A Assassina Dorme ao Lado (Wenclair)

Capítulo 17 - "A confiança pode Matar"

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A minha mente virava e revirava depois daquela conversa com a minha mãe. Pareceu que complicou ainda mais a minha cabeça em relação em ter confiança em Enid, eu sei que ela jurou que nunca iria fazer uma coisas dessas comigo, mas minha mãe estava certa, o inimigo pode ser qualquer um.

Chego em Nevermore e vou direto para o quarto, Enid estava em momento de aula então ficou mais fácil pra mim. Começo a procurar qualquer coisa em suas gavetas e até de baixo da cama, nada, não tinha nada que comprovasse a teoria da minha mãe.

-Wednesday, o que está fazendo?- Volto meus pensamentos assim que escuto a voz de Enid.

-oi.. não tinha escutado você entrando.. eu tava procurando um papel que caiu- Eita porra, até parece que não sei mentir.

-ah, então, onde você foi?- Um alívio surgiu quando ela não se importou e nem fez perguntas demais.

-eu já disse que só fui visitar uma pessoa-

Naquele momento eu não queria falar o que eu conversei com a minha mãe, uma pequena insegurança ainda martelava a minha mente. Eu quero acreditar que Enid não me entregaria.

-oii Wednesday, acorda- Enid estalava os dedos na minha frente.

-o que é?-

-é sério que você não vai me contar onde foi ou com quem falou?-

-não me lembro de ter casado com você-

-olha, eu sei, mas a gente já tá a um tempo ficando e-

-Enid, a gente só transou uma vez, não tenho a necessidade e nem a obrigação de falar o que eu tenho feito como se fossemos um casal- Basicamente cuspi as palavras, mas nem eu sabia se eram verdadeiras.

Ela olhou pra baixo tentando disfarçar a tristeza em seus olhos, se eu falasse sério mesmo não teria usado essas palavras simples.

-tá bom, já entendi, você ainda não confia em mim não é-

Bingo!

-como eu disse, não somos um casal. Só o que temos é uma parceria, e você ainda não me ajudou em nada enquanto temos que achar quem está me chantageando- Ela coçou a cabeça desconsertada, escuto um 'tá bom' baixo e saiu do quarto me deixando sozinha novamente.

Você deve está pensando que foi burrice afastar Enid enquanto ainda tenho dúvida se ela pode estar traindo minha confiança, mas não, se o número desconhecido me mandar uma mensagem mais arriscada, vou saber exatamente que tipo de raiva vou estar lidando, o sentimento.

As horas se passavam e nada acontecia, nenhuma mensagem ou dica. É, eu estava perdida, eu não poderia ser pega alí, eu não poderia falhar comigo mesma. Eu só estou fazendo um favor a humanidade e esse desgraçado vem me chantagear? Que idiota.

Pensei em tirar esse meu estresse fazendo o que faço de melhor, mas com esse maldito "stalker" ele poderia estar muito bem me observando.

-você já conversou com as suas amiguinhas?- Interrompo os meus próprios pensamentos questionando Enid que acabou de entrar no quarto.

-oi pra você também-

-responde logo-

-conversou sobre o que exatamente?-

-sobre um suposto "alguém" que está matando estupradores no meio da floresta-

-Tem alguém matando no meio da floresta??- Puta que pariu que menina burra.

-é a gente que tá matando sua animal- Escutei um "ah" bem longo como se tivesse sacado o que eu tinha dito.

-na verdade eu nunca toquei no assunto, até porque eu não queria falar algo suspeito-

-meu deus Enid, ninguém ia suspeitar de você-

Ela me olhou e deu um sorriso meio triste, eu entendi esse olhar, ela gostaria de levar os créditos pelo menos uma vez. Pode parecer egoísta, mas quando você faz uma coisa que gosta, você tem o direito de ter uma autoestima elevada.

-ou.. mas depois se alguém souber o que você faz seria um belo plot twist na história da Nevermore- Elevei o seu ego e sorri um pouco para lhe passar alguma confiança, ela sorriu de volta, ainda bem.

-será que alguém ia pensar assim de mim?-

-acho que todos ficariam surpresos com o que você esconde na sua mente obscura- Nunca vi alguém sorrindo depois de praticamente ser chamado de assassino. E olha, que sorriso lindo ela tem. A minha mente me lembra que não posso mais aprofundar o que era pra ser uma possível relação.

Balanço a cabeça tentando desfazer que minha mente pense em Enid, mas é quase impossível já que ela fica me olhando de cima a baixo esperando algo que eu não quero fazer.

-no que tá pensando?-

Não respondo nada, apenas fico olhando de volta para ela pensando em como não ter algum sentimento por ela, mas não posso me enganar.

Eu tenho.

Volto a sentar na minha cadeira e tento pensar em qualquer outro assunto.

-vai me responder ou não cabe a nossa parceria?- Ri um pouco daquilo, talvez não fosse justo ficar sem falar com ela sobre os meus planos. Mais uma vez não falei nada, gostaria de lhe contar o que está passando pela minha cabeça, mas não faço ideia do que lhe falar.

Vejo ela vindo até mim com passos lentos e me olhando nos olhos. Ela passa sua perna em cima da minha e vejo ela sentar no meu colo. Ficamos alí, trocando olhares rápidos que se intercalavam entre nossos lábios.

Não existia um desespero por nós duas, era calmo e parecia que tínhamos todo o tempo do mundo. Ela começou beijando o meu pescoço e dando mordidas de leve, nisso eu já estava de olhos fechados sentindo tudo.

Os nossos lábios se encontraram, e naquele momento os problemas se foram, era só eu e Enid naquele quarto, e a sensação de estar com ela mesmo passando por aquela situação me aliviava.

Percebi que não resistia aos seus lábios, o seu toque, o corpo de Enid, eu me sentia fraca mas não inferior.

-eu confio em você Wednesday- Ela para o beijo e ouço ela falar isso no meu ouvido, mas mas

-eu não posso- Sussurro de volta com um aperto no coração, não sabia que falar uma mentira doía tanto assim.

Eu esperava uma reação caótica e barulhenta como sempre fazíamos, mas tudo o que recebi de volta foi um beijo, como se fosse um

-eu entendo, tá tudo bem. E eu sinto muito que não possa confiar em mim, mas saiba que eu nunca faria algo pra te prejudicar Wednesday- Ela me falou séria, suas palavras foram duras e direta, não gosto de mudar minhas palavras depois de ditas, talvez depois que eu tirar a minha dúvida por completo.

-obrigada Enid- Disse apenas isso, mas eu queria poder ter total confiança nas pessoas e principalmente nela.