Narradora
Haviam se passado alguns dias longos e bem premeditados, entretanto completamente entediantes para Simone. Suas noites pareciam ainda maiores, e muitas das vezes mantinha-se acordada já que pouco conseguia dormir. O bebê estava estável, tanto quanto Soraya, mas sua condição ainda era delicada.
-Ela só precisa de mais um tempinho... - disse sentada no sofá, olhando a morena que mantinha-se estática um pouco distante. - Mantê-la nutrida assim é mais fácil, já que ela não coloca pra fora em seguida. Foi essencial mantê-los assim naquele momento.
-E quanto a anemia? - questionou paciente, esperançosa.
-Revertida aos poucos. - disse séria. - quando a tivermos quase consciente, daremos início as bolsas de sangue.
Simone respirou fundo e assentiu silenciosa, ainda de pé. Caminhou em direção a poltrona, e Kathy ergueu-se indo até ela, sentando-se ao seu lado. O olhar da obstetra foi diretamente no anti-braço da empresária, notando o pequeno adesivo no local. Simone havia doado parte do sangue necessário para Soraya, já que era compatível.
-Sua raiva por mim passou? - questionou com um sorriso gentil e Simone sorriu recíproca.
-Inconclusa. - respondeu paciente, enquanto deslizava o dedo sobre o estofado, em entretimento. - Quando ela acordar e disser que se sente bem, minha raiva por você passará.
Seu olhar insano era protetor demais para que Kathy discordasse. Entretanto, o sorrisinho ladino a fez se sentir um pouco mais aliviada.
-Vamos levar ela pra refazer alguns exames, e em algumas horas... se os resultados forem convincentes... induziremos ela ao retorno. E trataremos ela com consciência.
Simone assentiu compreensível, e então guiou-se para fora do cômodo. Precisava ir em casa, já havia estado ali por mais de 24 horas, pouco conseguiu dormir ou se alimentar como devido. As vezes acabava priorizando demais Soraya e esquecendo de si mesma.
-Quer que eu fique com ela essa noite? - a mãe da loira questionou baixinho, assim que o corpo feminino a abraçou.
-Eu fico. - disse em um sussurro falho, arrastado. - Além do mais as crianças ficam mais calmas com você.
-Tudo bem, eu cuido das gêmeas... mas e você, está bem? - questionou ao deslisar as mãos pelos cabelos longos e macios.
-Acho que não fico bem quando estou sem ela. - respondeu com o rosto ainda escondido no abraço confortante.
De fato não ficava e todos ali percebiam isso. Seu humor era péssimo, impaciente e gélido. Além de que, evitava ao máximo estar em contato social.
-Vamos, vou levar você pra casa. - Maria Clara aproximou-se analisando-a com aqueles olhos verdes e profanos. Antes de repousar as mãos em seus ombros.
Soraya afastou-se de Ivana e com um sorriso tristonho despediu-se. Caminhava pelo corredor enquanto era lateralmente abraçada pela filha. Minnessota parecia tão fria, impiedosa e inabitável naquele momento.
-Não quer comer nada? Posso passar em algum lugar. - questionou ao olhar o relógio e ver que ele marcava 20:30.
-Eu peço algo quando voltar pro hospital, eu só preciso tomar banho, respirar um pouco... fora daquele quarto. - explicou.
(...)
Simone adentrou o chuveiro e pode sentir a água quente percorrer todo seu corpo desnudo, molhando seus cabelos e a fazendo fechar os olhos por alguns minutos. Inúmeras situações hipotéticas passavam-se em sua mente perturbada e insegura, mas em seu interior, a voz feminina da psicóloga ainda chamava baixinho dizendo que tudo ficaria bem. Com toda aquela delicadeza apaixonante, envolvente e santificada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lá Márfia | SIMORAYA
ActionDuas mulheres, vidas diferentes, personalidades diferente,uma fria e calculista,a outra extrovertida e sentimental,mundo ilegal e mundo legal se cruzam,e o inesperado acontece... Créditos da autora original | @uphawand Créditos da capa | @Supercorp...