22

330 31 41
                                        

Outro capítulo mais leve e fofo para nozes. Nada como momentos felizes e gostosos pra nos fazerem relaxar numa terça-feira de trabalho e que parece estar ainda super longe do sábado! Laços começam a ser construídos e sementinhas de 'quero mais' começam a querer (sutilmente) brotar no coração.

........................................................................................


A campainha tocava incessantemente e Miguel teve que correr de onde estava regando as plantas do quintal para atender a porta. Eram quase meio-dia e Mia Colucci, agora sua esposa, dormia espalhada na cama dele no andar de cima. A última coisa que ele queria era que ela fosse incomodada pelo barulho.

Ele abriu a enorme porta de madeira com uma expressão séria, pronto para lançar uma reprimenda, quando seus olhos se recaíram sobre a filhinha sorridente no colo do tio Santos. Era ela quem havia tocado a campainha tantas vezes.

"Meu amorzinho!" Ele abriu um sorriso terno e a puxou para os braços dele, a enchendo de beijinhos. Lila gargalhou, sentindo cosquinha com a barba dele.

"E aí, amigo? Tudo na paz? Tenho que sair correndo, temos consulta no obstetra agora e a Lupita tá uma pilha lá no carro." O amigo falou com uma expressão de ansiedade.

"Tudo tranquilo. Vai lá, vai lá. Depois temos que ir ao O'Malley pra colocar os assuntos em dia. Obrigado por ficarem com a Lila mais uma vez."

"Ah, que isso compadre, 'cê sabe que não precisa agradecer em nada. Vocês são família. Tchau princesa do tio!"

"Tchau!" Lila respondeu, acenando e mandando um beijo para Santos que corria em direção ao carro. "A tia Lupita tá com um bebê na barriga dela," ela cochichou, "é segredo."

"Eu sei. Um bebê beeem pequenininho." Miguel fechou a porta pra rua, ainda com Lila no colo. "E se é segredo porque você me contou?"

"Porque eu sou muito linguaruda, papai."

Miguel deu uma gargalhada com aquela informação e Lila o encarou como se ele fosse um bobo. "Linguaruda, filha?"

"O Léo que falou! Ele tentou me impedir mas não contava com a minha astúcia."

Miguel riu ainda mais, imaginando que foi por Lil ter delatado uma das traquinagens do garoto à Roberta e Diego. Ele colocou a filha no chão e abriu a geladeira da cozinha, pegando a jarra de suco de manga que ele preparou aquela manhã.

"Olha, quem chegou!" Veio a voz feminina, fazendo pai e filha quase pularem de susto. "Como vai dona Lila?"

O rosto da Lila se iluminou ao ver Mia, mas tão rápida como essa expressão surgiu, de repente veio a timidez. A pequena escondeu-se atrás das pernas do pai. Mia achou graça daquela reação, e achou melhor fazer a egípcia pra que Lila se sentisse mais à vontade.

"Miguel, tem Nutella nessa casa?"

"Claro que sim—se faltar certas crianças surtam."

"E tem pão e morangos?"

"Também." Ele abriu os armários retirando os itens e depois a geladeira, pegando a tupperware em que guardava os morangos e frutas picadas que preparava para a filha.

"Ah bom, me deu fome de chocolate pro café da manhã..."

Mia, pagando a língua de Barbie fashionista que tinha, vestia a camiseta do Pink Floyd supostamente caindo aos pedaços do Miguel que ela tanto criticou, e por baixo um short boxer. Os pés dela estavam descalços contra o porcelanato frio da cozinha e os cabelos loiros presos num coque bagunçado. Não havia um pingo de maquiagem em seu rosto e Miguel podia ver as delicadas sardas que faziam uma ponte sobre seu nariz.

Volverlo a IntentarOnde histórias criam vida. Descubra agora