Capítulo 224: Bom plano

31 11 11
                                    

POV Luna

Saio ao lado da Cristal, o olhar de Kuro fixa-se na Cristal e adquiri um brilho diferente. Ele dá um passo na nossa direção e é segurado por Umi. Observo eles conversarem discretamente e se aproximarem.

— Bom dia, Luna... Cristal. — Ele dá um sorriso acolhedor. — É um enorme prazer estar na sua presença.

— Relaxa Kuro, não esquece do que falei. — Umi o alerta.

— Bom dia, Cristal, esse são os líderes da facção Bloods, Kuro 01 e Umi 02. — Apresento ambos.

— Prazer. — Cristal estende a mão para Kuro que a segura com firmeza.

Posiciono-me ligeiramente a frente dela para proteção.

— Perdão por der tão invasivo, mas estava ansioso para a conhecer. — Ele sorri sem jeito.

— Vamos iniciar a reunião? Tenho certeza que as meninas têm motivos para nos chamar aqui. — Umi o puxou para trás que soltou a mão da Cristal.

— Sim, recebemos uma informação de fonte confiável que a Tríade está formando muitas alianças com gangues pequenas há alguns dias e pretendem nos invadir em breve. — Explico resumidamente o que os meninos nos falaram.

— Atitude típica de covardes. — Kuro balança a cabeça em negação e desdem.

— Como pretendem se defender? Não quero menosprezar a capacidade das suas meninas, mas estão em um contingente bem abaixo do padrão. — Umi passou o olhar por todas as meninas.

— Queremos um favor de vocês sobra isso. Já estamos providenciando mulheres confiáveis para agregar a família, mas também vamos fazer uma reforma na vinícola. Durante esse tempo ficaremos muito vulneráveis a Tríade. Os meninos do The Lost já se ofereceram para nos ajudar até nos reerguermos na cidade, mas ainda acredito que não será o bastante para manter a Clarisse longe... — Sou interrompida.

— Querem que o nosso pessoal fique aqui de segurança para vocês? — Kuro apresentava surpresa e decepção com a minha fala.

— Sim, Clarisse está focada nas minhas meninas e infelizmente ainda não estou em condições para as defender como antes. A cidade ainda é nova para elas, mas posso garantir que mesmo desfalcadas são capazes de destruir qualquer um que entrar em conflito com elas. — A voz de Cristal era alta, clara e potente, o olhar de Kuro brilhava sobre ela. — Mas duvido que queiram uma guerra na cidade de vocês. Vai atrair muita atenção para as outras facções, a polícia também será acionada. Não quero uma guerra, já saímos de uma e perdemos pessoas extremamente importantes. Uma das nossas irmãs, mãe de duas menininhas e um adolescente, perdi meu irmão e dois amigos leais. Prefiro não ter que enterrar mais corpos e acredito que também não desejam isso para os seus. Também posso garantir que mesmo que por um milagre a Tríade consiga acabar com a minha família, ela não vai parar na gente, Clarisse almeja poder e vai usar de todos os truques mais podres para ter o controle da cidade. — Ela abaixa a cabeça e respira fundo. — O que peço hoje é que nos emprestem um pouco do tempo de vocês para fazerem presença aqui, duvido que Clarisse seja tão burra ao ponto de invadir um local com três facções diferentes e isso nos dará tempo suficiente para ultrapassar em poder qualquer exército que ela crie.

— É um bom plano para vocês, não posso negar, sua visão de futuro e estratégia são impressionantes, mas não consigo perceber em qual momento esse favor favorecerá os Bloods. Afinal, podemos simplesmente entregá-las para a Tríade e finalizar essa situação quando ambas estiverem caídas, rápido e fácil com duas ou até três facções a menos para nos trazer problemas no futuro. — Umi dá um sorriso convencido.

— Ofereço a vocês uma aliança completa, desconto nos produtos que iremos vender após a reforma e uma dívida. Quando precisarem de nós, estaremos prontas para os ajudar e como disse, uma das minhas meninas vale por 10 de um exército. — Cristal mantém um olhar imponente, isso me deixa orgulhosa, ela não perdeu sua essência.

— Não sei se isso é o suficiente para nós, nem sabemos o que vendem, o que nos garante que o produto de vocês vai ser útil? — Umi impede a interação de Kuro que aceitaria até uma bala para fechar o acordo.

— Fazíamos bombas... — Cristal é cortada.

— Para assalto a banco, pena que temos hackers que liberam todas as portas para gente e não precisamos chamar tanta atenção. — Umi sorri vitorioso.

— De fato o método das Sombras é mais seguro, por isso disse que "fazíamos", ou seja, no passado. Não foi só você que fez o dever de casa, agora se puder não me interromper. — O silêncio deixou o clima tenso, mas pude perceber que Umi gostou da atitude dela. — Pretendo iniciar alguns testes de um novo nitro, a expectativa dele é dobrar a velocidade máxima do carro por pelo menos 5 minutos. Esse é o meu objetivo principal no momento, mas também já encomendei alguns modelos automotivos exclusivos para as minhas meninas e algumas peças modificadas que venderemos para famílias confiáveis.

— Então teremos corridas ilegais na cidade? — Alguns murmúrios e comemorações escapam dos demais membros dos Bloods.

Kuro e Umi se olham por alguns segundos, o menor revira os olhos e confirma com a cabeça.

— Adoramos a oferta, será maravilhoso ter essa aliança. — Kuro se aproxima da Cristal e estende a mão com um sorriso animado.

Cristal aceita o cumprimento dele que começa a chacoalhar o braço.

— Tenho tantas perguntas para fazer agora que estamos mais próximos, nem sei por onde começar. O que a influenciou a entrar nessa vida ilegal? Quando percebeu ser o momento de formar sua própria família? Como sabe em quem confiar? Possui alguma regra para manter a ordem entre as meninas? Teve algum auxílio de livro ou estudo para aprimorar a sua manipulação? Tem algum truque para fazer os outros seguirem as suas ordens ou é algo natural? O seu tom de voz, postura e aparência influenciam as escolhas das pessoas? Você sente que a sua voz muda quando você mente ou que alguma expressão sua revele que é uma mentira? Quando estava pre... Aí! — Kuro nem respirava entre as perguntas até Umi o puxar para longe da Cristal pela orelha.

— Olha a sua postura! — Ele diz entre dentes.

— Você age como se não estivesse curioso com todas as perguntas que fiz, a diferença é que você se segura para não perguntar, depois quem tem que te aguentar comentando sobre quão incriv... Ai! — Kuro recebe um tapa estralado no ombro e Umi fica corado.

— Vamos embora antes que fale mais merda. Quando for o nosso turno de vigia é só mandar mensagem que ordenarei um grupo para rondar o lugar. — Umi puxa Kuro para uma moto e faz sinais para as pessoas em volta.

Em poucos segundos todos já estavam fora da vinícola.

Nem a distância nos separa (Continuação)Onde histórias criam vida. Descubra agora