Preparem os lencinhos, leitores!
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Miguel largou o telefone e respirou fundo, sua respiração trêmula. Ele havia passado a noite em claro lendo e relendo aquela notificação da justiça. O desespero dele havia sido tanto que Miguel não conseguiu deixar a filha dormindo em seu quarto lilás como habitualmente e sentiu uma necessidade primaz de trazê-la para o mais perto dele possível, para sua cama. Ele ficou a observando dormir a madrugada inteira, acompanhando cada pequeno movimento, cada pequeno ronco e cada cair e levantar das costas daquela pequena e preciosa menina que gostava tanto de dormir de bruços.
Assim que amanheceu o dia, mesmo sendo sábado, Miguel ligou para seu advogado, Dr. Carlos Treviño, para tentarem encontrar uma solução, caso contrário a qualquer momento uma assistente social poderia bater em sua porta levando sua filha para um lar de crianças qualquer. Em se tratando do México, com toda a certeza seria um local barulhento, humilde, superlotado e sem os confortos com os quais Lila estava habituada.
Só de pensar em ter sua filha levada, Miguel sentia uma terrível sensação de morte iminente. Só conseguia chorar e chorar. Lila ainda dormia, totalmente alheia à toda aquela confusão.
Dr. Treviño, de seu lado, estava fazendo o possível e o impossível com os contatos que tinha na justiça para que uma liminar provisória pudesse passar, permitindo que Lila permanecesse com Miguel até que se concluísse o processo de segunda instância.
Miguel mal conseguiu formular as palavras necessárias para dar a notícia à sua mãe em Monterrey. Elena Arango se comprometera a chegar no dia seguinte, a única data com passagens aéreas disponíveis. Mesmo com a mãe vindo, Miguel não via como aquela situação poderia mudar. Iam levar sua filha, iam levar a pessoa mais importante de sua vida.
As lágrimas continuaram vindo, e também os soluços. Ele mal conseguia respirar.
Mia se espreguiçou, finalmente acordando de bom humor e se sentindo deliciosamente descansada. Eram onze horas da manhã de sábado e ela havia ficado até tarde na Colucci durante toda a semana para poder se permitir um final de semana de folga.
Ela ficou entre as cobertas mais um tempo, curtindo a maciez de seus lençóis e se aconchegando contra seu travesseiro de penas de ganso.
Ao meio-dia Mia teria que sair de casa para um almoço especial na casa da Lupita. A amiga tinha um anúncio importante para fazer e havia convocado todos os amigos mais íntimos.
Fitando o teto branco de seu quarto, Mia nem acreditou que hoje fazia um mês desde que chegou ao México. Tantas coisas haviam acontecido—o tempo parecia ter escorregado entre seus dedos. O seu retorno para Milão era iminente, mas ela sentia que ainda não havia matado a saudade de sua família e de seus amigos. Ela vinha trabalhando demais, como sempre. Mia queria ter tempo de levar seu sobrinho para um passeio, de sair uma noite para dançar cumbia, de ir ao mercado municipal e visitar os museus de arte que ela gostava...
Mia sorriu ao lembrar-se de certas mãozinhas rechonchudas e shampoo de melancia. A ida da pequena ontem ao escritório havia sido um bálsamo. E assim como a sensação gostosa de ter tido Lila Arango aconchegada em seus braços lhe veio, também vieram pensamentos bem menos inocentes com o pai de Lila.
Mia sentiu aquela sensação familiar no seu baixo ventre, um calor impossível de ignorar surgindo entre suas pernas a fazendo apertá-las uma contra a outra com força. Por mais que ela odiasse ter que admitir, ainda que apenas para si mesma, ela queria mesmo pegar Miguel. Céus, ela queria ser jogada na cama com força por ele, queria que ele lhe beijasse, chupasse e mordesse todo o corpo e a fizesse gozar com a língua do jeito que só ele fazia.
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Volverlo a Intentar
RomanceQuando Mia Colucci recebe a notícia de que seu pai está internado em estado grave, ela entra no primeiro avião rumo ao México. Pouco ela imaginava que esse retorno à sua terra natal impulsionaria um reencontro com seu ex-noivo, Miguel Arango, após 1...