capítulo 22

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Lá era silencioso demais, não que eu não goste, mas a cena de Tyler matando Enid me deixava maluca. Além da raiva, eu pensava em Enid todo o tempo, se ela estava bem, se tinha sobrevivido.
Enid falando "não importa se eu morrer agora" realmente me afetava, no começo, pra mim, isso seria incrível, mas agora... Agora eu não conseguia imaginar meu mundo sem Enid comigo, eu vi ela morrer bem na minha frente e eu só matei alguém, eu não a salvei. Claro que foi bom ver Tyler morrendo, eu podia sorrir de prazer vendo isso, mas Enid...

P- Levante daí! - olhei para a grade, um policial estava segurando uma bandeja, me olhando.
W- Por que?
P- Porque estou mandando, pegue essa merda. - ele passou a bandeja pelo pequeno buraco que havia na porta da cela, mas quando levantei, ele soltou.
P- Opa. - ele começou a rir e saiu andando.
Eu não estava bem mentalmente para comer qualquer coisa. Eu só queria saber se Enid estava bem.
























Depois de muito tempo não fazendo nada, eu perdi a noção do tempo, não sabia que dia era, se era dia ou noite lá fora, eu não sabia o que estava acontecendo, minha mente estava me fazendo enlouquecer. Os policiais me tratavam como lixo, não que eu me importe, mas na situação que eu estava, isso me dava ódio, eu só queria poder socar Tyler mais uma vez, mas sem ter Enid morrendo do lado.
Levantei da cama, fazia tanto tempo que estava ali que tinha me cansado de ver paredes cinza, eu odiava aquele uniforme que era obrigada a usar. A corrente me permitia andar por toda a cela, até tocar na grade, mas nada além disso.
Parei em frente a pia, lavei o rosto, e quando ergui o rosto, tudo ficou escuro, as correntes sumiram, a cela sumiu. E quando me virei olhando aquela imensidão sem nada, eu senti a mão gelada de Enid, ela apareceu em minha frente, e eu tentei toca-la, mas ela sumiu.

Voltei a ver a pia, ver a cela, ver tudo aquilo. E eu podia jurar sentir meu corpo esquentar como na noite em que perdi Enid. E de novo, eu não me controlava mais. Eu precisava bater em algo, isso se tornou uma necessidade.
Eu bati na parede, ignorei a dor que sentia em minha mão, e continuei batendo, batendo, batendo, e batendo cada vez mais. Quando meu sangue se misturava com o pó que caia da parede, eu parei. Olhei pra minha mão, sangrava demais, mas eu não liguei. Um buraco se abriu na parede, dava para o outro lado, mas parecia ser uma sala escura.
Limpei as mãos no uniforme, enrolei minhas mãos nele e esperei o sangue parar de sair de minha mão. Quando senti que minhas mãos estavam secas de novo, tirei daquele uniforme, que agora, não era só laranja.
Eu não sei se era por causa de não comer, mas me senti fraca, e mais uma vez, eu apaguei.
Acordei um tempo depois, eu acho. Tudo parecia normal, mas eu tinha cansado de ficar apagando assim, então decidi comer alguma coisa. Eu não lembrava quanto tempo estava ali, ou se fiquei muito tempo sem comer, mas a comida estava realmente boa. Eu poderia comer aquilo todo o dia se me dessem.
Não vi o tempo passar, de novo, mas podia sentir que parecia estar de tarde, mas talvez não fosse o mesmo dia. Muito tempo se passou, muito. Eu já não me importava com nada.
De repente, outra daquelas visões apareceu, mas nessa, Enid chamava meu nome, ela estava desesperada, mas o que eu faria? Não era real. E quando eu surtei de novo, eu consegui quebrar a pia, um pedaço afiado de porcelana caiu no chão, e eu não pensei, peguei e coloquei na reta da veia do meu braço, o que importava agora?

Quando eu comecei a cortar, a porta do corredor abriu com força, mas mesmo querendo ver, eu não fui, continuei ali. Eu terminei de cortar.
P- Segurem ela! - um policial disse. Espera... Ela? Me virei assim que ouvi, meu braço sangrava, mas eu não tinha noção do quanto. Quando vários policiais passaram correndo pelo corredor, minha visão começou a ficar embasada. E alguém passou na direção contrária dos policiais, alguém com uma roupa de hospital, não conseguia ver o rosto, mas quando forcei os olhos, eu vi uma mecha de cabelo azul e do outro lado rosa. A pessoa parou na frente da cela. Ela falava algo, mas eu não escutava nada.
W- Enid? - foi a única coisa que consegui falar, antes de cair. Senti algo muito molhado quando caí, possivelmente sangue, já que eu tinha acabado de cortar o braço tentando me matar.

Eu Realmente Gosto De Você - Wenclair Onde histórias criam vida. Descubra agora