52 - Desolado

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Triste e perdido o coração se leva, aos confins mais escuros das trevas”.

Jeremy | Melody 

Já nem sabia mais para onde correr em busca de Melody, quando vejo fumaça subindo do céu, meu coração se aperta, e e pra lá que corro.

Melody tinha que estar viva, não posso perdê-la agora, não posso.

— Melody — grito em busca de alguma esperança, mas ninguém responde.

— Melody — grito de novo, mas apenas escuto um galho se quebrar, e cheio de esperança eu me viro, mas não reconheço de primeira quem está na minha frente.

— Quem é você? — eu pergunto, mas ele obviamente não responde quem é, apenas que tinha algo para mim.

A princípio penso em recusar, afinal estava preocupado com Melody, tinha que ver com os meus próprios olhos se ela estava bem.

E foi nesse tempo que demorei pensando, que a pessoa se afastou de mim.

Só ficou eu e aquele embrulho estranho de cor vermelha, mas olhando melhor, não parecia ser vermelho a cor do embrulho, as pontas estavam muito claras, aquilo poderia ser sangue?

Não só poderia, como era, minhas dúvidas acabaram assim que finalmente reparei o cheiro.

Por fim a curiosidade me venceu, me aproximo e abro o embrulho, mas pra que fui fazer isso?

Não consigo pensar em mais nada, só olhei horrorizado coração a minha frente, enquanto minhas mãos buscam rapidamente, e onde outro choque toma conta de mim.

“ Querido Jeremy, 

Por sua recusa em ser meu,

Mais uma vítima foi pra conta,

Quem será a próxima?

Beijos Kyara.

Então era Kyara, era sempre Kyara, ela tinha matado Melody, de novo, não fui capaz de fazer nada.

— Melody, não pode ser, então vai ser assim Kyara? — amassei o bilhete enquanto lágrimas saiam dos meus olhos, meu coração estava desolado.

— Então vai me infernizar até ter o que quer.

Que grande besteira eu fui pensar que poderia lutar contra isso, eu não posso, nunca pude lutar, se Kyara me quer, ela vai ter.

Sem pressa eu me viro, e vou rumo ao castelo, e hoje que isso acaba.

Não sei por quanto tempo andei, estava tão perdido na minha tristeza, que só percebo quando chego no castelo, o crepúsculo já estava começando.

Algo no fundo me dizia que ela estaria lá, talvez fosse nossa ligação macabra, que nos unia sussurrando para onde ir para o meu fim, mas não estava com medo, tudo que me restava era fúria e tristeza, e foi assim que a encarei nas portas do castelo.

— Jeremy, finalmente veio até mim — ela sorriu e se aproximou até ficarmos frente a frente.

— E onde mais eu poderia estar ? — falo de forma fria, e ela ignorando tudo apenas aperta minha bochecha.

— Que bom que já está se declarando para mim, sorrindo ela me deu um selinho e por reflexo me afasto — mas está tão arredio, vou precisar te adestrar mais um pouco, mas não tem problema, o castelo tem muitos quartos — ela falou sem perder o sorriso cruel, e quando dou por mim, a escuridão já estava me envolvendo, mas ainda consigo ouvir alguém reclamando.

— Não é Melody que está aqui.

— Não se preocupe, ela virá, afinal ele está aqui.

Melody 

Ainda sentia o gosto nojento de água do rio na minha boca, todo meu corpo estava tremendo ao ouvir os pais de Jeremy conversar, mas nem de longe podia ser tratado como medo, era raiva.

De novo eu podia acabar perdendo alguém que amo, sem chance que iria deixar isso acontecer facilmente.

— E nossa culpa, de novo chegamos atrasados — falou a mulher.

— Não mãe, se for falar em culpa, sou eu quem devia dizer algo, afinal Yan foi falar comigo,e dei pistas de onde eles poderiam estar — Aline falou com os olhos marejados de lágrimas.

— Não pense assim querida — falou o homem — não dá pra atribuir culpa a alguém se a pessoa não fazia ideia do que estava fazendo.

— Então o que vamos fazer ? — ela perguntou fungando.

— Por enquanto vamos investigar a cena — falou a mãe — afinal ainda não sabemos o que aconteceu com Yan.

— Enquanto eu vou buscar mais ajuda — falou o pai — Bruxos são sempre problemáticos demais para lidar com poucas mãos.

Os três concordaram de forma silenciosa.

— E quanto a Melody? — perguntou Aline.

— Quero ajudar, sem chance de eu ficar parada sem saber onde Jeremy está, ou se está bem — falei firme.

— Mas você quase se afogou — Aline logo argumentou contra.

— Mas não afoguei — eu só estava mais lenta, mas sem chance que isso afetaria a minha determinação — quero ajudar.

— Gosto da sua determinação — falou o homem — mas por enquanto não é seguro para seu corpo fazer muita coisa, então é melhor não  exagerar — fiquei alguns segundos pensando onde Jeremy poderia estar, mas não demora muito e logo me vem uma resposta, o castelo.

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