Nota 2 - leopardo

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o que me espera os olhos? o que pensas sobre mim. será que pensas em mim. sabe já te vi por aqui, fazia sol. o céu era azul. e não havia se quer uma nuvem para encobrir o calor que você me fazia sentir ali. era verão e eu como sempre antiquada para a estação. coberta de tecidos que se remexiam e se contornavam na minha pele com o balanço do vento. que era leve e sútil. e passageiro. era brisa. e que delícia era te sentir. te ver. te tocar. lembro dos olhos. aqueles castanhos. amendoados. que invadidos pela solaridade do sol. como um cristal reluzia tons melados. dourados e hora esverdeados. como os olhos de um leopardo. ágil. voraz. e atento. que ao me olhar. era como uma invasão. mas não daquelas invasivas e violentas. não me senti invadida, mesmo sabendo da tua invasão dentro de mim. me senti despida. nua. bem ali no meio da rua. e todos aqueles tecidos que envolviam o meu corpo era como se não estivessem mais ali. e o sol e os seus olhos me descobriam. despetalando. desnudando. gentilmente e carinhosamente. você me olhou como quem já me conhecia. de verdade. sem nenhuma invenção. sem nenhuma intervenção. apenas os seus olhos e eu ali a serem olhados. a serem vistos. e a serem observados. nunca me senti tão envolta e tão preenchida. e tudo por um olhar. o seu olhar. os seus olhos. que nada esperavam de mim. e nada queriam de mim, além de me olhar. e eu nunca me senti tão admirada e tão abraçada, e tão respeitada e tão acalentada por um olhar como o seu.

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