Capítulo 11

85 11 124
                                    

          Tresham pegou os líquidos inflamáveis do seu cinto e os jogou nos lobos dentro do círculo. Então as chamas se alastraram por todos os animais. E morreram gritando de dor e escárnio. Correram de um lado para outro, banhados em chamas. Resistiram ao máximo que seu ódio os concedera, até não suportarem mais e caírem torrados sem vida ao solo.

          A menininha chegou a sentir pena deles. Percebia horror nos olhos de todos. Principalmente nos idosos.

         Então saíram correndo para fora dali. Não antes de Tresham chegar aos velhinhos e os dizer:

          — Jogue um pouco de essência de critvz e o cheiro sairá da sua casa.

          Depois continuaram a caminhada.

          Minutos eternos à frente, Tresham e a família enfim apareceram ao precipício, já os ordenando que ficassem escondidos atrás das pedras.

          Tresham saiu correndo até os lobos que por ali perambulavam, assobiando alto para que corressem em sua direção. Novamente entraram em confronto. Humano — se é que Tresham podia ser chamado disso — versus monstros. E tudo o que o pai da família, vendo-os do precipício, podia fazer era olhá-los.

          Tresham os abatia. Estes eram um pouco mais fortes, nem as minibombas que carregava os assustavam. Vez por outra conseguiam até derrubá-lo no chão.

          — Vão matá-lo — dizia a menina.

          — Não, não vão — respondia sua mãe. Mas não acreditava de fato nas próprias palavras.

          Dez lobos saltavam sobre Tresham. Ela o olhava com temor. Em sua ingenuidade de criança a menina saiu correndo para ajudá-lo. Seu irmão e sua mãe saíram correndo para pegá-la, mas não tiveram tempo.

          Nesse instante, os lobos viram que estavam ali. Alguns saíram correndo atrás deles.

         O homem, do pilar, via tudo acontecer, e gritava:

         — Corram! Corram!

         Mas ninguém podia ouvi-lo.

         Os lobos miraram na menina, e o terror agora tão recaía sobre ela. Sua mãe a empurrou para o lado no momento que um deles saltou para pegá-la; o que por um centímetro não morrera cortada pelas garras da besta.

          Todos os membros da família tentavam desviar das mordidas correndo em círculos aleatoriamente. O garoto até pegou uma pedra do chão e ameaçou bater nos lobos quando se aproximassem. Por sorte já não havia mais tantos deles.

          Tresham, por fim, matou os que estavam sobre ele, sempre olhando para os que atacavam a família. Levantou-se na primeira oportunidade que teve e saiu correndo para ajudá-los. Com seus dedos ásperos, pegava-os pelo rabo, afastava-os das pessoas e cortava suas gargantas com um toque de sua lâmina. Era, ele, quase um imã para os lobos, era só aparecer que vinham direto em sua direção.

          Foram lutando, gritando, matando... De repente, olharam para os lados e perceberam que não havia mais tantos dos lobos. Havia sobrado apenas dois. Estes ficaram de frente para Tresham, rosnando. Andando em círculos para ver quem o atacaria primeiro.

          ... E então o pior aconteceu...

          Havia um terceiro ainda vivo...

          Ninguém o percebera senão quando já era tarde. Ele chegou por trás e às escondidas. Veloz ele mordeu a canela do guerreiro e o derrubou sobre o chão; a menina bem que quis avisá-lo, mas sua mãe não a queria interferindo na briga. A espada do guerreiro caiu para longe das suas mãos. O lobo não saltava seu pé, mordendo sua armadura e o chacoalhando de um lado para outro como um cão brincando com um pedaço de osso, com os outros dois também vindo a abocanhá-lo.

As Viagens de Um Vagante PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora