Capítulo 3

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Alguma coisa de muito errado vem acontecendo. Meu pai tem me tratado com frieza, e sinto que a confiança que depositava em mim já não existe. Ele questiona tudo o que faço na empresa, e em nossa última reunião, com os principais acionistas, ele simplesmente me ignorou.

Ele exige muito mais de mim, e sua aproximação com o meu tio não me passou despercebida. Já estou tão paranoico que até acho que os funcionários do meu setor também estão confabulando contra mim. Eu sei que isso é coisa da minha cabeça.

Quanto ao tio Pablo, esse sim, está planejando algo, ele quer assumir a empresa, tenho certeza, então vem se aproveitando do cansaço do meu pai para dar o bote, ele sabe que saquei qual é a dele, por isso me quer fora do seu caminho, e para isso faz qualquer coisa.

O pior de tudo é que meu pai não confia em minha palavra. Ele prefere acreditar no cunhado.

Vou até a sala do meu pai, e ele se encontra sozinho, lendo alguns papeis. Quando percebe que alguém entrou, levanta a cabeça e ao ver que sou eu noto sua expressão de desgosto.

— O que você quer? Pensei que já tivesse ido embora — aponta e volta a olhar o documento.

Caminho até a cadeira e me sento.

— Não sei se o senhor já percebeu, mas costumo ser um dos últimos a sair — friso, pois papai parece ter esquecido de tudo que fiz pela Conti Aviações.

Ele joga o documento em cima da mesa e volta a me encarar de má vontade.

— Sim, eu sei disso. Mas eu esperava mais de você Caio, essa é a verdade. Como meu filho você deveria dar o exemplo de respeitabilidade, é triste saber que você não valoriza o que tem...

— Eu não valorizo? O senhor só pode estar de brincadeira — respondo e solto uma gargalhada, fria. — Desde jovem venho estudando para me aprimorar, toda a minha vida foi em função desta empresa, pois sempre almejei representar bem o senhor, pai — desabafo.

Meu pai balança a cabeça.

— Sim, você estudou, mas esbanja dinheiro nas suas farras e sempre com uma mulher a tira colo. Até nas revistas de fofocas você é famoso, como o milionário que troca de mulher como troca de roupa, e muitas dessas mulheres são putas que você paga...

Eu me levanto, indignado. Meu coração bate tão forte que tenho a sensação de que vai explodir.

— Eu nunca, em toda a minha vida paguei por sexo — rosno, com a raiva crescente me dominando. — Eu não acredito que o senhor, um homem tão inteligente, possa acreditar nas merdas dessas revistas de fofoca.

Meu pai respira funda.

— Não é questão de ser verdade ou mentira, eu não acredito nessas porcarias, mas as esposas dos acionistas sim. A nossa família, nossos amigos e funcionários.

— Eu não me importo com o que dizem, eu sei a verdade e o senhor deveria perceber que está sendo manipulado pelo tio Pablo — aponto, já não sei o que argumentar com meu pai.

— Acontece, Caio, que as aparências importam para essas pessoas e pare de falar do seu tio. Ele só tem me ajudado.

Passo a mão pelo cabelo e sacudo a cabeça.

— Ajudado... Será que o senhor não percebe o jogo dele? — questiono.

Meu pai se ergue de sua cadeira e bate com as duas mãos em cima da mesa, a força é tanta que alguns papeis voam até o chão.

— Não existe jogo Caio, o que existe é um irresponsável mulherengo que está levando o nome da empresa para a lama, não vou admitir que você acabe com essa empresa, então você tem pouco tempo, meu filho. Ou casa e construa uma família, prove que você mudou... ou continuará onde está hoje, e isso até que eu continue generoso, pois até isso posso tirar de você: o seu cargo — assevera.

Um Casamento para o BilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora