podemos remarcar?

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Simone tebet

Eu descia as escadas sozinha, enquanto tinha o celular na mão e de forma desajeitada abotoou a blusa. Tommy me olhava no fim da escada de forma atenciosa... Soraya me alcançou e sua mão entrelaçou-se a minha, e nos guiando, fomos até o cômodo.

Confesso que tudo foi bem prático, por mais que Rio fosse um tanto quanto impaciente e questionador.

Foi divido em: Ele teria mais liberdade e autonomia para facilitar a lavagem de dinheiro que fazia, e em troca comandaria o narcotráfico pra mim de forma discreta. Eu abria portas pra ele, e ele mantinha meus negócios na ativa.

- Sabe que eu poderia te enrolar fácil, não é? - ele questionou com um sorriso fraco, de canto. Sem muita empatia.

-Você ora todas as noites por Deus, não é? Não esqueça de que sou o próprio Diabo sussurrando no seu ouvido. - ressaltei. - Eu saberei cada passo que der...

Ele apertou minha mão, me olhando de forma sútil. Assentiu milimetricamente com a cabeça e em seguida Tommy o guiou para fora da casa. Retomamos o ritmo familiar e jantamos unidos, Fernanda falava sem parar sobre algo que estava praticando no francês, Janja a olhava de forma mais que admirável, assim como Soraya que não mudava o foco do olhar.

Elas interagiam de certa forma avaliando a capacidade da menor, questionando até ver onde ela chegaria. Eu realmente me sentia orgulhosa da sua inteligência, tanto quanto a de Eduarda... ainda eram muito pequenas, porém tinham mentes que futuramente custariam milhões. Eram apteis e habilidosas com atividades práticas, conseguiam focar e dar total atenção a objetividades teóricas e isso era com toda certeza inquestionável.

- Mamãe... - a garota me chamou, retirando-me do transe. E automaticamente meu olhar buscou o seu. - É conspícuo o fato de que queremos estudar de casa, sem frequentar a escola. Pode pensar nisso? - ela me surpreendeu com a pergunta.

-Que isso? Esse bagulho de "conspícuo"?essas meninas falam melhor do que eu. - minha irmã disse rapidamente, encarando de forma surpresa uma das gêmeas.

-É uma decisão de vocês. - ignorei Janja, retornando o olhar para as menores. - Podemos adaptar da forma que se sentirem melhor.

Eduarda assentiu, parando de brincar com a comida no prato, e por fim comendo. Soraya sorriu de canto ao notar a seguinte atitude da pequena, vendo que as pequenas liberdades de decisões estavam começando a fazer efeito e dando mais soberania quanto a expressar-se de forma mais segura.

Isso podia sim, ser visível como um "isolamento social" de certa forma. Mas era por um tempo, seria mais fácil de lidar e até mais confortável pra elas. Havíamos tido esses últimos meses intensos, complicados e nada favoráveis ao emocional.

- Tá, mas o que diabos é "conspícuo"? - questionou após o silêncio se tornar predominante no ambiente.

-Pelo amor de Deus! - Tommy rebateu.

(...)

O jantar foi finalizado porém permanecemos na mesa, os empregados retiraram as coisas e em sequência continuamos lá. Soraya conversava algo com Leila enquanto eu me mantinha com o olhar fixo na tela do celular. Algo na timeline havia me chocado de certa forma e diretamente meu pensamento foi em Maria Clara.

Narradora

A morena de forma paciente levantou-se da mesa e caminhou até o escritório. Não costumava ligar para Maria Clara ou receber chamadas dela, isso era raro. Mas agora compreendia e imaginava que a filha poderia estar em um momento delicado, e sua demonstração de afeto e empatia poderiam ser crucial.

Mesmo que ainda hesitante, ela tomou a decisão de ligar. Seus dedos buscaram a lista de contato, e assim que alcançaram o nome da filha adotiva, a chamada foi iniciada.

Ligação

-Você também já sabe... não é? - questionou assim que atendeu a mãe.

Simone pode ouvir a voz fraca e frustrada filha, com o tom um tanto quanto embargado. Ela estava rouca, parecia ter chorado. Porém agora somente sua respiração era ouvida. Tensa, impaciente e... frágil, era como a morena de olhos castanhos claro se encontrava agora.

-É... eu soube. - disse baixo. - Está em todos os lugares.

Ambas calaram-se em seguida, permanecendo assim por um tempo.

-Eu dei tudo que podia... e mesmo assim foi insuficiente. - a mais nova comentou após alguns minutos em silêncio.

-Ela não ganhou... - comentou.

-Então por que eu sinto que perdi? - questionou rapidamente. 

Simone não tinha como responder aquele questionamento, talvez no fundo... Maria Clara houvesse perdido. Não a pessoa que amava, mas sim a capacidade de acreditar em si mesma de que um dia poderia ser amada.

-Provavelmente daqui uns meses eles se casem, ela seja feliz e... - ela dizia baixo. - Se sinta bem com isso.

Mendes e Millena haviam compartilhado ao público do empresário sobre o relacionamento. A matéria do comunicado de já se espalhava por todas as redes sociais disponíveis. Foi algo repentino e acabou se tornando algo grandioso, gerando questionamentos, surpresas e apoio público.

-A minha proposta de que venha pra casa ainda está de pé. Pode ser uma chance de ficar com sua verdadeira família. - sugeriu.

-Eu juro que quero muito ficar com
você, mas o preciso terminar tudo isso... - remeteu-se aos quesitos da Colcci. - Não posso sair daqui assim.

-Maria Clara...

-Eu prometi a ela que não desistiria.

-É... mas ela já não está mais aqui, está? - questionou.

-Não, mas.. - foi interrompida.

- Você ainda a ama, eu entendo. Mas isso está te matando, você sabe. - a interrompeu.

-É, eu sei.

(...)

Soraya thronicke

Depois de um tempo, Simone retornou a sala. Eu assistia um filme ao lado de Leila, Janja dormia em suas pernas e as gêmeas estavam sobre mim mesmo que estivesse apertado. Madu tinha o rosto enfiado na curva do meu pescoço e Mafe estava deitada de forma extremamente desajeitada.

-Sinto pena da sua coluna. - comentou assim que se aproximou.

- Minha coluna agradeceu pela preocupação. - ressaltei.

A morena tentou pegar a gêmea que dormia, porém foi impedida assim que a menor se prendeu a mim. Ambas sorrimos olhando a situação e por fim sussurrei para que a deixasse ali. Mafe ainda acordada levantou, se aconchegando a Janja, para que sua mãe se sentasse ao meu lado.

- Podemos remarcar a viagem? - ela questionou baixo, frustrada, um pouco envergonhada.

-Podemos. - respondi paciente, compreensiva. - Lógico que podemos.

-Prometo te explicar depois... - ela sussurrou, e seu olhar foi direcionado a irmã e a esposa.

Eu entendi seu motivo, e por fim, dei a ela o tempo que precisava.

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Significado de conspícuo:

1. claramente visível; facilmente notado; que salta à vista.
"as características c. de determinado inseto"
2. que atrai ou tende a atrair a atenção por suas características incomuns.

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