|15| 𝙵𝙾𝙶𝙾 𝙿𝙾𝚁 𝙵𝙾𝙶𝙾

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𝐹𝑜𝑔𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝐹𝑜𝑔𝑜

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A corte estava reunida na galeria do trono. Rhaenys ocupava o Trono de Ferro, enquanto Aegon ainda não havia retornado de Dorne, e Visenya estava em uma reunião estratégica com os soldados da fortaleza.

Rhaenys sempre se dedicava a resolver uma série de questões do reino, muitas delas trazidas por cidadãos em busca de ajuda. Em sua maioria, eram mulheres e crianças, e ela sentia um profundo prazer em ajudar o povo comum. Sempre que possível, Rhaenys percorria as ruas de Porto Real e de outras cidades, realizando doações e promovendo ações comunitárias.

Mas, aquele dia em específico, já se mostrava exaustivo, com vários casos difíceis para serem resolvidos. Por último, um homem foi trazido diante dela, um pequeno comerciante de Porto Real, trazendo consigo um pequeno bastão. Atrás dele, vieram outros homens, parecendo furiosos com a presença dele no local.

— O que há para contar, senhor? — ela perguntou.

O homem parecia relaxado, enquanto os que o acompanhavam ostentavam expressões furiosas.

— Majestade, este homem espancou nossa irmã até a morte e alega ter o direito de fazê-lo! — acusou um dos homens que vieram atrás dele.

— Encontrei minha esposa na cama com outro homem, Majestade. O direito do marido é claro! — defendeu-se o homem com convicção.

Rhaenys detestava lidar com casos como esse. A raiva crescia em seu coração ao ouvir tamanha brutalidade. Ela sempre buscava defender e ajudar as mulheres, mas a fé dos Sete era inflexível, e em muitos casos, ela se via impotente.

— Qual é a sua defesa para isso? — indagou Rhaenys, tentando manter a compostura.

— Este bastão — disse o marido, exibindo um pequeno objeto. — Majestade, não é mais grosso que meu polegar. Prova de que agi com justiça!

— Ele desferiu cem golpes, Majestade, cem! — protestou um dos irmãos da mulher.

— Sou o marido dela, tenho direito sobre isso.

Um murmúrio percorreu sobre o salão. Rhaenys queria condená-lo por isso, mas não sabia se era a alternativa certa diante das leis. Ela sentiu a vontade de revirar os olhos, mas precisava ser diplomática.

— Eu vou me esclarecer sobre isso. Levem-me aos meistres e septões.

Rhaenys seguiu para uma sala reservada próxima ao trono, onde os meistres aguardavam.

— A defesa do marido se baseia em um antigo direito do marido, que permite a punição à esposa infiel. Esse direito é reconhecido pelos Sete Reinos, exceto em Dorne — explicou o meistre.

— Mas há algum porém? — questionou Rhaenys.

— Até o momento, não, Majestade. Mas como Rainha, você pode interferir.

— Infelizmente, não podemos mudar o julgamento do adultério. Seria como interferir na fé dos Sete — disse o septão. 

— Mas o castigo pode ser limitado a seis golpes, reservando o sétimo para o Estranho, a face da morte, certo? — Rhaenys perguntou e os dois assentiram. 

Rhaenys analisou a situação e decidiu voltar ao salão do trono.

— Senhor, pela lei, o senhor tem direito a punir sua esposa diante desse caso — começou Rhaenys, e o marido riu como se estivesse vencendo. — Entretanto, deve existir uma tolerância de seis golpes. Os seis primeiros foram legítimos, mas os outros noventa e quatro restantes foram uma afronta aos deuses e à justiça. Assim, como o senhor infringiu a lei e ofendeu a fé, deve ser condenado.

𝐀 𝐅ú𝐫𝐢𝐚 𝐝𝐨 𝐃𝐫𝐚𝐠ã𝐨 - 𝐎 𝐓𝐑𝐈𝐎 𝐃𝐀 𝐂𝐎𝐍𝐐𝐔𝐈𝐒𝐓𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora