma esposa.

-Cl...Claro, meu amor! Eu te ajudo a tirar a mesa. Ofereci meu meio sorriso e me levantei, acompanhada de Eduardo para que os pratos do jantar fossem recolhidos e colocados na pia

Quando me encostei na pia, senti um corpo pesado se prensar em minhas costas. Não era um toque delicado e nem um toque bruto, mas de fato, não era um toque agradável. Em seguida do toque na minha cintura, um cheiro no pé do meu ouvido se estende ao meu cabelo.

Como 2 e 2Onde histórias criam vida. Descubra agora