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Ok leitoras, vocês me venceram, aqui vai o último capítulo (de hoje). Muito obrigada pelos comentários e pelo entusiasmo! Vocês tornaram o meu sábado muito mais divertido (e produtivo!).

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Na quinta-feira, quando Mia chegou à Colucci dez minutos atrasada, encontrou o latte ainda quente sobre a mesa e um saquinho de papel com um sanduíche natural de prosciutto com tomate seco e rúcula. Miguel havia colado um post-it escrito 'Bom dia' em seu garrancho particular e desenhado uma carinha feliz em seu copo.

Ela não sabia se eram os hormônios femininos, ou o fato de estar de volta no país dos dramalhões e telenovelas, mas aquele pequeno gesto a deixara emotiva. Miguel tinha esse poder sobre ela, o poder de enlouquecê-la de raiva e ao mesmo tempo a deixar com as pernas bambas de tanta paixão. Mas hoje, ele havia feito um pequeno gesto de carinho e Mia estava totalmente desacostumada com aquilo.

Na Itália ela era quase uma Miranda Priestley—a vil chefona do Diabo Veste Prada. Não porque queria ou porque gostava de maltratar os outros, mas porque a necessidade ditava que ela fosse. Mia era uma mulher, uma jovem mulher mexicana, ainda por cima, comandando uma multinacional do ramo da moda, chefiando uma empresa cuja diretoria era composta majoritariamente por homens e onde as empresas parceiras também eram chefiadas por homens. Todos os dias ela tinha que provar que era a CEO não porque era a filhinha do dono mas sim por mérito e por competência. E muitas vezes ela se cansava e sentia a pressão... Como hoje.

Ela se afundou em sua cadeira e procurou esconder sua face chorosa por trás da tela do computador. Ela teria uma reunião com a equipe de marketing em meia hora e teria que refazer toda a sua maquiagem. Ela havia madrugado para poder participar remotamente de uma reunião de balanço trimestral lá da Itália.

Ela ouviu um toque na porta de sua sala e procurou secar o rosto. Odiaria que seus funcionários ou mesmo Miguel a vissem nesse estado.

"Quem é?" Ela perguntou.

"É a Rita, senhorita. Tenho aqui algumas amostras de tecido que me pediram pra te entregar..."

"Pode entrar."

"Você está bem?"

"Estou sim, Rita, não precisa se preocupar. Nenhum piu, ouviu?" Rita assentiu.

"Achei bonitinho..." Rita disse com um sorrisinho, olhando fixamente para o pacote com o sanduíche que Mia ainda não havia consumido. "Ele chegou todo preocupado com você, disse que ontem você saiu com dor de cabeça, que não havia dormido..."

"Pergunta logo, eu sei que você quer perguntar." Mia disse, respirando fundo e se contendo para não revirar os olhos.

"Vocês estão namorando?"

"Não."

"Ele é casado?"

"Não."

"Já namoraram antes?"

Mia bufou e revirou os olhos.

"Ha! Eu sabia!" O sorriso de Rita ia de orelha a orelha. "Vocês formam um casal bonito, sabe... Tem química, física, matemática, tudo!"

"Larga de ser assanhada, Rita. Me dê aqui essas amostras." Mia respondeu rispidamente, franzindo o cenho e esticando o braço.

Rita a entregou, um sorriso de gato de Alice em seu rosto. "Fosse você passava um batom bem vermelho e depois iria lá na sala dele, só pra agradecer e desfilar minha beleza."

Antes que Mia pudesse revidar, Rita havia se retirado da sala dela, sorrindo como louca.

"Velha maluca..." Mia resmungou. Ela terminou o seu café e depois entrou no banheiro de seu escritório para retocar a maquiagem.

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