1- Diário de Edolon. Despertar na Floresta.

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(542 palavras)

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Acordei, com a cabeça a latejar como uma sinfonia enjoativa, uma tontura, como se o meu cérebro girasse sobre si mesmo. A dor de cabeça era como uma onda gigante que vinha e ia, deixando o meu cérebro em turbulência. Quando os olhos se abriram, estava diante de um oceano branco, sem horizonte à vista. Sentia-me como um pequeno barco à deriva, a meter água, sem remos, sem bússola. Perdido no meio da imensidão, sem costa à vista. 

 Abri os olhos e tudo estava branco, um branco eterno que parecia não ter fim. Neguei-me a acreditar, fechei os olhos e esfreguei-os, mas, quando os voltei a abrir, estava cercado por árvores e sombras, num lugar estranho. O coração acalmou-se por momentos, mas logo me deparei com uma pergunta que me aterrava: quem sou eu? Onde estou e como cheguei aqui? Não me lembro de nada, nem mesmo o meu nome.Ah! Como gostaria de ter algo que me indicasse um caminho, qualquer coisa que pudesse abraçar para sair desta aflição. Sentia tudo a andar à roda, vali-me da árvore ao meu lado, para me equilibrar, até o coração abrandar.

Em frente, um pequeno ribeiro, desbravava caminho entre as rochas. Olhei a água cristalina que corria no ribeiro. A água não sabe por onde passa, nem tem memórias. Pelo menos, a água, tinha um caminho, o mar. E eu? A memória é o caminho que liga o passado ao futuro, sem caminho não há destino, apenas loucura, vazio.

Desesperado, meti a mão no bolso, num misto de medo e esperança, encontrei um bilhete. Era uma mensagem:

1. " O mestre António Morpheus, é um último construtor de violinos de grande brilho e sabedoria. Dirige-te a ele, que te receberá como o seu discípulo. Uma honra enorme para os teus propósitos.

2. Subirás a montanha e no alto encontrarás o que procuras. Segue o caminho da aldeia Bemposta. "

Segundo o bilhete, eu deveria seguir para a montanha, onde encontraria as respostas às minhas perguntas. Mas, como saber se ele, o tal mestre, realmente tinha as respostas, se nem eu mesmo sabia quem era? A dor de cabeça persistia como uma onda que vinha e ia, deixando o meu cérebro em turbulência. O bilhete desconhecido, fazia-me confusão. Que fazer se não tinha mais nada a que me agarrar?

A minha mente estava desabitada, com apenas imagens soltas e símbolos sem sentido. A amnésia é a pior inimiga da identidade. O silêncio interior parecia muito maior do que o barulho das perguntas que faziam a mim mesmo. Não havia estrada para a aldeia, mas, ao abrir novamente o bilhete, tive a sensação de estar num vazio branco. Num piscar de olhos, o bilhete desapareceu, mas, no seu lugar, surgiu uma tabuleta que indicava a direção da aldeia Bemposta, por um trilho estreito.

Seguindo o trilho, subi a montanha, a pé, por caminhos difíceis cobertos de neve. A neve começava a derreter, formando cascatas que deslizavam pelos precipícios, enquanto um bando de corvos, em silêncio, voava acima de mim. Não sabia se os corvos me seguiam ou se eu os seguia, numa dança orgânica que me levava em direção ao desconhecido e aos mistérios da minha existência. Era como se a montanha fosse o meu oráculo, que me conduzia ao encontro do meu destino.

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