o meu ponto final
foi me deixar levar
até o mais longe
perímetro significativo
dum lugar abismo
sem mora-moral
sem amor. sem juízo.
num abandono-jazigo
remorso. infeliz. catastrófico.
muito distante de mim
fui perdendo pedaços
fui perdendo espaço
fui perdendo contato
fui perdendo o tato
em percalços de ilusões
e estragos
estive diante do final
e fui até o fim
pois só nos destroços
teria matéria suficiente
para me reconstruir
e em fé quem sabe até
algo novo construir
no lugar
nos lugares
inóspitos e inabitáveis
que a dor
e a solidão deixaram
marcados e constituídos em mim
foi assim que eu pude ir
com esses pés
com essas pernas
e da mesma maneira
foi assim que pude ressurgir
e uma nova estrada construir para andar
com aqueles mesmos pés
e aquelas mesmas pernas
mas agora
com uma lucidez interna
que nada mais
será capaz
de tirar de mim.
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diário poesia
Puisinotas poéticas diárias narradas como um diário escrito ao final de mais um longo dia onde nem sempre há espaço ou tempo que caiba poesia, mas que ao tirar seus pés de dentro do sapato apertado, soltar seus cabelos e descalço repousar serena sob as v...