PRÉ JOGO...

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Dois capítulos pra gente chegar ao final hein.

VOTEM e COMENTEM bastante. Até breve.
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Eu juro por Deus que eu não sei como ela conseguia e particularmente eu não queria saber também. Eu nem estava com dor de cabeça mas do nada me surgiu uma, peguei o remédio, virei com o suco e fiquei durante uns 10 minutos encarando a porta do banheiro. Ou eu entrava e falava tudo o que tava engasgado aqui dentro ou eu simplesmente ignorava e saia do quarto, ficar com a Caroline no mesmo ambiente com ela me fazendo de otária não ia rolar. Ouvi o barulho do chuveiro ser desligado e me apressei em pegar o telefone e sair do quarto. Desci pelo elevador até o térreo e fui pra área da piscina onde tinha algumas mesas e um jardim, peguei meu telefone em seguida e tinha uma mensagem da Caroline.

Gattaz: onde você tá?

Ignorei completamente aquela mensagem e mandei logo a mesma mensagem pra Gabriela e pra Roberta pedindo pra me encontrar no jardim e não demorou muito para as duas aparecerem com uma enorme cara de interrogação e sentar ao meu lado enchendo de perguntas até porque, era quase meia noite e elas estavam ali sem entender o porque.

Rosamaria: eu vou perguntar uma vez -olhei pra Gabi- você sabia que a Gattaz tinha ido pra São Paulo e ia se encontrar com a Mesquita? -meu olho encheu de lágrimas-

Gabi: o que? -falou assustada- é claro que não, se não eu tinha acertado essa veia. Eu sabia que ela estava em São Paulo com a Daroit e a Marcela. -me encarou- que história é essa Rosamaria?

Rosamaria: peguei o celular dela no restaurante pra passar nossas fotos pra postar e eu vi uma foto dela diferente, abri era uma foto com a Mesquita, outra tinha todo mundo, a irmã, a Daroit. Ela mentiu, ela foi pra São Paulo e tava com a Camila Mesquita.

Roberta: aí que inferno -passou a mão no rosto- e você conversou com ela?

Rosamaria: eu não quero conversar, eu quero terminar essa Olimpíada e voltar pra Itália. Vocês tão entendendo que ela me enganou? Que enquanto eu tava lá em Nova Trento igual uma idiota contando para os meus pais, sobre mim, sobre ela, sobre nós ela tava jantando e dormindo com a Mesquita? Que porra de sentimento é esse que ela tem? E se queria a Mesquita pra que mentir que só tava com a Daroit e a irmã dela? -comecei a chorar-

Gabi: ei calma -ficou na minha frente agachada- eu entendo você, sei que é uma frustração enorme e que você não esperava, mas tenta conversar com ela, escuta o que ela tem pra te falar. -me olhava e falava com calma- não estraga o que vocês tão construindo.

Rosamaria: eu estragar? -falei chorando- Ela fez isso quando mentiu pra mim, era só ter me falado a verdade. -me recompuz- até quarta-feira eu não quero saber desse assunto. Até quarta, eu quero me concentrar e não vai ser isso que vai me tirar do foco. -nós concordamos- Eu decido o que vai acontecer depois.

Gabi: ok -respirou fundo ainda na minha frente- só não deixa a gente no escuro, fala o que você vai fazer.

Rosamaria: prometo não deixar -tentei um sorriso- não comenta nada com a Sheilla porque você sabe como ela é, vai querer resolver as coisas e ela não vai conseguir.

Roberta: a gente tá aqui ok? -me abraçou de lado-

Me recuperei o suficiente pra voltar pro quarto, voltei e Carol estava já dormindo. Dei graças a Deus coloquei um pijama e fiz o mesmo.

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Os dias passaram na mesma lentidão em que meus sentimentos tentavam se reorganizar dentro de mim. Chorei, pus pra fora e juntei os meus próprios cacos como eu sempre fazia, era terça feira a noite, havíamos acabado de sair do nosso último treino. Fui pro quarto tomei um banho e Carol estava sentada na beirada da cama quando sai mexendo no celular e com uma expressão de que tinha algo a falar.

Gattaz: ei -olhei- porque você tá assim comigo, desde domingo?

Rosamaria: só tô cansada Caroline, muito cansada -dei o melhor sorriso que eu conseguia-

Gattaz: você tem certeza? -concordei- eu tô tentando falar isso contigo desde o aeroporto vindo pra cá, mas não acho o momento certo, na verdade nem sei se tem um momento propício pra isso, então só resolvi falar. -passou a mão no cabelo- você conversou com seus pais?

Ali eu repensei, respirei fundo, pensei de novo e cheguei a uma conclusão breve: ela não merecia. Ela não merecia minha raiva, meu desprezo, nem as minhas palavras, do mesmo jeito que ela mentiu, eu também tinha o direito, e assim seria.

Rosamaria: não -a encarei-

Gattaz: você não falou nada? -me olhava incrédula-

Rosamaria: não falei Gattaz, não consegui. -fui seca-

Gattaz: Rosa o nosso combinado era você se resolver pra que nós pudéssemos fazer isso! Onde é que deu errado cara? -falava completamente chateada-

Rosamaria: não acho que vale o desgaste emocional -continuei fria e Gattaz riu sarcasticamente e vi o olho dela encher de lágrimas-

Gattaz: você acha que não vale o desgaste? Você sabe que tá falando sobre a gente? Sobre mim? -me encarava-

Rosamaria: sinto muito -fui firme-

Gattaz: você é inacreditável -pegou o telefone me deu as costas e saiu do quarto-

Doeu. Doeu pra caralho, doeu ter que fingir uma indiferença que eu sabia que não era verdade, doeu ter que mentir, doeu ter que fingir uma mágoa a ponto de esconder dela que eu a amava e já havia contado para os meus pais. Fui tomar meu banho, olhei no relógio e já estava na hora de jantar. Passei no quarto da Roberta e fomos direto pro da Gabi e da Carolana.

Rosamaria: antes da gente descer pra jantar quero pedir uma coisa. -as três me olhavam- vocês sabem que eu conversei com meus pais sobre mim e a Carol, porém não quero que vocês contem pra ela. Pra ela eles não sabem de nada.

Gabi: rosamaria -disse em tom de reprovação-

Rosamaria: eu não vou dar a resposta que ela quer sendo que nem isso de mim ela merece. Eu só tô pedindo pra vocês que por favor. Não falem nada. -respirei fundo-

Carolana: ta ok -me olhou sem entender- mas deixa eu entender você e a Carol terminaram?

Rosamaria: a gente não tinha nada pra terminar, nem se quer havia começado e ela foi caçar a Mesquita lá em São Paulo.

Carolana: porra -falou desacreditada-

Conversamos mais um pouco, dei mais detalhes pra Carolana e descemos todas juntas pra jantar. Hoje havia um jantar mais especial pois era um jantar de despedida de todas ali, do ciclo olímpico, de Tokyo, dos laços que construímos. Amanhã seria um dia histórico na vida de cada uma e estávamos confiante na vitória. Cheguei para jantar e Sheilla, Thaisa, Gattaz, Brait e Fernanda já estavam lá, sentei no meio entre a Roberta e a Gabi e a Carolana do lado dela e logo fomos servidas. Em meio a muito choro Zé agradeceu, a comissão técnica e todos que de alguma forma acrescentaram na formação dessas atletas que sairiam daqui com uma bagagem muito melhor e maior.

Carol Gattaz on

Havia discutido com a Rosamaria e o desdém com que ela tratou o assunto me feriu de uma forma que eu não imaginava. Era sobre nós que ela tava falando. Não era qualquer sentimento, era uma história, algo que estávamos construindo e ela simplesmente tratou isso como irrelevante pra vida dela. Tive que me retirar, pra não me magoar mais do que já havia me magoado. Acabei indo pedir consolo pra Sheilla e pra Thaisa que rapidamente estenderam o ombro pra que eu pudesse chorar e assim eu fiz. Logo descemos pra jantar com a comissão técnica e mais algumas pessoas importantes e logo começou o momento emoção, choramos, rimos e cada um foi deixando em cima da mesa uma bagagem enorme de sentimentos e gratidão. E por falar em gratidão, como eu era grata por estar aqui e poder vivenciar no auge da minha carreira o título de atleta olímpica. Era um sonho. E eu estava pronta pra realizar esse sonho de levar uma medalha pra casa, amanhã. A cada palavra de alguém da comissão era um filme que passava na minha cabeça, de entender tudo o que eu passei e até onde eu cheguei, de todas as vezes que eu pensei em desistir e tive a certeza que aquilo não era pra mim. Eu fui tão errada em pensar isso, porque ali sim era meu lugar.

E amanhã, eu iria provar isso, levando uma medalha de volta pra casa.

The biggest missOnde histórias criam vida. Descubra agora