o que me espera os olhos? o que pensas sobre mim. será que pensas em mim. sabe já te vi por aqui, fazia sol. o céu era azul. e não havia se quer uma nuvem para encobrir o calor que você me fazia sentir ali. era verão e eu como sempre antiquada para a estação. coberta de tecidos que se remexiam e se contornavam na minha pele com o balanço do vento. que era leve e sútil. e passageiro. era brisa. e que delícia era te sentir. te ver. te tocar. lembro dos olhos. aqueles castanhos. amendoados. que invadidos pela solaridade do sol. como um cristal reluzia tons melados. dourados e hora esverdeados. como os olhos de um leopardo. ágil. voraz. e atento. que ao me olhar. era como uma invasão. mas não daquelas invasivas e violentas. não me senti invadida, mesmo sabendo da tua invasão dentro de mim. me senti despida. nua. bem ali no meio da rua. e todos aqueles tecidos que envolviam o meu corpo era como se não estivessem mais ali. e o sol e os seus olhos me descobriam. despetalando. desnudando. gentilmente e carinhosamente. você me olhou como quem já me conhecia. de verdade. sem nenhuma invenção. sem nenhuma intervenção. apenas os seus olhos e eu ali a serem olhados. a serem vistos. e a serem observados. nunca me senti tão envolta e tão preenchida. e tudo por um olhar. o seu olhar. os seus olhos. que nada esperavam de mim. e nada queriam de mim, além de me olhar. e eu nunca me senti tão admirada e tão abraçada, e tão respeitada e tão acalentada por um olhar como o seu.
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diário poesia
Poesianotas poéticas diárias narradas como um diário escrito ao final de mais um longo dia onde nem sempre há espaço ou tempo que caiba poesia, mas que ao tirar seus pés de dentro do sapato apertado, soltar seus cabelos e descalço repousar serena sob as v...