Soraya passou os dedos nos lábios para na vã tentativa de sentir a mesma sensação de segundos atrás, mas nada se comparava aos lábios majestosos de Simone, que com apenas um toque era capaz de despertar sensações nunca vividas pela loira.
Depois de alguns minutos no gabinete, Soraya decidiu voltar para casa e tomar um banho, procurou Carlos César no andar de baixo e não o encontrou, o marido levantava pontualmente às seis da manhã, não era possível que ainda estivesse dormindo.
Deusdete deitada no sofá correu para cheirar Thronicke que apenas afagou o animal, queria saber onde Carlos César estava. Desejou que o encontrasse com alguma mulher na cama, não se abalaria, mas facilitaria a entrada do pedido de divórcio.
Ledo engano.
— Então resolveu aparecer? — o homem riu sarcasticamente na tentativa de dar um nó na gravata. Soraya se aproximou para ajudá-lo, mas ele negou se esquivando. — Eu sei fazer um nó, com a sua falta constante aqui em casa aprendi.
— Está indo aonde?
— Em uma reunião. — encarou-a ao finalizar o nó. — Não tenho horário para chegar. — fez menção ao que a esposa havia dito na manhã do dia anterior.
— Eu trabalho, Carlos César. — sentou-se na cama. — Ontem fiquei até tarde porque estava trabalhando.
O homem se aproximou abruptamente a olhando profundamente.
— E esse cheiro de Whisky barato faz parte do seu trabalho também, Soraya? — a loira engoliu seco. — Juro por Deus que se eu descobrir que você está me traindo, eu acabo com o seu amantezinho pobretão e com você.
— Eu não estou te traindo, Carlos César! E se estivesse não seria com um pobre, seria com alguém muito melhor que você.
— Você adora me tirar do sério. — se afastou.
— Eu estava com a Simone e resolvemos relaxar um pouco, o trabalho no Senado é estressante.
— Preferia que estivesse me traindo.
— Não entendo esse ódio que você tem pela Simone.
— Tem horas que eu duvido que você seja tão sonsa a esse ponto.
— Então diga, homem! — esbravejou se levantando.
— Estou atrasado, qualquer coisa me liga. — aproximou-se da mulher depositando um beijo em sua bochecha. — Eu te amo, Soraya. — ela o olhou e apenas sorriu.
Carlos percebeu que não havia recebido uma resposta da esposa, sentiu seu coração quebrar em mil pedaços, sabia que seu relacionamento com Soraya estava esfriando, mas não imaginava que a esposa hoje, já não o amava mais.
No dia vinte e três de dezembro, não entrou em contato com Simone, sabia que a mulher estava altamente ocupada se preparando para assumir o cargo de ministra e não atrapalharia até que ela resolvesse ligar.
Já dia vinte e quatro, ambas as mulheres passaram a véspera de natal cada uma com sua família, Simone viajou até São Paulo, terra natal de seu marido para passar o feriado com a família do esposo e suas filhas, já Soraya, ceiou com Carlos César, aquele clima horroroso estava aos poucos amenizando e o marido, era a sua família mais próxima.
Nos dias vinte cinco e vinte seis ainda sem se comunicarem, ambas as mulheres mantinham-se em casa, a ex-prefeita voltou para Brasília e seu marido para Campo Grande. Simone atolada de serviço até mesmo no recesso e Soraya se forçando a trabalhar para não pensar tanto em Tebet, passou os dias ao lado de Deusdete enquanto Carlos César viajava a trabalho prometendo voltar antes do ano novo.
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Escolhas e Ideais - Simone e Soraya
FanfictionApós a despedida de Simone do Senado, Soraya percebe que a partir dali seus sentimentos pela nova ministra devem ser ignorados. Mas não esperava que as simples coincidências a fariam mudar de ideia. Colocando à prova os seus ideais a partir de suas...