Sinais de Fogo

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Quando Alessandro saiu do quarto respirei em alivio, não sabia se resistiria a mais cinco minutos de charme carioca no meu quarto sem querer me jogar em seus encantos.

Pensando em abaixar aquela adrenalina que espancou meu corpo logo pela manhã decido tomar um banho, já se aproximava das 08h e quem sabe em um banho de banheira eu não conseguiria afogar o turbilhão de pensamentos que invadiam a minha cabeça? Podia aproveitar e já afogar junto os acontecimentos da noite passada, mas parece que isso seria bem mais difícil do que eu imaginava, ainda mais quando tudo ali me lembrava ele, a massagem dele, os carinhos dele...

Sigo para o meu banho e aproveito que Alessandro se disponibilizou para resolver tudo com a minha assessoria para ficar longe do celular, eu precisava ter paz, naquele momento tudo que eu precisava era que dentro da minha cabeça tudo se tornasse vazio, pelo menos por alguns minutos, para que eu pudesse organizar e reorganizar os pensamentos.

Em meio a devaneios lembrei de momentos onde eu reclamava comigo mesma por não viver a minha vida pessoal, somente a minha vida profissional, momentos onde eu me arrependia de ter jogado toda a responsabilidade de felicidade e realização pessoal no trabalho e bom, cá estou eu, arrependida de ter me arrependido, sentimentos são um milhão de vezes mais complexos do que uma CPI, do que análises de contratos, do que emendas e licitações.

Meus pensamentos são despertados pelo barulho do meu celular, tocando do outro lado do quarto, me levantei da banheira resmungando, já praguejando quem ousou me tirar a paz, enrolo uma toalha sob meu corpo e vou atrás do celular, levo um susto quando eu vejo que já se passava das 09h, fiquei quase uma hora dentro de uma banheira, pensando em tudo e em nada, "que situação", pensei. Maior susto ainda foi ver as 5 chamadas perdidas de Maria Fernanda, o aperto no coração veio automaticamente e o arrependimento de ter praguejado quem me tirou a paz veio, logo retornei sua chamada tentando acalmar meu coração de mãe.

-Filha? Me ligou 5 vezes, está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? Disparei sobre a menina, meu coração quase vinha na boca

-Nossa mamãe, te liguei cinco vezes e você não atendeu, eu é que tenho que perguntar se está tudo bem. Maria Fernanda falava em um tom irônico para desfazer a minha preocupação. Engraçadinha igual vocês sabem quem

-Oh minha filha, eu...eu entrei no banho e me perdi no tempo, aproveitei pra tentar descansar. Suspirei em alívio e continuei. - O dia de ontem foi bem cansativo e corrido, mas está tudo bem, filha. E você, como você está? Torci para que ela não percebesse em meu tom de voz que havia algo errado

-As vezes eu esqueço que minha mãe agora é uma senhora requisitada por todos os partidos do Brasil, até pelos de esquerda. Ela ri e continua. - Quem diria né, mãe?

-Ha ha ha, Mafe! Está muito engraçadinha pro meu gosto, uma hora dessa da manhã!

-Tá...Tá, desculpa, mãe! Maria Fernanda cessa a gargalhada em que ela cai e logo começa a falar sério - Na verdade, eu liguei porque eu estou com saudade e estava pensando em pegar um voo para o Rio, para almoçarmos, o que acha? Não lembrava que horas você voltaria para Brasília

-Ah, sobre isso, filha, preciso até te contar, adiei o meu voo para daqui dois dias, ficarei pelo Rio para alguns compromissos políticos, sua mãe agora é requisitada pela direita e pela esquerda, né? Ri daquela frase que ela mesma tinha dito. - Mas, é claro que podemos almoçar, eu ainda não chequei minha agenda para hoje com a assessoria, mas se a sua mãe remaneja agenda para fazer carreatas com a esquerda com certeza sua mãe rearranja para almoçar com você, meu amor!

Como 2 e 2Onde histórias criam vida. Descubra agora