Entalado

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Simone tebet

Adentrei a casa com Soraya ainda ao meu lado e Janja me olhou irritada.

--Manda as duas embora. - foram suas palavras antes de ficar em completo silêncio e ignorar tudo que eu falava.

(...)

--Será bastante lucrativo. - expliquei sentando ao seu lado.

--Não precisamos. - ela respirou fundo colocando a xícara de café na mesa de centro. - Temos dinheiro pra comprar Minnesota inteira se quisermos. Você não vai participar disso.

Revirei os olhos e ela me encarou séria.

--Estamos bem depois de anos, Sisi. - ela segurou minha mão. - Não pode estragar tudo agora.

-- Janja...

-- Olha ali. - ela apontou para Mafê e Madu que se mantinham deitadas no tapete da sala de jogos enquanto dividiam um tablet assistindo algo. - Pode perdê-las se continuar com essa ganância. - ela disse paciente.

Observei as duas pequenas por alguns minutos e um frio na barriga me atingiu só de imaginar.

--Agora olha pra ela.. - ela moveu a cabeça apontando indiretamente para Soraya. -   Eu vejo a forma que cuida dela, o jeito que a trata e como aparenta ser calma e menos egocêntrica quando tem ela por perto.

--Por que está fazendo isso? - questionei em um fio de voz.

--Porque independentemente do que digamos uma a outra, ainda quero você viva. - ela disse paciente. - Manda a mamãe embora.

Suspirei pesado, indecisa.

--Você precisa dela. - ela olhou para Soraya e voltou a olhar pra mim. - Ela te faz bem. Não a deixe ir, não estrague tudo agora...

Eu encarei Soraya por alguns segundos e Janja tocou meu rosto.

-- Não quero que termine em uma cadeira elétrica após esperar anos no corredor da morte. Você não merece isso... - ela disse com
os olhos marejados. - Não merecemos essa tribulação outra vez.

A observei quase convencida.

--Por favor...

Madu veio em nossa direção com um sorriso magnífico, parecia trazer a conclusão precisa que eu ocultava.

Fechei os olhos ao sentir a pequena me abraçar e sussurrar que estava com sono.

--Pode fazer.

Janja assentiu pegando o telefone e discando um dos números internos e privados que diretamente era conectado ao pequeno "ponto" no ouvido de Tommy. Ela pediu que ele cancelasse a conversa e desse um jeito de que Fairte e Camila saísse.

--Tommy... - ela disse antes de desligar. - Pede pra prepararem o jatinho, vamos fazer uma viagem à noite. - ela concluiu antes de desligar.

A encarei confusa.

-- Lembra que você disse que recompensaria? - ela disse sorridente.

Sorri também e ela subiu pro meu colo envolvendo meu pescoço com os bracinhos e deitando a cabeça em meu ombro.

--Pode levar a tia Soraya? - ela me surpreendeu com a pergunta baixa, feita em um sussurro ao pé do meu ouvido.

-- Eu não deixaria ela, pequena. - respondi sincera levantando-me em seguida enquanto Janja tinha um sorriso doce nos lábios. 

Caminhei em passos lentos até a cozinha e sentando Madu sobre o balcão. Dei a ela um pouco de água já que insistiu beber antes de ir pro quarto. Notei que ela estava um pouco gripada e que estava sentimental, por mais que essa já fosse sua maneira.

Lá Márfia | SIMORAYA Onde histórias criam vida. Descubra agora