- ( II ) -

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Após algum tempo caminhando até o quartel de Esparta, Leandros deixaria Alfeu, Laila e Vitrúvio do lado de fora, esperando com suas pequenas filhas, enquanto entraria junto de seus dois filhos, que se despediriam de suas irmãs pouco antes.

Ao entrarem no quartel, Leandros iria em direção à recepção do quartel, onde veria um homem com marcas de guerra, aparentemente um veterano, aposentado, sentado sobre uma bancada, ao lado de um autômato, recebendo-os e dizendo:

– Leandros, meu velho camarada... – sorria pro Hécaphaesticos e o cumprimentava. – Faz um tempinho já que não o vejo, me diga, o que andou fazendo? – perguntava o sujeito, enquanto Leandros suspirava fundo pouco depois e mostrava seus filhos, sendo entendido pelo homem.

– Estou aqui para matriculá-los, Tideu... eles também são meus filhos, tenho aqui a documentação e o registro necessário. – diria Leandros, entregando para o veterano, que então arquearia a sobrancelha.

– Você chegou em uma hora bem complicada, meu amigo, sabe... a próxima turma, na qual seu outro filho, Kleomenes, está, entrará muito em breve, e todas as famílias espartanas já inscreveram seus filhos desta mesma faixa etária, como posso encaixá-los nisso? Sendo que não houve sequer uma apresentação formal de um familiar? – perguntava Tideu, enquanto Leandros levava a mão na cabeça e refletia profundamente.

– Eu entendo a demora que tive em apresentá-los, mas não posso deixar que eles deixem de receber a melhor educação do império apenas por um erro que nem é deles... é um favor muito grande que estou lhe pedindo, Tideu, pelo grande amigo que você sempre foi e sempre cuidou de meus filhos no agogē. – diria Leandros, enquanto o veterano suspirava fundo e massageava a própria barba.

– Está bem... está bem, acho que posso encaixá-los como os últimos da lista. Depois disso estamos quites, Leandros. – diria Tideu, se lembrando de uma certa ocasião em que Leandros havia salvado sua vida.

– Devo deixá-los aos teus cuidados? – perguntava Leandros, sendo afirmado pelo homem.

– Vamos dar roupas novas para eles e depois iremos apresentar seus quartos. – diria Tideu, enquanto o espartano se agachava à mesma altura deles, que demonstrariam grande temor diante da situação.

– Meus filhos... eu sei que o tempo que tivemos juntos foi muito curto, e que nesse pouco tempo suas mães... – veria as crianças visivelmente tristes, suspirando fundo. – Mas o local que estou confiando a segurança de vocês será tão acolhedor quanto o colo de uma mãe e o abraço de um pai, pois entrarão aqui meninos e sairão homens, guerreiros... Os guerreiros. – levaria as mãos às cabeças deles. – Por isso, eu quero que me prometam que, aconteça o que acontecer dentro daqueles portões, vocês nunca irão desistir, não pela minha honra, mas pela honra de vossas mães, que podem não estar aqui, mas acompanham-nos onde quer que vocês vão! – diria Leandros, enquanto as crianças o abraçariam

– Nós prometemos... – apertavam mais forte ainda o abraço e diriam uma palavra inusitada. – Papai! – diriam ambos, fazendo Leandros sentir algo que não havia sentido antes, mesmo com seus outros filhos: Afeto.

Assim, Leandros, segurando suas lágrimas, algo que nunca havia acontecido com ele antes, se despediria de seus filhos e sairia do local sem dizer uma única palavra, respirando fundo várias vezes, enquanto sua esposa, Laila, se aproximaria e diria:

ΠΕΠΡΩΜΕΝΟ (Destino), A Tumba de HeráclesOnde histórias criam vida. Descubra agora