Capítulo 34

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'-Até agora o departamento da polícia de Vermont está investigando o caso de um assassinato brutal que ocorreu nas redondezas da cidade onde um agente da polícia foi morto e esquartejado. O xerife Donanvan Galpin deu entrevista alegando luto pelo colega de trabalho por três dias, mas afirmando também que as investigações vão ser intensificadas tanto no caso do agente como no caso do aluno desaparecido Xavier de Nevermore. Essas foram as atualizações do dia Michael– -obrigado Amber, mais notícias vocês podem acessar–'

Desligo a TV o mais rápido que posso. Um policial, a merda de um maldito policial, como que eu não.. não, não tinha como eu adivinhar, esses pedófilos são todos iguais.

Enquanto caminhava para fora da sala de recreação, escuto alguns alunos reclamando atrás de mim porque eles estavam assistindo, mas fodase, apenas continuei andando.

Eu tinha que descobrir toda a merda que estávamos fazendo. Ninguém tinha controle de nada, e eu sinto que não estou no controle de toda a situação.

—precisamos conversar, agora— Encontro Enid sozinha no pátio da escola onde o mesmo se encontrava vazio, óbvio, todos estavam atentos a notícia de um abusador que foi morto.

—o que você quer?— Enid me pergunta sem olhar pra mim, ela estava mais focada em desenhar algo imaginário com os pés.

—acho que você matou a pessoa errada Enid— Digo em um tom sério para que ela entenda a gravidade da situação. Ela finalmente me olha e aponta para que eu sente ao seu lado.

—até agora tudo o que eu fiz com esses arrombados tá errado, até pra você né—

—você matou um policial— Falo assim que ela terminou de falar, vejo sua expressão mudar rapidamente de confiante a confusão e medo.

—puta que pariu eles vão me pegar—

—ninguém vai te pegar Enid, já te falei isso mil vezes— A algumas noites acordada, eu finalmente entendia, a insegurança da Enid me dava insegurança nela, não era como se ela me passasse isso naturalmente, ela fazia isso acontecer.

—hein, o que vamos fazer?— Enid balançava a mão na minha frente me perguntando algo que eu talvez nem tenha a resposta.

—vamos ter que... conversar abertamente sobre isso— Escuto Enid me dando uma risada irônica.

—acho que já passamos dessa fase, várias vezes não se lembra?—

—é isso ou cada um por si— Ela não ia ficar sozinha em uma situação dessas, ela não iria aguentar. Vejo ela olhar para o lado e suspirar alto.

—tá, então a gente vai fazer uma sessão de terapia enquanto tão caçando a gente?—

—vai ser coisa rápida, a intenção é descobrir o que está errado.. com tudo—

Fora do quarto e fora da escola, caminhávamos soltas pela floresta na direção oposta da casa. Não queria interrupções da minha própria mente no momento.

Uma hora ou outra Enid perguntava novamente as mesmas coisas "como vamos nos livrar dos policiais" ou "vamos continuar matando então", por mim, qualquer um que aparecer na minha frente morre, mas não vou botar isso na cabeça de Enid, ela já bem paranóica com tudo isso.

—e então, o que você quer saber?— Enid sem tirar os olhos da floresta me pergunta, e eu sei que seria inútil voltar com a questão das caixas que ela escondeu, ela me falaria a verdade, eu acho..

—por que você acha que não confiamos uma na outra?— Até eu fiquei surpresa com a minha própria pergunta, esperava ser menos... sincera.

—éééé, acho que queríamos ser melhor do que a outra. Não fazíamos ideia do queríamos, mas forçando a tentativa mesmo assim—

Eu sei que uma boa parceria só acontece se ambos forem sinceros um com o outro, e sim, eu só sei disso na teoria. Isso aqui foi uma experiência pra se viver uma vez mesmo.

—não deveríamos ter misturado as duas coias— Enid para de caminhar e me olha sem entender.

—trabalho e sentimentos— Me viro completamente para olhá-la e lhe encaro. Vendo ela, sinto meu coração acelerar. Eu sinto muito.

—você disse que não viríamos mais pra cá— Enid volta a sua atenção para algo atrás de mim. Me viro para ver o que ela estava apontando e... não é possível.

—como chegamos até aqui?— Incrédula, faço a pergunta e caminho até perto dela, perto da casa.

Eu tinha certeza de que fizemos o caminho oposto quando saímos da escola, que merda tá acontecendo aqui.

—você nos trouxe aqui?— Aponto para Enid lhe acusando.

—o que? Eu só segui você, e por que eu traria a gente aqui de novo— Me sinto perdida, quase enlouquecendo, é eu não estava no controle da situação.

Minha curiosidade volta a atiçar quando olho para a casa. Não resisto e entro de volta a ela.

Enid sem reclamar entra logo atrás de mim onde analisamos cada detalhe, está tudo do mesmo jeito desde a última vez que vim. No andar de cima, ultrapasso as escadas pois vejo um rastro no meio da poeira, sigo até onde ia e paramos em um quarto.

Um quarto onde se consideraria feminino, paredes amarelas meio acabadas, um guarda roupa marrom antigo, uma cama de solteiro meio pequena e...

—tá sentindo esse cheiro?— No mínimo, era de decomposição ou o início dela.

Começo a procurar de onde o odor vinha, olho para Enid querendo ajuda dela mas ela estava parada na porta do quarto, com um olhar sério direcionado a cama. De sua boca que estava entreaberta, saliva saia, quase como um cão que acabou de ver comida.

Vou em direção a cama e coloco força para arrastá-la e surpresa, caixas e mais caixas que eu nem preciso abrir pra descobrir o que era.

—você disse que não sabia onde estavam. Por que mentiu de novo Enid— Falo entre os dentes olhando em seus olhos.

—ela não mentiu— Escutar aquilo não foi nada confortável, mais uma vez comprovando que Enid carregava alguém dentro dela.

Olho para as caixas de volta e penso rapidamente em destruí-las, poderia ser um erro total, não sei o que Enid ou a coisa que estava dentro dela faria.

ase ase ake a

ase ase ake a

Nota da Autorª

O último capítulo sai em Primeiro (1º) de junho, quinta feira. 

Até lá, bjs.

A Assassina Dorme ao Lado (Wenclair)Onde histórias criam vida. Descubra agora