moeda

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Janja da Silva tebet

Aquele início de noite foi difícil. Vi a preocupação no rosto de nossa mãe assim que voltou pra casa, o cansaço emocional em Leila e a inquietação em Soraya.

A garota loira trazida da Colômbia que sempre costumava estar paciente e focada em algo ocupante, agora andava pela casa observava qualquer coisa em busca de algo que lhe interessasse para tirar o foco..

(...)

Simone tebet

Era fim de tarde e eu tinha acabado de chegar a Colômbia. Tommy me guiava pelos corredores do bunker com cerca de 7 homens fazendo minha segurança. Por mais que eu ordenasse tudo ali, imprevistos poderiam acontecer e minha vida podia sim ser colocada em risco.

Adentrei uma sala parcialmente escura, Tommy se afastou ficando próximo a parede e cruzando os braços para trás, em descanso. Os 5 homens ficaram ao seu lado enquanto 2 mantinham a segurança na porta fechada. Todos os 7 portavam armas de alto calibre, bom, eu estava segura.

O silêncio era tremendo, tanto que eu podia ouvir a minha respiração.

As luzes foram acesas e no fim da sala notei Arthur acorrentado, as correntes se prendiam na parede o mantendo de braços abertos e ajoelhado no chão.

-- Ainda tem fetiche em adolescentes? - questionei provocativa e ele se manteve sério. - Eu desenvolvi o fetiche de torturar antes de matar. - comentei enquanto escolhia um adereço torturante em uma pequena bancada móvel a poucos metros do homem.

Virei de frente pra ele e senti o medo nos seus olhos, suas mãos trêmulas e acorrentadas me mostravam seu temor.

--Você é tão abominável quanto eu.. - ele disse falho. - Tão abominável quanto seu papai querido...

Sorri involuntariamente me agachando a sua altura. Ele me olhou nos olhos, esperando que eu falasse, e assim o fiz.

--Você armou a chacina da própria família quando resolveu encostar seu corpo imundo na minha irmã contra vontade. - ele me olhava fraco, indefeso. - Você armou guerra quando veio atrás da minha família, e por isso vou te fazer sofrer como só eu posso. Afinal,sou filha do "papai querido". - ressaltei.

Ele abaixou a cabeça, fechando os olhos depois que me afastei , peguei uma moeda dentro de uma bolsa de grife que eu carregava, me agachei outra vez. Segurei firme em seu maxilar, mantendo contato visual.

--Vamos tirar na moeda... - eu disse divertida e ele me olhou paciente. - Se cair "cara" eu peço que drenem seu sangue e te sufoco nele até a morte... e se, cair "coroa" eu te espanco até ficar fraco e te mato em seguida da forma que eu escolher.

-- As duas formas te beneficiam. - ele disse óbvio e falho.

-- É eu sei, mas gosto de me divertir com elas. Ultimamente tenho caído no costume e é entediante...

Tommy:

A moeda foi jogada e Simone olhou sorridente quando Arthur notou a posição da maldita moeda e a encarou nervoso.

(...)

Bogotá - Colômbia. 16:52 da tarde...

Simone tebet

Arthur estava morto, dentro de um saco jogado ou enterrado em qualquer lugar do mundo. Espancado brutalmente por mim, e morto com um tiro em seu rosto depois de tanto sofrimento.

Seus gritos de dor ainda rondavam minha memória, seu choro ainda me relembrava a sensação de estar naquela sala. E o alívio me deixava bem, o alívio de saber que agora Janja tinha um dos maiores pesos em suas costas vingado.

Meu corpo sujo de sangue demostrava a atrocidade que eu tinha feito. O chuveiro em água fria foi ligado e eu fechei os olhos deixando a água percorrer meu corpo e levar com ela o vermelho sangue e o cheiro ferroso do líquido.

Deslizei pela minha própria pele uma quantidade necessária de sabonete líquido de um cheiro atípico e doce. Retirando de mim todas as impurezas e marcas sanguíneas insistentes...

Depois de um tempo, mãos femininas tocaram minha cintura, um corpo nu se colou ao meu enquanto me abraçava por trás. Senti seu cheiro marcante e suas delicadas mãos passearem pelas curvas do meu corpo.

-- Se sente melhor? - a voz delicada de Gleisi soou como um calmante.

Respirei fundo e senti seus lábios beijarem meu pescoço com cautela.

(...)

Soraya thronick

Sentada naquela cama eu me dava conta da bobeira que eu tinha feito. Provavelmente minha mãe enlouqueceria só de sonhar que eu estava pensando numa psicopata de formas maravilhosas...

Ela me olhou sincera e eu me rendi como uma idiota, querendo acreditar que no fundo daquele coração egoísta, duro e frio pudesse criar um pequeno espaço.

Ela só tinha milhares de personalidades e usava uma delas comigo. E isso me frustrava.

Eram poucos dias e poucos beijos, mas eu havia me entregado com boas intenções e talvez seu pensamento não fosse o mesmo.

Talvez eu esperasse demais de algo tão raso... vindo de alguém tão vazio.

Por alguns segundos me permiti fechar os olhos e sentir seu cheiro doce no moletom em
que eu vestia. Seu primeiro sorriso bobo depois do nosso beijo rondou minhas memórias, seu toque na minha cintura depois de descer aquelas escadas...

droga, eu estava me apaixonando por uma assassina.

(...)

Simone tebet

Virei-me de frente para Glesi, e quando olhei em seus olhos não encontrei o castanho que esperava. Sua feição não era a mesma, seu toque não era igual e sua pele não me fazia arrepiar. Não era ela.

Aquela calmaria ao sentir sua chegada havia passado, e agora eu só sentia, inquietação é culpa.

Me afastei

Ela não tinha aquele olhar doce, a fala gentil ou o jeito atencioso e encantador.

- O que foi? - ela me questionou paciente.

- Não quero. - ela assentiu em silêncio, se aproximou lentamente e voltamos a antiga posição.

-Estou a sua disposição, queira me carnalmente ou não, podemos beber um vinho ou só ficar aqui em silêncio. Ok? - ela disse atenciosa e eu assenti em silêncio.

Eu queria, só não conseguia,não era Soraya ali. E por mais que eu tentasse negar, a alguns dias involuntariamente ela já vinha me controlando.

Lá Márfia | SIMORAYA Onde histórias criam vida. Descubra agora