"Família"

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Soraya Thronicke

Simone estava numa parte mais alta do gramado, o que parecia comum na área das casas ali. Geralmente grandes mansões muradas, com imensos jardins e áreas de lazer. Ela olhava pro horizonte, a visão era bela devido à altitude...

-Você não vai colocar isso na boca. - eu retirei o cigarro das suas mãos e o apaguei.

A morena olhou pra mim com uma expressão séria, mas o jeito "durão" dela já não me intimidava.

-Janja está vindo. - ela disse baixo, desviando a visão de mim outra vez.

-Ela sabe? - questionei e Simone negou.

-Ela vinha buscar as gêmeas. - Simone disse enquanto colocava as mãos dentro dos bolsos no sobretudo. - E antes que pergunte, ninguém me disse, eu descobri quando me informaram de um jato Tebet em voo ativo.

Ela se calou e evitou me olhar a todo custo.

-Está preocupada?

-Rosangela não consegue lidar com mentiras. - a morena disse séria, convicta. - Ainda mais quando temos nossa mãe envolvida.

- Você precisou fazer isso. Ela vai entender, ok? - tentei convencê-la.

-A última vez que menti pra ela e ela descobriu, tive uma carga de narcotráfico avaliada em milhões, queimada. - ela sorriu de canto.

(...)

Os portões da mansão se abriram e um Cadillac Escalade entrou. A mesma mulher que levou as meninas de Minnessota, qual se chamava Caroline, desceu, e junto delas as crianças. As gêmeas pareciam desinteressadas e cansadas. Estavam desfocadas o suficiente para não olharem pelo ambiente e nos avistar. Já Carolina, sim... a morena retirou os óculos e fixou a visão em nós.

- Droga, elas tinham que escolher um Dobermann. - Simone comentou baixo, com um sorriso forçado e uma expressão de recordação.

Um cachorro de porte grande descia do veículo e aparentemente sem coleira. Sua cor preta chamava a atenção tanto quanto seu aspecto físico. Os Dobermanns são conhecidos principalmente pelo seu extinto protetor referente ao dono, por serem destemidos, obedientes e inteligentes.

-Eu pensava num,Shitszu? - ela disse com um sorriso desagradável. O cachorro caminhava em passos lentos até nós. - Ou um spitz alemão...

-Bolt, pra dentro. - a morena chamou a atenção do animal enquanto andava em direção a ele, ele a olhou instantaneamente, seguindo o comando, mas relutando em fazê-lo.

Simone:

Caroline me abraçou rapidamente ao mesmo tempo em que tinha um sorriso surpreso. A morena também cumprimentou Soraya e em seguida disse que traria as duas meninas. Pediu que eu não fosse muito evasiva já que esses últimos dias tiveram sido bem intensos em questão emocional pra elas, e confesso que isso em deixou um pouco preocupada.

(...)

Soraya:

Simone segurou minha mão por alguns instantes enquanto olhávamos para a porta de entrada da casa. Depois de alguns minutos as duas garotas saíram, a mulher se abaixou para ficar da altura delas e comentou algo. M.Eduarda olhou para trás e deu um sorriso contagiante, observei Simone e ela sorria de volta.

As duas meninas correram em direção a ela, e Simone se agachou para abraçá-las. Eu apenas observava como elas ficavam felizes ao estarem juntas e como a energia de Simone mudava drasticamente. Eu não podia imaginar a verdadeira sensação, eu não era mãe... A forma como a maternidade mudava as ações formais de Simone era extremamente visível. Ela saia de uma mulher civilizada, séria, e chegava a ser uma criança em questão de segundos. A forma como falava, tocava e agia era ingênua e expontânea. Era delicada e absurdamente carinhosa.

Lá Márfia | SIMORAYA Onde histórias criam vida. Descubra agora