Ter você apenas no escuro

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Soraya acordou com um som agudo adentrando sua cabeça a cada quinze segundos, demorou para perceber que aquele emitido, era da campainha de sua casa. Não sabia que horas eram, muito menos quem a perturbava, mas sabia que não tinha despertado no seu melhor humor e quem a fez levantar sabe Deus que horas iria pagar o preço.


Sentiu seu corpo se arrepiar quando desceu da cama e colocou os pés descalços no chão gelado, repreendeu-se por não ter concordado com Carlos César em instalar um carpete no chão em todos os quartos mediante ao imaginário da falta de higiene e todos os tipos de insetos que aquele objeto poderia ocasionar.

Antes de descer abriu a janela do quarto, com a claridade do sol e ao longe o som do trânsito, podia perceber que passava do meio-dia.

Aquele som irritante voltou a tocar, caminhou até o banheiro e bocejou uma dose do enxaguante bucal, vestiu o robe e finalmente desceu.

Diferente do que era acostumada a fazer, dispensou olhar pelo olho mágico e evitar abrir a porta para uma visita indesejada, dado ao fato da inconveniência e impaciência, mesmo que quisesse se esconder de alguém, seria vencida pelo cansaço e a saúde de seus ouvidos.

— O que está fazendo aqui? — questionou ao ver Simone parada na frente de sua porta. Apoiando no batente da porta, colocou um pé em cima do outro.

— Vim conversar com você.

— Agora? — riu.

— Eu estava ocupada. — a morena não possuía expressões.

— Já estou exausta dessa sua frase, Simone. — confessou revirando os olhos. — E se eu não quiser mais conversar com você?

— É um direito seu. — deu de ombros.

Soraya mordiscou o interior de sua bochecha, a curiosidade um dia ainda iria a matar.

— Entra. — sem obedecer, Tebet olhou para as escadas. — Carlos César não está aqui, ficará dez dias em São Paulo.

A ministra olhou mais uma vez para a ex-aluna antes de entrar.

— Licença. — limpou a garganta e se virou para a loira. — Desculpa vir assim.

— Sente-se. — apontou para o sofá acompanhando a morena.

— Como está?

— Não me venha com essa, Simone! — a ex-senadora arregalou os olhos. — Vá logo ao ponto de que foi tudo um engano, que você estava carente e que a primeira pessoa que passou na sua frente e demonstrou o mínimo de atenção por você, se deixou levar.

As veias saltadas na testa da loira indicavam o nível de sua raiva, Simone por outro lado mantinha uma de suas sobrancelhas arqueadas sem muito entender.

— É isso que pensa de mim?

— E isso importa agora? — devolveu. — Por que na hora de me ignorar e me tratar como uma qualquer você não se importou.

— Não te tratei como uma qualquer.

— Não mesmo, fez pior! — olhou-a de cima a baixo, em seguida voltando aos olhos marcantes. 

— Por que com uma qualquer a gente ainda tem respeito e ali, você demonstrou que por mim você não tem.

— Não viaja, Soraya. — revirou os olhos. — Eu vim justamente lhe dizer o por que fiquei longe.

— Veio até aqui por que me rastejei ao seus pés atrás de uma resposta! — disse revezando seu olhar nos de Tebet. — Por que nem me dizer o motivo você teve a decência de fazer.

Escolhas e Ideais - Simone e SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora