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Um capítulo mais leve pra gente curtir essa terça-feira! Os diálogos estavam tão gostosos de escrever que imaginei que vocês não se incomodariam com um pequeno preâmbulo.


Mia chegou um pouco mais cedo em casa naquela quinta à noite e encontrou Roberta na beira da piscina com um caderno e uma caneta na mão enquanto Léo dava um tibum dentro da piscina. O garoto era um peixinho e embora a temperatura houvesse subido expressivamente na capital mexicana, Mia deu graças a Deus pela piscina ser aquecida.

"Cadê o garoto mais lindo da tia?" Mia exclamou com um sorriso enorme no rosto.

Ao vê-la, o rosto do menino se iluminou e ele rapidamente saltou para fora da piscina correndo para o abraço. Mia pouco se importava se ele a molhasse. Ela já estava em casa mesmo...

Mia o encheu de beijos estalados e cosquinhas, fazendo Léo se contorcer, rindo.

"Nada comigo, tia! Minha mãe não quer se molhar." Mia olhou para o lado e encarou Roberta que estava compenetrada.

Deve estar compondo, Mia pensou.

"Claro que nado, Léo. Deixa eu só colocar o meu biquini e pegar uma toalha."

Minutos depois, quando Mia retornou à piscina, Léo não estava.

"Ei, maninha..." Roberta cumprimentou, descansando o caderno e a caneta na mesinha ao lado. Seus olhos castanhos fitaram Mia de modo reticente.

Quando Roberta mordeu o lábio inferior, Mia soube que sua irmã postiça estava nervosa com alguma coisa.

Melhor começar com campo neutro, ela pensou.

"E cadê o meu sobrinho?"

"O Diego chegou. Filhote com o pai, aí já viu. O Diego foi se trocar pra nadar também." Roberta suspirou, girando sua aliança de casamento.

"Roberta, a Alma me comentou uma coisa que me deixou preocupada... Sobre vocês estarem num impasse..." Mia comentou, sentando na beira da espreguiçadeira em que Roberta estava.

Roberta bufou e revirou os olhos, mentalmente xingando a mãe linguaruda que tinha.

"Então ela te contou que eu não quero ter outro filho, né? A questão é que agora eu tô em outra, Mia... O Léo daqui a pouco vai fazer oito anos—eu quero voltar aos palcos. Eu gosto de compor e produzir outros artistas, mas não me sinto totalmente realizada... Eu sinto falta de ser uma cantora, de performar, de sentir a energia do meu público."

"Eu te entendo... E o Diego vai entender também. Talvez leve um tempo maior pra ele assimilar e entender que o Léo vai ter que bastar... Imagino que deve ser difícil pensar que ele tá crescendo tão rápido. Daqui a pouco vai ser um adolescente tão chatinho e rebelde quanto vocês!"

Roberta riu de leve, ainda mexendo na aliança, sem olhar pra Mia diretamente.

"Ele diz que sempre se sentiu sozinho sendo filho único e que não quer o mesmo pro nosso filho, mas eu não vejo como poderia funcionar com tamanha diferença de idade também. E pelo amor de Deus, Mia, tenho pavor de voltar à fase das fraldas, da amamentação e das noites mal-dormidas, pavor!"

Mia fez um carinho no braço da irmã e suspirou.

"Quer que eu converse com ele?"

"Não, não. É uma coisa que a gente tem que enfrentar junto, como casal..." Mia assentiu, concordando. "Você me ajudaria com uma letra?" Roberta perguntou, uma rara timidez a invadindo.

"Sério? Você nunca me pede ajuda com as suas músicas..."

"É, mas eu tô bloqueada, e eu pensei que a gente podia, sei lá, se distrair com isso e fazer algo juntas. Eu nunca pensei que fosse sentir tanto a sua falta, Barbiezinha."

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