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(30) More than love

Jeon Jungkook

- Meu bem, pode abrir a porta pra gente conversar? Por favor. - pedi, pela quinta vez. Eu precisava acalmar Jimin para que ele conseguisse dormir, Linus se tornou muito importante para ele e agora eu me arrependia de não ter procurado saber de onde era aquele pato que encontrei na sala meses atrás, antes de lhe jogar pela janela.

Agora a filha de Sehun estava chorando na minha casa enquanto seus pais preguejavam até minha última geração. Ela devia entender que Linus é especial para Jimin, ela já tem muitos brinquedos, droga, ta bom, ela não tinha obrigação de entender nada disso porque a culpa era toda minha, mas podia ao menos facilitar minha vida aceitando meu acordo.

- É sério, não quero obrigar você a falar comigo, me desculpa se estou perturbando muito, só estou mesmo muito preocupado.

Jimin não queria me ouvir, e eu só conseguia ouvir ele fungar do outro lado da porta, como se estivesse sentado do mesmo jeito que eu, com as costas escorada na madeira e quando tudo tivesse bem, eu contaria a ele que fizemos uma cena de filme sem perceber, como todas as outras coisas como essa que contei a ele, provavelmente o loiro ficaria empolgado e guardaria a informação.

Meu namorado é único e o fato de coisas que parecem tão idiotas significar tanto para ele fazia com que nossos momentos se tornassem ainda mais especiais. Eu me sentia um bobo, na verdade, eu era completamente bobo por ele e a ideia de continuar sendo faz parte do que quero.

Certo! Agora não era um bom momento para pensar nisso, eu tinha algo para resolver e apesar de estar farto daquela família na minha casa, seria melhor mantê-los lá até que a criança aceitasse me ajudar.

Voltei para casa e chamei meu pai até meu quarto, ele com certeza aceitaria me ajudar e não julgaria Jimin, não que minha mãe fosse fazer isso, mas eu estava com medo de que ela se metesse em problemas no trabalho e acabasse perdendo seu sócio.

- Jungkook você é inacreditável! - ele disse incrédulo, mas sem conseguir conter o seu riso frouxo. - Como pode dar as coisas sem saber de onde veio, sabe que não temos brinquedos aqui, é claro que não era nosso.

- Eu sei, eu sei, mas eu não estava me importando com isso, e agora estou com problemas. Me ajuda a recuperar o patinho, por favor.

- É claro que vou ajudar, filho, só não acho que vai ser fácil convencer aquela garotinha, ela parece gostar muito daquele pato esquisito.

- Ele não é esquisito, ele é nosso filho, e é fofo.

Pelo amor de deus o quê que eu tô falando!

- Sim sim filho, é muito fofo, agora vamos lá tentar recuperar meu neto.

Como planejado esperamos mamãe sair da cozinha com os convidados e no momento que estivessem conversando no jardim iríamos voltar a tentar. O que realmente demorou muito. Sehun falava muito e eu sinceramente odiava tudo que saia de sua boca e pelo que conheço meus pais, eles também odiavam e pareciam estar sempre esperando que o limite fosse atingido para eliminarem de vez aquele homem de suas vidas.

- Sehun eu sinto muito em ter que incomodar você e sua filha com esse assunto, talvez não tenham entendido mas foi um grande mal entendido esse pato ter sido encontrado nas mãos do nosso vizinho.

- Eu entendo, ele tem mesmo uma cara de quem entra na casa dos outros para pegar o que não o pertence, o fato é que minha filha já recuperou o que é dela.

Eu deveria jogar aquele café quente nele, pena que eu não podia.

- Jimin não roubou nada. Eu dei a ele sem saber de quem realmente era e preciso pegar de volta - retruquei sentindo os olhares que encaravam meu pai se direcionarem a mim, nada contentes com minha postura. - Jimin é muito apegado a esse patinho e está até agora muito abalado por ter perdido seu amigo, eu sei que sua filha tem todos os brinquedos que deseja e peço que por favor faça um acordo comigo para que esse urso volte a pertencer ao loiro.

- Querida Jisoo eu realmente não esperava que sua família fosse tão conturbada assim, brigar por pelúcia... só pode estar fazendo alguma pegadinha com meu marido - a senhora ao lado disse incrédula, revirando seus olhos pela terceira vez.

Talvez agora eu entendesse pelo menos um por cento da dor que Jimin sentia por estar sempre sendo criticado por coisas tão importantes para ele, que não eram nada para os outros. Eu nunca brigaria por um pelúcia e de forma ignorante em outro contexto eu acharia ridículo, mas não consigo achar aquilo banal, era algo especial para Jimin e de certa forma para mim também, não tinha porque rir de algo que valia muito para ele.

- Eu não tenho ideia do por quê o brinquedo da minha filha ser tão importante para o pirralho lá, e isso também não me interessa.

- Jimin é um jovem autista, isso pode lhe explicar o porquê de ser tão apegado a esse patinho, tem um grande valor emocional a ele, e é seu melhor amigo - minha mãe nos surpreendeu quando de repente começou a falar. - Eu não posso esconder o quanto você me decepcionou hoje quando o tratou daquela forma, e não pretendo continuar tendo contato com quem esnoba de pessoas que eu amo, o namorado do meu filho faz parte da minha família e de forma alguma vou permitir que o trate mal, entregue a droga do patinho agora ou denuncio você pelas assinaturas falsas que usou na minha empresa achandoqueveu era uma tola e não notaria. Além do mais, nosso contrato também acaba aqui.

Eu de fato não era o único surpreso ali, meu pai podia passar a noite inteira soltando fogos se não fosse contra isso, só para mostrar o quanto tinha orgulho esposa. Eles costumavam fazer negócios juntos mas quando faziam negócios individuais respeitavam a decisão um do outro sem se meter, então se segurou muito todo esse tempo para não expulsar o sócio dela da nossa casa e provavelmente não esperava que ela fosse fazer isso.

Sehun parecia chocado pelo fato da minha mãe saber tanto, ela também era ciente de que ele só a procurou por ter o pensamento antiquado de que mulheres não conseguem tomar conta de empresas, então sempre pensou que ela seria um alvo fácil para ele enganar. O que lhe deixava completamente enganado, minha mãe sempre soube usar todas as cartas que tem e se tentam engana-la ela mostra as regras.

- É bom que fique mesmo com esse pato, eu não quero que minha filha toque nas coisas que já estiveram na mão daquele nojento. Passar bem, família Jeon.

- Passem bem, bem longe de mim e da minha família- retrucou minha mãe.

Eu pude ouvi-los do carro, e agora não me interessava saber sobre suas provocações sujas, eles não eram importantes para mim e agora se tornariam apenas más memórias que eu pretendia esquecer logo.

- Filho, está bem?

- Estou sim, mamãe. Na verdade, estou muito agradecido por terem me ajudado, foi a primeira vez que brigamos juntos com alguém.

Meu pai sorriu.

- Diga a Jimin que venha me ver em breve, preciso me desculpar pelo que o fiz passar... Sehun foi tão grosseiro que não sei como aguentei tanto tempo sem gritar com ele.

- Eu não entendo como alguém consegue odiar alguém tão doce como nosso Jimin, mas fico feliz que Jungkook esteja amadurecendo e protegendo o que é importante para ele.

Eu não resisti em entrar no abraço dos dois, mas logo me apressei para subir para o quarto, tinha uma ideia que deixaria Jimin feliz e agora Linus já estava comigo de novo.

Fui até o quarto e verifiquei se a janela do quarto dele estava aberta, felizmente tive boas respostas.

Era como se eu voltasse no dia que lhe joguei Linus pela janela naquele saco de mercado e agora eu sentia que era minha chance de fazer do certo, eu não precisava fingir que "tanto faz" para mim. Peguei uma das embalagens que meu pai guardava e usei a mais bonita que encontrei, eu sabia que Jimin ia gostar, ele amava roxo, mas a fita que usei para terminar de embalar acabou sendo amarela, porque eu não tinha nenhuma roxa. Com um pedaço de papel cortado direito e usando a caneta mais nova que eu tinha escrevi um bilhete para ele.

Como se estivéssemos iniciando uma nova fase concertando o jeito errado que começamos tudo, jeito errado que eu comecei, mesmo que Jimin não parecesse chateado em relação a isso, eu sei que ficaria feliz por detalhes como esse agora. Jimin merecia sempre o melhor e agora, como seu namorado, eu podia lhe dar.

"Dessa vez você pode se preocupar em abrir a embalagem com cuidado. Eu não vou deixar ninguém tirar o Linus de você outra vez, mas por favor, não me tire de você também.

Eu te roxo mais que o amor!"