06 | noivado

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Um mês depois...

A MULHER tinha os olhos fixos no espelho a sua frente, concentrada em sua tarefa árdua em fazer um delineado gatinho. As batidas de God Is A Woman da Ariana Grande soavam pelos alto-falantes de seu celular, ecoando nas quatro paredes do banheiro. 

Era um sábado quente de novembro, e um mês já havia se passado e Charlotte continuava na mesma situação. Estava solteira, desempregada e morando a favor. Já tinha perdido as contas de quantos currículos havia entregado e quantos "não" ou "vamos entrar em contato" havia escutado naquele mês — ninguém entrou em contato, aliás.

Estava ficando desesperada. O seu dinheiro estava chegando ao fim, ao ponto de em troca de ajudar Lindsay com as contas e o aluguel, Charlie estava sendo responsável por fazer o almoço e o jantar delas. Não podia nem ao menos se presentear com um hambúrguer ou chocolate. 

A sua sorte é que o cigarro e a bebida que comprava no mercadinho de esquina no Queens eram baratinhos, se não Charlotte já teria perdido a cabeça e surtado. Lindsay nem sonhava que ela havia voltado a beber de vez, e Charlie preferia manter desse jeito — beber a acalmava, bem mais do que a nicotina. 

Charlie suspirou, sentindo a mão tremer. A sua vida estava um caos. Estava tão atolada na merda que não sabia como e quando seria capaz de sair. A cada dia que passava, Charlotte sentia a corda invisível enrolada em seu pescoço apertar cada vez mais. 

Estava tão desesperada que até pensou em pedir dinheiro emprestado para sua mãe, Qiao Zhang. No entanto, no exato segundo em que o pensamento surgiu, Charlie se puniu. Preferia arrancar um membro de seu corpo a pedir dinheiro para Qiao. 

Um som de porta batendo no corredor atraiu a atenção de Charlotte, que largou o delineador na pia e foi até a porta de entrada. Ela apoiou as mãos na madeira e espiou pelo olho mágico o corredor. Cabelos ruivos surgiram lá fora, fechando a porta do apartamento de Bucky Barnes e segurando uma caixa de transporte para gatos. Era Amelia Griffins, outra vez.

Faziam exatos um mês e três dias que Charlie não via Bucky ou, muito menos, escutava a voz dele pelos corredores — não que ela estava contando ou se importando. Era sempre Amelia. Amelia buscando os gatinhos, Amelia trazendo compras, Amelia chegando de manhã e indo embora a noite. 

A última vez em que viu Bucky foi naquela sexta-feira após visitar Harper no Abrigo, onde se embebedou no sofá do homem. A única, e última, coisa que se lembrava daquele dia era ter tocado — por tempo demais — o braço de metal de Bucky. Após isso, acordou na manhã seguinte em casa, ao lado de Lindsay e com as mesmas roupas. 

Ela fez uma careta e se afastou da porta. Será que ele estava bem? Será que ela tinha passado dos limites naquele dia? Será que Bucky estava a evitando? Perguntas e mais perguntas que rodeavam na sua mente dia e noite. 

✓ Sparks • Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora