Capítulo 225: Quero tentar fazer algo

26 13 5
                                    

POV Luna

Observamos todos se retirarem da vinícola e Cristal chama as meninas para a sala novamente.

 — Meu pai ainda não confirmou se vai auxiliar no orçamento para a reforma, mas ainda vou conseguir o convencer. Estou um pouco cansada, então irei me retirar para os meus aposentos e já começarei a busca de novas meninas para a nossa família. Sobre os produtos que mencionei com os Bloods, já estou atrás de um fornecedor confiável, mas preciso que busquem bons locais para as corridas. Assim teremos informações suficientes quando iniciarmos as vendas dos locais mais lucrativos e regiões onde poderemos fazer eventos de aposta durante as corridas. — Ela explica os próximos passos que faremos. 

— Alicia e eu podemos procurar esses locais, na verdade, já tenho alguns em mente. — Maju se voluntaria com um sorriso animado. 

— Ótimo, só me mandar as localizações por celular que organizo tudo no meu notebook e depois disponibilizo para vocês. — Cristal agradece. 

— Patroa, posso trabalhar nessa parte da organização das corridas para você, estou bem ociosa ultimamente e precisa descansar. — Priscilão pede. 

— Certo, então enviem essas informações direto para Priscilão. Inclusive se puder criar um aplicativo ou um site para organizar esses locais, acredito que facilitará muito os nossos negócios. — Ela direciona a tarefa para Priscilão. — Acredito que não tenha mais nenhum tópico a tratar nessa reunião, estão dispensadas. 

Acompanho Cristal para o quarto enquanto as meninas se dispersam pela mansão. Entramos e a observo fechar as cortinas após colocar o notebook sobre a cama. 

— Não sei se deveria falar sobre isso, mas... conheci a sua psiquiatra hoje. — Digo sem rodeios, mas com receio do que essa conversa pode gerar. 

— Conheceu? — Ela não aparentava estar desconfortável. 

— Sim, a doutora Amanda trouxe ela para examinar você enquanto estava desacordada. — Explico. 

— Ela me ajuda bastante, está chateada por não contar antes? — Cristal se senta na cama e me encara. 

— Preciso ser sincera com você, hoje, pela manhã, enquanto conversava com a Amanda, ela deixou escapar que não estava fazendo as sessões com ela, fiquei preocupada e a forcei a me contar. Não fique magoada com ela, por favor, foi um erro inocente, ela acreditava que eu já soubesse dessa situação. — Peço e ela apenas confirma com a cabeça. 

— Tudo bem, já sabia que alguma hora descobriria, só não tive coragem de conversar com você sobre isso antes. — Ela desvia o olhar do meu. — Mas não respondeu a minha pergunta. 

— Quando descobri fiquei confusa e angustiada, não consegui entender porque esconderia isso de mim, mas compreendo que precisa do seu espaço. — Sento próxima a ela. 

— Ainda é difícil para mim, abordar alguns assuntos na terapia, mas você foi o tópico da última sessão. — Cristal começa a mexer nas mãos envergonhada e fica alguns segundos em silêncio. — Quero tentar fazer algo, mas preciso que feche os olhos e confie em mim. 

Queria questionar sobre o que elas falaram de mim, mas apenas confirmo com a cabeça e fecho os olhos. Sinto ela me posicionar mais próxima à beirada da cama e virada para a porta. As mãos dela acariciam meu rosto e colocam alguns fios do meu cabelo atrás da minha orelha. Cristal firma as mãos no meu pescoço e a respiração dela se aproxima. O meu coração acelera, mas me esforço para manter a calma quando os lábios dela tocam os meus. Um selinho lento, acolhedor, com um calor que tranquiliza os meus batimentos. Queria aprofundar para um beijo como fazíamos há tanto tempo, mas deixo ela guiar para não estragar o clima e deixá-la desconfortável ou assustada. Ficamos alguns segundos assim até ela se afastar. 

— Abre os olhos. — Cristal pede com a voz baixa. 

Deparo-me com o rosto corado dela que mantinha as mãos no meu pescoço. 

— Eu precisava tentar fazer isso para entender o que era essa sensação e se conseguiria com você. — Cristal abaixa o olhar, envergonhada. 

Meus lábios se movem antes que meus pensamentos pudessem se organizar. 

— Pode me dar outro? — Peço ao levantar o rosto dela, na minha direção. 

Vejo ela dar um sorriso tímido e se aproximar novamente. Selo nossos lábios mais uma vez, era como se eles ainda estivessem buscando a sincronia certa, mas ainda assim era tão bom. Deixo-me levar pelas sensações e a puxa com cuidado para o meu colo, apoio minhas mãos nas laterais das coxas dela. Aos poucos ela aprofunda o selinho para um beijo, meu corpo desejava ela, ir mais além e a cada segundo estava mais difícil me controlar. Cristal separa nossos lábios, ofegante. 

— Precisamos ir devagar. — Ela se levanta do meu colo sem jeito. 

— Claro, vou deixá-la descansar, quando Dona Marli servi o jantar, a chamo. — Levanto da cama com um sorriso bobo. 

Antes de me retirar do quarto, vejo Cristal se deitar na cama com o notebook no colo. Fecho a porta e quase flutuo até o primeiro andar, me sentia uma adolescente com borboletas no estômago, apaixonada e toda boba por um beijo. Não conseguia conter o sorriso no meu rosto. Caminho sem pensar até a cozinha quando ouço alguém me chamar. 

— Senhorita Luna, precisa de algo? — Ela me observa com um sorriso gentil. 

— Ah! Não, só estou distraída. — Dou um sorriso envergonhado. 

— A senhorita Giorno está bem? — Ela questiona enquanto caminhava até a geladeira. 

— Sim... ah! Nem sei como explicar o que viu mais cedo. — Digo avoada por não conseguir pensar em uma justificativa para o que aconteceu. 

— Não precisa se explicar, contanto que voltem bem para casa. Inclusive, encontrei isso em uma padaria familiar, é o que queria? — Dona Marli me entrega uma sacola de papel pardo que estava guardado na geladeira. 

Abro e encontro uma caixa de tampa transparente com oito rosquinhas em formato de coração e coberturas variadas. 

— Muito obrigada! Nem me lembrava desse pedido, mas está perfeito. — Agradeço e dou um abraço nela. 

— Não há de que, senhorita. Essas com a cobertura rosa são de morango, marrom escuro é brigadeiro, marrom-claro é doce de leite e vermelho é de frutas vermelhas. — Ela explica os sabores. 

— Estou ansiosa para provar. — Digo enquanto fechava a sacola novamente. 

— Essas eram as últimas, a confeiteira me contou que muitos casais compram dela porque combinam com piqueniques. Ela é uma mulher muito gentil e gostava de conversar bastante. — Dona Marli dizia enquanto voltava para trás das panelas e me deu uma ideia maravilhosa. 

— Um piquenique... a luz da lua, acaba de me dar uma ótima ideia. A senhora é a melhor. — Agradeço novamente, lhe dou um beijo na bochecha e guardo as rosquinhas na geladeira, escondidas antes de sair da cozinha.

Nem a distância nos separa (Continuação)Onde histórias criam vida. Descubra agora