Volverlo a Intentar

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Atenção! Esse capítulo pode conter gatilhos relacionados à depressão e tentativa de sui***.

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25 de Novembro de 2008 — Stanford University

Há mais de dez dias Miguel Arango não saía da cama de solteiro do dormitório que dividia com Jordan Stevens, um estudante de física aplicada que não era muito fã de conversar. Ainda assim, Jordan se importava o suficiente para alertar o departamento de assuntos estudantis de que seu roommate caíra numa severa depressão e não conseguia sequer fazer refeições, quem dirá manter a frequência nas aulas. Era o primeiro semestre deles ali na universidade e Miguel além de ser mais velho do que a grande maioria dos freshmen—os alunos do primeiro ano—ele também era um popstar mexicano. Ou melhor, um ex-popstar mexicano.

O departamento prontamente contactou a pessoa listada em seu formulário de emergência como contato de emergência e uma enfermeira da instituição foi chamada para examiná-lo. A pessoa listada era a mãe de Miguel, Elena Arango, que não sabia muito inglês mas tinha um irmão em Los Angeles que poderia faltar um dia do trabalho para averiguar as condições do sobrinho.

Foi o tio Ernesto que conversou com o departamento estudantil e com o psicólogo da universidade que havia tido duas sessões nada animadoras com Miguel e recebido uma chamada de emergência num domingo à noite—Miguel havia ingerido uma enorme quantidade de pílulas que certamente o teria matado se Jordan não o encontrasse no banheiro.

Miguel estava vários quilos mais magro, desidratado e os dias trancado no quarto o deixaram com uma severa deficiência de vitamina D. Tio Ernesto conseguiu um atestado médico para Miguel, caso contrário o sobrinho poderia perder o ano ou pior, a sua bolsa na universidade. Isto significava, contudo, que Miguel seria internado numa clínica de reabilitação para depressão e teria que seguir o tratamento.

No meio da névoa de dor e sofrimento que o enfraquecia e paralisava, a ponto de sentir-se quase morto e pior, desejoso de morrer, só uma pessoa era uma constante em seus pensamentos: Mia, sua agora ex-noiva que estava no México, preparando-se para embarcar para a universidade em Milão. Mia não fazia ideia da situação em que Miguel se encontrava, havia mais de duas semanas que se separaram.

'A Mia não pode saber...' ele repetia para o tio e murmurava quando os remédios começavam a fazer efeito. Os médicos estavam ainda o observando para testar os medicamentos e dosagens adequadas, para que então Miguel pudesse juntar-se às sessões de terapia em grupo e aos workshops oferecidos na instituição. Sua situação era muito instável e Miguel dava picos de mudanças bruscas de humor ao mesmo tempo que às vezes tinha alucinações ou dormia por dias a fio.

Semanas antes daquela internação, Mia Colucci não havia aguentado a aflição que sentia pelo sumiço do noivo. Não se falavam há quase um mês. Quando ele partiu para Stanford ela e Miguel não estavam exatamente felizes ou num momento bom do relacionamento.

Desde o fim do grupo cada um buscava decidir o que faria dali em diante e pela primeira vez Mia e Miguel almejavam coisas muito distintas. Mia queria estudar moda na Europa e pretendia morar na Itália com Miguel. Em Milão ela tinha uma parte de sua família, um lindo apartamento no centro e a vantagem de falar o idioma—sem falar que além de Paris e Nova York, Milão era o centro mundial da alta-costura e das grandes Maisons. Lá ela estaria no epicentro de tudo.

Miguel queria Califórnia, Estados Unidos. Nada tirava da cabeça dele que lá ele poderia estudar, aprofundar-se nos estudos de Finanças e Economia que sempre o interessaram e ainda continuar trilhando o caminho da música. Los Angeles era seu objetivo e agora que ele tinha muito dinheiro na conta devido ao sucesso do RBD, ele queria realizar esse sonhos, mas ele queria realizá-los com Mia.