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"Eu sou mais ainda, afinal, te deixei escapar."

Mia arrastou-se da cama às 5:30 da manhã, bem antes do toque de seu despertador. Não aguentava mais ficar deitada esperando o sono chegar quando sua mente estava contaminada com as palavras de Miguel.

"Caipira, idiota." Ela resmungou, no caminho para o banheiro.

Hoje eles viajariam no jatinho da empresa para Tampico para fazer uma vistoria e reunir-se com os gerentes e fornecedores locais. Como ela aguentaria ficar encerrada numa lata de sardinha aérea com Miguel por quase duas horas?

Ela estava colocando a escova de dentes na boca quando o celular dela apitou. Ela abriu seu inbox e viu uma mensagem de Miguel.

MA: Bom dia! Já está acordada?

MC: Acho bom você não me fazer raiva hoje.

MA: Devo levar brownies pra você?

MC: Não é TPM, é raiva mesmo.

MA: Ainda com ciúmes da chilena, Mia?

MC: Miguel, não confunda as coisas. Nossa relação é estritamente profissional. Eu quero mais é que a gente conclua logo essa transição da Colucci pra que eu possa voltar pra Itália. Entendido?

Mia ficou longos três minutos parada olhando fixamente para o celular, aguardando a resposta dele. Haviam momentos em que ele estava no modo escrevendo, mas logo ele apagava tudo e a agonia dela continuava.

MA: Entendido. Passo aí às 7h em ponto.

Mia quis morrer quando leu aquela resposta. Miguel estava puto com ela, disso não havia dúvidas.


Às 7 em ponto o carro do Miguel entrou na garagem da mansão de seu pai e Mia já estava em pé na porta o esperando com sua bolsa a tiracolo e um blazer creme pendurado no braço. Hoje ela estava com um vestido midi em tricô na cor caramelo, de gola alta e sem mangas, que realçava suas curvas e suas pernas. A cor da roupa era só alguns tons mais escuros que a pele dourada dela. Embora não fosse um vestido curto ou decotado, Mia estava absolutamente sensual.

Miguel a assistiu descer os degraus até a garagem e virou o rosto quando ela abriu a porta do passageiro.

"Como o nosso relacionamento é estritamente profissional, eu nem vou te falar o que eu achei desse vestido." Ele disse, já manobrando para sair com o carro.

"Ah, é? Pois também não me interessa saber." Mia retrucou, colocando o cinto de segurança.

Os dois seguiram o caminho até o aeroporto em silêncio.

"A Lila tá com a Roberta?" Mia perguntou, tentando quebrar o silêncio do carro.

"Sim, deixei ela lá super cedo, ela foi dormindo ainda. O Diego tava de pijama com aquela cabeleira toda bagunçada."

"Com quem ela costuma ficar quando você viaja a trabalho?"

"Ela costumava ficar com a dona Rosário, a avó dela, mas depois que ela faleceu meio que virou um rodízio de gente. Às vezes ela fica na Lupita, às vezes com Mayra... Quando tenho uma viagem mais longa minha mãe vem de Monterrey pra tomar conta. A última viagem foi a do Chile, que eu te falei. Depois disso tudo ficou meio de pernas pro ar por causa da adoção. Tenho medo de viajar e virem tomar ela de mim."

Aquilo cortou o coração de Mia.

"Eles não vão tirar a Lila de você, Miguel." Ela garantiu, apertando a mão dele que descansava sobre a marcha.

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