Lá Márfia | SIMORAYA

Termiamos

Simone tebet

Desci os andares em silêncio. Janja havia ficado com Tommy enquanto ele a acalmava.

Arthur era um passado doloroso pra todos nós, e o motivo era ter machucado Janja de uma forma brutal. Foi colocado por nosso pai para cuidar de nós, assim como Tommy efetuou o trabalho com responsabilidade. Mas Arthur não, Arthur se aproveitou da situação e curta idade de Janja pra abusá-la e satisfazer seu prazer.

Adentrei a cozinha enquanto trazia em mãos o maldito e viciante copo de whisky irlandês. Leila me olhou confusa. Apenas acenei e ela entendeu que Janja estava tendo uma crise, deixando o que tinha de fazer e indo atrás da esposa.

Soraya tinha uma expressão confusa no rosto, mas não questionou pois talvez achasse que fosse ser invasiva.

Notei que ela já havia criado uma intimidade com Mafê, que claramente era mais interativa e consequentemente menos tímida que Madu. Vi que a loira buscava chamar a atenção de Madu, puxando assuntos que ela gostava ou até tentando se adaptar ao que ela buscava demostrar aos poucos.

As duas eram totalmente diferentes de mim por mais que ficássemos o dia todo grudadas. Eram super compreensivas e entendiam quando eu não podia estar por perto. Foram criadas apenas por mim, suas tias e Tommy. E ao longo da criação isso facilitou para que elas me compreendessem de todas as maneiras me apoiando dos seus jeitos únicos e infantis, mas dando o máximo quando podiam.

Beijei o rosto de Madu e de Mafê assim que me aproximei, Ohana sorriu de canto com a interação e se manteve em silêncio. Madu estava sentada ao seu lado enquanto fazia atividade de alguma matéria escolar básica, já Mafê era mais terrível e pouco se importava com os deveres. Era sempre um problemão pra que ela fizesse o que tinha que ser feito. E por algum milagre, ela havia cooperado com Soraya e finalizado antes que a irmã.

A loira ajudava Madu com toda paciência do mundo e eu me vi surpresa.

Fiz a volta na bancada e me aproximei de Soraya que se mantinha em pé enquanto analisava Madu escrever algo. Toquei sua cintura com delicadeza e ela repousou sua mão livre sobre a minha. Um olhar rápido me foi lançado e um sorriso fraco escapou dos seus lábios.

Ela parecia gostar quando eu demonstrava coisas simples que pra mim eram intensas e profundas. Já que sentimentos nunca foi muito o meu forte desde que Isabelly partiu.

-Mamãe- Madu disse dispersa fechando o livro. - Você vai trabalhar hoje? - ela questionou com seu timbre doce e extremamente infantil.

Assenti em silêncio. E por mais que ambas me compreendessem, ainda era uma situação chata pra mim e pra elas, todas as vezes que tinha que deixá-las.

-- Vou viajar, mas prometo que vou voltar rápido.

--Você sempre diz isso e volta depois de dias. - A Mafê que agora tinha um feche de luz refletindo em seus olhos castanhos, debochou da situação.

-- Quando foi que você ficou assim? - questionei séria e ela revirou os olhos. - Olha pra mim.

Ela me encarou.

Tommy que descias as escadas pareceu ouvir parte da conversa e comentou um "ela é como você, Simone."

--Eu sei que é ruim, mas eu estou aqui quando posso, não estou? - questionei e ela assentiu.

--Só que preferimos que não vá. - Mafe ao seu lado concordou me encarando. - Sabemos que precisa, mas gostamos quando está em casa.

Respirei fundo e elas sorriram de canto.

-- Entendemos, ok? - ela concluiu por fim ao ver me minha expressão frustrada.

Soraya analisava tudo com um sorriso lindo nos lábios enquanto alternava o olhar entre nós três.