Capítulo 9

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— A senhorita vai autorizar a transferência do seu pai? — Doutor Diego me pergunta, meu paizinho ainda não recobrou a consciência e seu estado tem piorado rapidamente, mordo as unhas enquanto penso.

Eu posso realmente aceitar isso e confiar no Caio de que não terei de casar com ele retribuindo o favor? Depois que meu pai estiver internado no Samaritano não terá mais volta, nunca o deixarão sair sem estar recuperado e cada dia dele internado naquele lugar custará uma dívida hospitalar enorme para mim que nem trabalhando conseguiria pagar nos próximos dez anos.

— Lara? — chama novamente, e eu o encaro.

— Sim, pode transferir — respondo, antes que me arrependa.

Deixo as mãos caírem ao lado do meu corpo. Não importa qual será o desfecho, é a vida do meu pai que está em jogo e ele não terá outra oportunidade como essa.

Eu sou uma idiota que deveria ter aceitado qualquer proposta do Caio, independente das consequências, vou encarar isso de cabeça erguida.

Menos de uma hora depois vem uma enxurrada de informações.

— O Senhor Conti já organizou com o Samaritano o tratamento necessário para o seu pai, que será internado e cuidado dentro do plano do Conti e demais gastos não cobertos pelo plano de saúde, serão pagos através do cartão de crédito que ele deixou. — A mulher que veio representando o hospital me informa.

Ela deve ter uns cinquenta anos, veste um terno de saia na cor azul escuro. Os cabelos presos em um rabo de cavalo elegante no topo da cabeça, a maquiagem bem-feita e as feições acolhedoras. Não duvido que ela deva estar se sentindo no céu por ser a responsável por levar um paciente que necessita de um enorme custo médico em seu tratamento.

— Vimos a possibilidade de transportá-lo de helicóptero...

— Helicóptero? — Fico abismada e sem querer corto que ela diz.

— Sim, seu pai é um paciente VIP e inclui o transporte na nossa UTI aérea, porém, levamos tudo em consideração, e como o hospital Samaritano não possui heliponto, teríamos que pousar em outro edifício e depois o levar de ambulância — explica com paciência. — Entretanto, como Botafogo é um bairro próximo, o levaremos na UTI móvel pelo tráfego menos intenso.

— Certo... — respondo no automático.

Assim, recolho minhas coisas e as do meu pai, enfermeiros o colocam em uma maca e caminhamos até uma área externa do hospital, onde uma ambulância nos aguarda.

Com cuidado, eles colocam meu pai em total segurança dentro do veículo. Lá dentro, eu sento ao lado da moça enquanto os paramédicos monitoram o estado do meu paizinho. A viagem é tranquila e rápida, estou ansiosa e com o estomago revirando, talvez pelo nervosismo.

A única coisa que nubla meus pensamentos é: o que eu terei de dar em troca disso tudo? Não posso ser egoísta e ingrata, o que ele faz pelo meu pai é algo enorme. Caio conseguiu tratamento no melhor hospital e não somente como um paciente normal, mas como um VIP.

Nunca terei como pagar a ele o que será gasto, com o homem que me criou e deu seu sangue e suor para que eu me tornasse quem eu sou hoje, irei dar uma chance ao Caio, jantarei com ele todos os dias e tentarei conhecê-lo melhor.

Só espero não me arrepender dessa decisão. Pego o celular no bolso da calça e envio uma mensagem para o seu número.

"Obrigada por tudo que fez pelo meu pai."

"Amanhã eu te pego as 7h no seu apartamento."

A UTI móvel para na rampa de entrada, eu guardo o aparelho celular, enquanto meu pai é transportado para dentro.

Um Casamento para o BilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora