Eu reconheceria esses olhos castanhos

1K 105 37
                                    

Tommy

Soraya estava nervosa ao telefone, e nem se quer por um segundo conseguiu abandonar o aparelho pra nos dizer o que havia acontecido. Ao desliga-lo a loira sentou-se no chão mesmo, enquanto o choro silencioso era visto...

Suas mãos tremiam e seus lábios rosados demonstravam o quanto ela gritava internamente. Suas pupilas dilatadas me passavam tanto sofrimento, capazes de me fazerem querer chorar.

-Soraya? - a garota mesmo grávida segurou em sua mão. - Eii! Olha pra mim!

Ela estava em pânico, mal conseguia respirar. Naquele exato momento havia desaprendido qualquer ensinamento da sua profissão que podia ajudá-la. Nem mesmo contar de 1 a 10 enquanto respirava, foi capaz de mantê-la em órbita.

Quando conseguiu, finalmente, um gemido doloroso escapou entre seus lábios, e ela se abraçou a Leila rapidamente enquanto cada atitude sua parecia implorar por socorro.

-Eu não quero perder o amor da minha vida... - ela disse, e então naquele exato segundo todos nós soubemos do que se tratava.

Simone havia cometido um erro...

Eu estava estático. A garota que eu tinha como filha podia estar em qualquer maca de hospital morta neste exato momento... 

-Leila... - ela chamou falha, implorando por consolo enquanto a loira mantinha Ohana abraçada a ela.

Eu não conseguia conciliar tudo em tão pouco tempo. Não quando se tratava de Simone. A algumas longas horas atrás estávamos entrando no jatinho pra voltar pra casa, ela havia tido essa viagem de última hora e mesmo que não quisesse cometer um erro... cometeu, e severamente isso lhe foi cobrado de forma tão dolorosa.

-Vamos pra Miami. - a loira que parecia mais estável entre nós três, disse rapidamente pegando o celular das mãos de Soraya e me entregando.

Liguei pra equipe aérea da nossa família e pedi que organizassem o mais rápido possível para que estivéssemos na Flórida em poucas horas. Soraya era incapaz de fazer qualquer coisa naquele momento, portanto, Maria Clara a guiou até o quarto após chegar em casa e receber a notícia. Mesmo em desespero, conseguiu manter-se paciente para dar apoio a madrasta.

(...)

Narradora

Maria Clara conseguia sentir tudo tão intenso, mas ao mesmo tempo tentava manter-se forte ao ver Soraya tão debilitada e em crise de pânico.

Ali, debaixo do chuveiro, abraçada a ela pode sentir todo seu desespero. Os arrepios percorrerem seu corpo e o choro desesperador e doloroso ecoar em meu ouvido.

-Vai ficar tudo bem, eu prometo. - a morena acariciou a cabeça da madrastra enquanto a consolava.

A água fria caia sobre seus corpos, e aquela atitude permitia que Soraya colocasse tudo pra fora. Seu rosto escondido na curva do pescoço de Maria Clara enquanto a morena de olhos verdes deixava beijos molhados em sua cabeça e chorava em silêncio.

De olhos fechados Soraya revivia os momentos com a morena. Os sorrisos lindos e únicos que recebia durante o dia, os beijos carinhosos e esplêndidos... quando viajaram pra ilha e Soraya pode se sentir nos céus, quando ouviu a voz rouca da morena soar doce e tímida ao pedi-la em casamento. Tudo parecia tão vivo em sua mente que nem se quer por um milésimo de segundo pode imaginar a sensação de perdê-la.

-Ela não pode me deixar... - ela sussurrou enquanto chorava.

-E não vai... - a morena segurou o rosto da mais velha, olhando-a nos olhos. - Eu prometo.

Lá Márfia | SIMORAYA Onde histórias criam vida. Descubra agora