Capítulo 23 : Tremores do Passado

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Os únicos sons entre eles eram o leve barulho de talheres e o bater de seus pés enquanto caminhavam em direção ao escritório de Erwin. Eren não estava olhando para ele, seu olhar fixo apenas o suficiente sobre a borda de sua bandeja para que Levi estivesse satisfeito por não tropeçar em seus próprios pés e cair para frente, mas seus olhos estavam distantes e nebulosos. O olhar em seu rosto que não estaria fora de lugar em qualquer batedor veterano que sobreviveu à destruição de seu esquadrão, repetidamente.

Não caiu bem com ele.

Levi não tinha certeza de por que isso o incomodava tanto agora, embora suspeitasse que encontrar o garoto se sacudindo no chão naquela hora ímpia da manhã tinha uma boa influência em seus nervos. Ele provavelmente deveria ter insistido em uma visita à enfermaria e arrastado para lá se ele não quisesse obedecer, mas recuou. Raciocinando que, se Eren disse que estava bem, provavelmente estava. Afinal, o garoto era um Titã.

Um Titã, mas não um monstro.

Os monstros não se entregavam à miséria por medo de ferir os outros.

E os lobos, Levi sabia, não eram nem de perto tão cruéis quanto pareciam ser. Sabia por experiência porque, apesar de ter tolerado Erwin amordaçando-o, ele próprio era um.

Foi por isso?

Tinha que haver algum motivo, além dos malditos flashes, para que ele sentisse tão fortemente que esse garoto que ele não conhecia e que ele sabia que poderia se transformar em um titã e poderia muito bem ter comido pessoas deveria ser protegido a todo custo.

Foi por causa dela?

Ele ainda conseguia se lembrar dos olhos de Isabel tão claramente, mesmo depois de todos esses anos. Eles não eram da mesma cor que os de Eren, mais de um verde floresta, mais perto das capas que usavam, do que quase azul-petróleo do soldado ao lado dele. Mas ele ainda a via no olhar brilhante, esperançoso e raivoso do menino que Eren tinha sido naquela outra vida. Antes que o mundo o tivesse quebrado.

"Você viu aquela coisa?"

O som de sua voz conseguiu penetrar nos pensamentos de seu companheiro e Eren olhou para ele. "Aquela coisa?"

"O Titã. Em Trost." Ele disse. “ Fenrir.”

Eren balançou a cabeça, seu longo cabelo espalhando-se descontroladamente ao seu redor. "Não senhor. Acho que provavelmente fui o único que não o fez, mas estava no chão na hora. Um Titã pegou meus fios." Ele disse. “Eu provavelmente teria morrido por ser arrogante e estúpido se seu grito não tivesse feito aquele Titã ir embora.”

"Então é por isso que você estava agindo como se estivesse com dor." Ele disse. “Você tratou as pessoas assim? Sua coluna poderia ter sido quebrada, seu merda estúpido."

“Marco precisava de ajuda e ninguém mais estava disponível.”

“E ajudar seus companheiros soldados é admirável, mas não ao custo potencial de seu próprio bem-estar.” Ele disse. “Fora do calor da batalha, quero que você priorize seus próprios ferimentos. Se isso significa sentar e instruir alguém sobre como tratar alguém, você faz isso.”

"Isso é uma ordem, senhor?"

Levi estreitou os olhos. "Preciso fazer um, pirralho?"

Eren sorriu, apertado nas bordas, e balançou a cabeça. “Não, capitão Levi. Eu entendo."

"Bom, porque se eu pegar você fazendo o contrário, vou fazer você correr até que a única coisa que você possa mover sejam seus olhos." Desta vez, não havia rigidez no sorriso de Eren. “Você parece um cão pastor com o cabelo caindo no rosto assim. O que aconteceu com amarrá-lo?"

𝔽𝔼ℕℝ𝕀ℝ (Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora