Olhos castanhos

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--Ah... - a garota me olhou confusa. - O que faz no quarto da minha mãe?

Seus olhos Castanhos estavam foscos, ela não emanava a mesma leveza que Madu. Me relembrava a morena, relembrava o olhar vazio de sua mãe.

--Eu.. - procurei palavras e da expressão séria dela surgiu um sorriso.

--Não me importo, só queria ver sua reação. - ela explicou paciente e notei que ela agia como Simone.

Era como uma cópia em tamanho reduzido...

--Mas já que está acordada... - ela me olhou eloquente. - Vai me ajudar em algo.

--Não tenho opção?

--Não. - ela revirou os olhos. - Você não tem opção.

Ela segurou minha mão, mas antes de me puxar pra qualquer lugar que estivéssemos indo naquela casa, me olhou de cima a baixo.

--Você fica bem nas roupas dela. - ela disse com um sorriso de canto referindo-se a blusa de Simone qual eu vestia.

Caminhei ao lado da pequena garota de cabelos escuros e olhos castanhos até uma sala bem diferente já vista por mim. Parecia um escritório ou algo do tipo, bem detalhado e intercalando entre o vermelho sangue e o preto fosco.

--O que está fazendo? - questionei ao vê-la sentar-se na cadeira principal e tirar da gaveta lateral da mesa um caixa mediana preta.

--Tia Janja pediu que fizessem um café da manhã pra mamãe. É aniversário dela. E.. - ela me olhou de relance. - Ultimamente ela não tem estado bem.

Me aproximei e ela me encarou séria, persuasiva e paciente. Me explicou que procuraria um momento oportuno pra entregar a mãe quando estivesse a sós com a morena e sua irmã gêmea, a compreendi.

--Do que precisa?

-- Posso ser menos boba e consequentemente menos mimada, e com toda certeza, mais inteligente que a M. Eduarda. Mas ainda sigo as regras da minha mãe... - ela disse com a dicção quase perfeita.

Eu sorri com sua fala e ela sorriu de canto me encarando tranquila com seus belos pares de olhos castanhos.

--Preciso que me ajude a embalar isso. Ainda não posso mexer em tesouras e a tia Leila está ocupada. - ela disse convicta.

Abri a caixinha preta e lá estava um belíssimo colar da Cartier cravejado em diamantes.

--É... incrível. - comentei e ela assentiu.

--Ela não te contou, não é? - ela questionou após meu silêncio continuo. - Sobre a data...

-- Não. - respondi paciente enquanto a ajudava a colocar a caixinha em algo lacrado e decorativo.

--Ela só não se sente confortável... - ela disse paciente, tocando minha mão. - Ainda.

Eu assenti deixando um sorriso terno.

-- Mas me conta, como você arrumou isso? Você só tem 5 anos! - mudei o foco do assunto e ela sorriu sentando sobre a mesa.

--É simples, olha só... - ela pegou o celular qual era seu. - Eu só preciso escolher e mostrar ao Tommy. O que você quer?

-- Não quero nada. - disse sincera e ela revirou os olhos.

--Se eu estivesse na sua posição claramente diria que queria muitas coisas. - ela tocou meu braço. - Vamos lá... escolhe algo.

--Mas... eu não quero nada.

A notei olhar pra tela por alguns minutos e alternar o olhar entre o que passava na timeline e a mim.

--Não importa, gostei disso e combina com você. - ela mostrou algo rapidamente e nem pude ver direito.

--O que você está fazendo? - questionei confusa e séria. - Para, não quero.

--Eu só estou presenteando minha futura... - ela pensou em como dizer. - Madrasta. - soou com dificuldade. - e já enviei ao Tom, não dá mais pra negar.

Eu a encarei séria e ela deixou um sorriso forçado entendendo que havia aprontado.

Ela era completamente diferente da irmã. Era como Janja e Simone, ambas representando uma parte diferente de si. Madu carregava doçura e tinha um jeito carinhoso. Mafê era mais séria, solitária e costumava falar com civilidade. Odiava estudar mas ia sempre bem nas coisas. Eu aprendi muito sobre ela, a observando.

--Acha que ela vai gostar? - questionei baixo, interativa.

--Ah... ela sim, mas a conta bancária dela claramente não. - ela disse dispersa.

(...)

Descemos as escadas lentamente e podemos notar que Simone já estava acordada. Sua voz ecoava na enorme casa enquanto ela conversava com um empregado da cozinha e com Leila. Não entendi o que diziam já que a língua falada era francês.

Me aproximei com Mafê e a garota sentou-se ao lado da tia e da irmã. Repousei as mãos nos ombros da morena e ela elevou uma das mãos acariciando uma das minhas.

Leila desviou o olhar enquanto falava algo com Janja que não tirava o foco do celular. Vi seu sorriso e fiquei tímida. Simone segurou minha mão me guiando pra sentar ao seu lado.

--Onde você estava? - ela questionou baixo, apenas pra mim, paciente.

--Uma das suas filhas me sequestrou. - respondi e ela sorriu de canto.

Enquanto comíamos m, Simone mantinha umas das mãos em minha perna. Onde seus dedos hora ou outra arrastavam-se em lentidão fazendo um carinho paciente.

(...)

Vi as crianças sairem na companhia de Tommy, e ao que escutei elas teriam treinamento de algo. Simone não as isentava das responsabilidades mesmo que estivessem a "passeio". Leila e Janja se levantaram para acompanharem as sobrinhas e por fim fiquei a sós com a morena.

Simone ainda carregava um olhar cansado e agora um tanto quanto preocupante, algo a incomodava e eu sentia que ela estava prestes a dizer. Então mudei o foco a desejando parabéns em um timbre baixo, quase em um sussurro e ela sorriu fraco. Aproximei o rosto e deixei um beijo demorado próximo ao seu maxilar, descendo pro seu pescoço.

Simone tebet

Voltei ao foco depois que ela se afastou mordendo o lábio inferior com um sorriso maldosamente saliente enquanto sua mão acariciava minha coxa.

--Precisamos conversar... - a olhei paciente e ela assentiu em silêncio.

Deixei um beijo rápido em seus lábios e levantamos para irmos até um lugar mais reservado.

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