Capítulo 226: Quem é a quenga

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POV Luna

Já passava das 17 horas, decido ligar para Ivete me ajudar. O celular toca até cair na caixa postal, estranho, mas decido ligar para a Gabi.

Ligação com Gabi ligada.

(Gabi): fala, gata!

(Luna): está aprontando alguma?

(Gabi): estou passeando pela cidade com a Maju e a Alicia. Elas estão à procura das localizações que a patroinha pediu e aproveitamos para roubar uns idiotas na rua também. Por quê? Precisa de mim?

(Luna): não exatamente. Sabe da Ivete? Tentei ligar para ela, mas caiu na caixa postal.

(Gabi): ela me disse que o Barone chamou ela para conversar e ela saiu de moto com ele. Parecia ser um assunto pessoal, então nem pedi muita informação, mas posso tentar entrar em contato com ela se quiser.

(Luna): não precisa, não é nenhum tópico urgente, era só um conselho mesmo.

(Gabi): sou uma ótima conselheira sabia? — Ela ri com as outras meninas no carro.

(Luna): é que... tive uma ideia de última hora, um piquenique a noite, mas não sei onde fazer isso. Até pensei em colocar um tapete no meio das vinhas aqui da vinícola mesmo, mas seria melhor se fosse um lugar diferente, longe de tudo, sei lá!

(Gabi): ui! Um piquenique a luz da lua, super-romântico, amei a ideia! Quer que eu avise as meninas? Cada uma leva um prato de comida diferente e uma bebida ou vai comprar tudo e a gente divide a conta depois?

(Luna): na verdade, meus planos são mais um jantar de casal, sabe? Apenas entre duas pessoas.

(Gabi): ah! Safadinha... espera um pouco. Quem é a quenga que vai levar nesse encontro? Porque até onde eu saiba a chefinha não sai da vinícola. Por isso quer um lugar longe? Para não ter o risco de ela descobrir? — Consigo ouvir as vozes das meninas de fundo.

(Maju): olha, quem sou eu para julgar, mas nunca imaginei que desistiria da chefinha assim, Luna.

(Alicia): sei que isso é pessoal seu, que a gente não tem nada que intrometer, mas me decepcionou.

(Luna): já acabaram? Não vou sair com nenhuma quenga como vocês disseram. Estou planejando isso justamente para ter um motivo para tirar a Cristal da vinícola um pouco.

(Maju): pô! Falasse isso antes.

(Gabi): então vocês estão juntas de novo? Já rolou algo?

(Luna): não! Sabem que ela é o amor da minha vida, mas aconteceram muitos problemas e... preciso ir aos poucos. Então, voltando para o assunto da ligação, sabem de algum lugar onde posso levar ela?

(Maju): descobri esses dias que tem uma cachoeira linda no interior da cidade. Não vou saber dizer com certeza a localização porque ainda não fui lá.

(Alicia): já fui lá, é muito longe e cheio de mosquitos e outros insetos asquerosos. Não vai lá, é horrível.

(Gabi): tem um parque muito bonito no subúrbio da cidade, todo arborizado e muito grande. Um piquenique nesse lugar seria lindo.

(Luna): não sei, queria algo mais íntimo, sem ninguém por perto.

(Gabi): se fosse em outra época, diria que está a fim de foder ao ar livre. — As risadas das três me deixam envergonhada. — Mas relaxe que sei que não estão nessa vibe... ainda.

(Luna): querem parar? Já disse que só quero tirar a Cristal um pouco daquela casa.

(Gabi): claro, não tenho dúvidas disso. Olha, é um lugar público, então não posso garantir que ninguém vai passar por ali, mas a noite não é um lugar muito movimentado e, como disse antes, é uma praça bem grande. Se forem para um canto mais escondido e afastado dos locais de exercício e da pista de skate, duvido que alguém apareça para atrapalhar vocês.

(Luna): consegue me mandar a localização? Vou dar uma olhada no lugar e, se for bom mesmo, quero começar a organizar o piquenique.

(Gabi): pode deixar, mando em alguns minutos, até mais tarde, sapatênis.

(Luna): até, maluca.

Ligação com Gabi desligada.

Desligo a ligação e me aproximo da Dona Marli novamente.

— Posso pedir mais um favor? — Peço sem jeito.

— Claro, senhorita Luna, no que posso a ajudar? — A senhora dá um sorriso gentil enquanto mexia em algumas panelas no fogo.

— Bem, a senhora comentou antes e pensei em fazer um piquenique para tirar a Cristal da casa um pouco. Queria pedir que fizesse alguns lanches, isso se não estiver muito ocupada, claro. — Digo com um sorriso constrangido.

— Sem problemas, será só a senhorita Giorno e a senhorita ou todas as meninas irão? — Ela questiona preocupada com o jantar que ela finalizava.

— Dessa vez será algo só entre mim e ela, sabe que a Cristal continua meio receosa de sair com todo mundo. As meninas jantarão em casa mesmo. — Respondo de forma que ela não pense que teve seu trabalho perdido.

— Algum pedido especial de lanche? — Dona Marli caminha até a geladeira.

— Não, vou deixar só as rosquinhas de sobremesa especial. — O cheiro que exalava das panelas me deixava com água na boca.

— Então elas são um presente para a senhorita Giorno? Vocês são muito fofas juntas, não quero que pense que sou fofoqueira nem nada disso, mas sempre quis perguntar só nunca tive oportunidade, são namoradas? — Ela me olha a espera de uma resposta.

— Ah! Não... no caso é um presente para ela, mas não somos namoradas, só muito amigas. — Solto uma risada forçada e a última palavra quase não saiu da minha boca, acho que nunca cogitei que ela fosse questionar sobre isso.

— Mas às duas se amam, consigo ver pelo olhar das duas. — Ela coloca a mão no meu ombro com um sorriso tão acolhedor que me deixa muito aliviada. — Posso fazer alguns sanduíches para vocês, também temos uvas, maças, suco. Quer que eu prepare uma cesta de piquenique? Se não me engano tem uma guardada no armário de bagunça. — Acompanho-a até um pequeno cômodo que nunca vi antes.

Observo Dona Marli pegar uma cesta de palha um pouco empoeirada, mas muito bonita. Noto que também havia um tecido enrolado em umas das prateleiras e pego para dar uma olhada.

— Quer um tecido para forrar o chão também? — Ela nota o que peguei e apenas confirmo com a cabeça. — Deixa isso aí, está muito sujo e acabado, precisa de um forro bonito para a ocasião. Não se preocupa senhorita, vou fazer a melhor cesta de piquenique para vocês, só me dê uma horinha para organizar tudo.

— A senhora é a melhor, sabia? — Agradeço pela ajuda dela que volta para a cozinha.

Recebo uma mensagem no celular, abro e é a localização do parque que Gabi havia me indicado. Envio um "ok" só para confirmar que visualizei, saio da casa para a garagem, pego a minha moto e piloto até o local.

Nem a distância nos separa (Continuação)Onde histórias criam vida. Descubra agora