me sinto às vezes. na maioria das vezes. enviesada. como uma máquina machine quadrada na frente dessas telas azuis que embaralham as minhas vistas, me acelera e me deixa repetitiva. presa a rotina. que é sempre a mesma todos os dias. e os dias são todos iguais. todos os dias. a noite que se esvai diante as horas que sempre são poucas. e nunca são suficientes para reparar. para desacelerar. para descansar. cansada. como me sinto as noites e os dias. cansada. a mesma rua. o mesmo trajeto. a mesma calçada esburacada. os mesmos lixos na encosta das avenidas. os mesmos barulhos. o mesmo motorista. o mesmo cobrador. a mesma catraca. o mesmo assento. o mesmo sinal vermelho e verde. para. avança. vira. contorna. freia. espera. acelera. freia. espera. e assim se vão os dias. e assim vêm os dias. novamente. novamente. novamente. me perco por entre as falhas dos meus dentes ao tentar silabar as extensões ostensivas da minha mente tão difusa e um tanto medusa. e muitas das vezes falha. o click. click. click. do mouse e o deslizar da seta para lá e para cá. o que almeja ela, me hipnotizar? para lá e para cá. para lá e para cá. para lá e para cá. para lá e para cá. para lá e para cá. logo os meus olhos
desejam cair. pesados. cansados. exaustos. pelas nuvens cibernéticas. as chuvas numéricas e as avalanches de informações que nunca param de chegar. que nunca se cessam. que nunca se cansam. e que me engole como poeira. fragmentada. instável e polarizada. poluente e devassada.
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diário poesia
Puisinotas poéticas diárias narradas como um diário escrito ao final de mais um longo dia onde nem sempre há espaço ou tempo que caiba poesia, mas que ao tirar seus pés de dentro do sapato apertado, soltar seus cabelos e descalço repousar serena sob as v...