𝑺𝑷𝑨𝑹𝑲𝑺.
⸻ Aos 26 anos, a vida de Charlotte Zhang não estava indo conforme havia planejado aos dezesseis anos. Solteira, mãe solo, com um emprego instável, sem família e sem teto. Era um pesadelo acontecendo bem diante de deus olhos.
E...
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Duas semanas depois...
O SOM de seus passos ecoavam pela rua, curiosamente, vazia de Manhattan. Vez ou outra, esbarrava em alguém ou desviava de um grupo de pessoas paradas no meio de seu caminho.
Charlotte Zhang fumava o seu quarto cigarro em menos de uma hora. Ela usava roupas pretas, confortáveis e arrumadas. Embaixo do braço, ela segurava uma pasta lilás cheia de currículos. Estava cansada, com fome e com sede. E extremamente nervosa, já que nas sete lojas que havia deixado seu currículo, não sentiu esperança em conseguir algo.
Ela caminhou até o metrô, jogando a bituca do cigarro no lixo enquanto descia as escadas. Para a sua sorte, o metrô estava esperando, pronto para sair rumo ao Brooklyn em poucos minutos. Ela correu para dentro do transporte e sentou-se em um assento vago, encarando o teto de metal cinza.
Duas semanas se passaram. Duas semanas e não havia recebido nenhuma proposta de emprego. Estava tão desesperada e com medo, que estava seriamente cogitando voltar a trabalhar na Pixel — mesmo que tivesse que aturar Joshua destilando ódio pelos corredores.
A parte boa era que a convivência com Bucky estava indo muito bem. Como o homem havia dito, ele acordava muito cedo e chegava muito tarde. Muitas das vezes os dois não se viam ou se falavam pessoalmente. Vez ou outra, quando a insônia batia, Charlie escutava as chaves girando na fechadura, os passos arrastados, os resmungos e miados ecoando pela sala.
Não queria dizer em voz alta, mas sentia falta de passar um tempo com Bucky. Ela sentia falta dos apelidos ridículos, dos flertes baratos, das piadas sem graça e dos sorrisos safados. Estava começando a gostar de ser chamada de gata ou encrenca, com aquela voz rouca e o sorriso ladino que fazia sua pele arrepiar.
Revirando os olhos, Charlie soltou uma risadinha. Ela batucou os dedos na pasta sobre o seu colo e olhou ao redor, tentando não pensar em Bucky Barnes e a forma que seu corpo reagia a ele.
O seu telefone tocou dentro da bolsa, e ao ver o nome na tela, todo pensamento e sentimento bom evaporou. Era a primeira vez que Samantha Gallagher entrava em contato desde a festa da Pixel. E o corpo de Charlie gelou completamente.
— Oi? — disse ao atender a ligação.
— Tudo bem, Charlie? — Samantha disse, a sua voz parecia calma.
— Hm... Tudo. E você?
Samantha suspirou, enviando uma onda de arrepios para o corpo de Charlie. É. Algo definitivamente não estava bem.
— Ai, querida... Tenho uma péssima notícia — começou. — Não encontrei um advogado que aceitasse pegar o seu caso por um preço bacana. Mas, a notícia boa é que estou conversando com o juiz e o pessoal do júri sobre a Harper. Acho que estou conseguindo seduzi-los a aceitar o acordo antigo... Mas, infelizmente, pra ser certo o advogado seria essencial, Charlie.
