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Sabe quando você planeja uma coisa, mas algo te trava? É aí que a gente tem que deixar o planejamento de lado um pouquinho e deixar as ideias e palavras fluirem. Esse capítulo foi assim. Talvez não traga nenhuma novidade ou nenhum momento suuuper memorável, mas foi algo de certo modo catártico pra Mia Colucci dessa história e pra essa autora aqui também. E depois, nada melhor do que um colinho de mãe quando a gente tá triste (quando a mãe da gente não é a mãe da Celina, claro). Enjoy!


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Era raro que os domingos fossem tão animados e cheios na mansão dos Colucci Rey, não com Roberta e família morando na Espanha, Mia na Itália, Josy sempre viajando para os torneios com sua equipe de futebol feminino... Nada podia tirar o sorriso do rosto de Alma vendo as pessoas que mais amava sentados à volta da mesa, conversando descontraídos enquanto bebericavam margaritas que ela mesma preparou. Faltava Mia, no entanto, com todo o seu brilho. Até das trocas de farpas entre ela e Roberta, Alma sentia falta. As duas eram seus maiores tesouros; uma filha que ela gerou e criou e a outra uma filha que a vida lhe deu quando menos esperava.

Alma com seus olhos de águia foi a primeira a perceber a chegada da Mia. Parecia que quase não se viam nos últimos dias—Mia estava sempre na Colucci ou então sempre grudada na frente do computador em alguma reunião. Algo a preocupava mais que tudo, no entanto. Ela soube da notícia que todos receberam no almoço de ontem na casa da Lupita. O clima havia ficado tão carregado e triste que o casal preferiu deixar sua novidade para outra ocasião. Depois, soube por Roberta que Mia havia saído em disparada, sem ao menos se despedir. Rumo à Miguel Arango com certeza. Seu faro de mãe não se enganava, ainda mais quando a enteada não dormira em casa.

Alma levantou-se da mesa sem que os demais percebessem e foi até a sala. Mia acabava de entrar.

"Oi, meu amor!" Alma cumprimentou com a voz cheia de ternura.

A expressão cansada e triste de Mia não passou batida.

"Oi, Alma..."

O sorriso de Alma se desmanchou na mesma hora e ela puxou Mia, ainda tão pequena, em um abraço.

"Quer conversar, minha princesa?" Ainda em seus braços, Mia soltou um ar que nem sabia que segurava e simplesmente fez que sim com a cabeça. As duas subiram as escadas e entraram no quarto da Mia. Alma, sabendo que a casa estava cheia, se virou e trancou a porta na chave. "Um banho primeiro pra relaxar..." Alma entrou no banheiro, apertou alguns botões e abriu a torneira que enchia a banheira. Os jatos de água quente dispararam. Em seguida, ela apanhou os sais de banho e a espuma com cheiro de morango que Mia usava desde pequena e despejou lá dentro.

No quarto, Mia se despia devagar, o corpo cansado e moído como se um trator a tivesse atropelado.

"Já posso entrar?" Ela perguntou, entrando, com a toalha branca enrolada no corpo.

"Pode. Eu não vou olhar." Alma disse com um risinho, se virando e tampando o rosto. Mia desde adolescente tinha uma timidez que não lhe permitia ficar nua nem em frente à outras meninas.

Mia enfiou primeiro a pontinha do pé. A água estava bem quente, beirando a escaldante. Era exatamente o que ela precisava. Ela entrou devagar para seu corpo se acostumar com a temperatura.

"Eu tava na casa do Miguel."

"Eu já desconfiava..." Alma admitiu, sentando no degrau de mármore aos pés da banheira. Ela começou a molhar suavemente os cabelos de Mia e massagear suas têmporas. "Ele ainda mexe com você, não mexe?"

"Nós transamos."

"Bom, vocês já não são mais garotos e você dormiu lá... Não precisa ser um gênio da matemática pra chegar a essa conclusão..." Alma continuou massageando sem falar mais nada por um momento. "E como você se sentiu?"

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